VIAGEM (CRÔNICA)
Talvez seja o efeito da cafeína acumulada dos tantos cafés que já tomei hoje. Quem sabe dos resquícios do malte dos whisky´s que bebi ontem. Quem sabe da cevada das cervejas de antes de ontem. Ou ainda das viagens no sabor dos beijos, do calor dos abraços, das carícias e dos afagos que tenho vivido; já não sei direito. Sei somente que tenho uma vontade louca, desvairada e quase impossível de adentrar no coração e na mente de um poeta, pegar carona nas suas viagens, na sua inspiração, percorrer as imagens que se fazem na sua criação, só para desvendar os segredos dos seus inventos e assim poder enxergar com seus olhos, sentir com seu coração, perceber com sua intuição, todas as suas emoções.
Tenho esse desejo louco e torto de entender a estratégia logística das viagens de um poeta. Como ele viaja, se decide onde aporta, ou onde aterriza; se suas viagens são programadas, com roteiro previsto, ou apenas monta na garupa do destino e chega onde o tempo por si só decide. Queria saber se os sonhos e lembranças dos poetas têm asas, o tamanho delas e se são impulsionadas ou não por turbinas supersônicas que ultrapassam a velocidade da luz ou pensamentos, travestidos de sonhos.
Tenho um desejo quase febril de um dia me esconder sorrateiramente no porão da imaginação de um poeta e sem querer saber seu destino, ficar espreitando suas manobras, suas idas e vindas, pelos mares dos desejos contidos nos seus poemas, no céu salpicado de sonhos e lembranças dos seus devaneios, nas profundezas das trevas por aonde vai descarregando seu infortúnio ou mesmo pelas noites horrendas de escuridão e tempestades por onde vagueiam seus medos.
Um dia ainda vou vaporizar e me infiltrar na sua bebida e assim – quem sabe – eu consiga me inebriar e disfarçadamente consigo viajar, como se fosse o próprio e ai sim saberia de tudo e contaria a todos plagiando todos os seus versos.
EACOELHO
SONHO FINDO Perdoa-me, devo ir É chegada a hora de partir É o fim, o sonho findou Agora acordada, sigo e me vou... Para longe dos teus olhos Onde não vejas minha dor Onde não te doam meus desgostos Para que acredites que não fora amor E não fora então! Não como o deveria ser Fora apenas ardente paixão Porque assim nos cabia arder Queimamos... restaram as cinzas As sopro... voam... neblina A embaçar os olhos, ou são lágrimas? Gotas cristalinas que molham estas páginas Onde escrevo o nosso fim E verso a dizer-te adeus Este é o ensejo, que seja assim Vou-me... sem olhar nos olhos teus. Viviane Ramos

PARA GANHAR UM SORRISO TEU
Te trouxe ligeiro
uma carruagem de mesuras,
uma revoada de brisa,
um jardim inteiro,
de orquídeas afrodisíacas,
tela de Monalisa,
cerejas de pura doçura,
versos brancos, meigos.
porcelanas preciosas,
valiosos cristais,
rosas cheirosas,
poemas de vitrais.
beijos raros,
carinhos recentes,
colo, perfumes,
toques ávidos,
presença presente,
aromados vaga-lumes,
uma ária de Mozart,
um canto gregoriano,
trovas medievais,
baralho cigano,
bordados orientais.
para ter um sorriso,
da mulher tão amada,
faço isso e aquilo,,
toda carícia almejada!
[gustavo drummond]

Tolerância
Jogo minha tolerância num velho poço,
De águas profundas, um poço escuro.
Já gastei meus gritos, meus protestos,
Minha boca ferida sangrou.
E minha tolerância vou esquecer, retirar da memória,
Vou deixá-la reclamar, perturbar, chorar,
Dentro do poço, vai ficar escondida na escuridão,
Meus gritos vazios vão ser ecos silenciosos.
E a marcha dos meus pés gastos caminhará,
Nas areias do tempo sem tolerância,
No meu protesto, minha bandeira balança,
Balança no vento do oriente.
(Rod.Arcadia)

Vejo as labaredas
Sinto as labaredas de um fogo de línguas
Chamuscando as paredes da minha calma
Alma em devaneio, labirinto
Pele em vulto quente, flamejante
Construções medievais em janelas distantes
Fazem revoar as cortinas de meu ser
Teus caminhos brandos tão distantes...
Fechando meus olhos, posso ver
E o vento quente que te toca
Traz a mim teu cheiro ao alvorecer
Enquanto teus pensamentos rodopiam
Os meus anseiam por te ter
Mesmo vendo assim, tão perto um firmamento
Repleto de estrelas de você
Sinto que há mais por dentre linhas
Sinto escrito em azul, meu bem querer
Sensações, razões que me anunciam
Abertos os portais de um novo amor
Cupido dá risada de alegria
Meu coração palpita de temor
Estradas, longas horas, companhia...
Relógios tão repletos de saudades
E a poesia escreve em linha clara
O olhar apaixonado em noite rara
Faminta de teus sons de colibri
Papel, branco e tão puro comunica
Poetisa escreve por linhas tortas
O amor contido em um suspiro...
Ao te ver...
Dentro dessas labaredas
Neste bem querer.
Márcia Poesia de Sá

MINHA MEDIDA
Retomei o meu domínio
Galgo os passos do meu dia
Hoje sou meu próprio abrigo
A lágrima não inunda minha vida
Determinada, sigo avante
Sem tornar ao ponto de partida
Mantenho a falsa paz constante
Sem me deixar estar combalida
Aprendi as regras do jogo sujo
Já não me importa a medida
Do sangue que é o custo
Para recriar-me, destemida
Recrio-me do sangue inocente, meu!
Retiro entranhas pela ferida
Mas a dor quem me causa, sou eu
E não mais tua mão erguida.
Viviane Ramos

MÁRCIA POESIA DE SÁ
M-aravilhe este mundo com os versos seus,
A-rranque da alma, os arpejos mais inspirados,
R-evoada de lirícas poesias, benditas por Deus.
C-olorindo a vida com tintas mágicas, tons criados,
I-ncendeie com rimas , em labaredas, este país,
A-ssuma a direção, imponha o ritmo, dite o compasso.
P-olvilhe com adjetivos sútis, esta encantada dádiva.
O-rvalhe docemente, estas meticulosas metáforas febris.
E-spalhe esta alegria interior, dê-lhe asas, deixe-a voar
S-ingre todos mares, desafie procelas; poeta em plenitude.
I-nstigue, provoque; com seu íntimo enfoque, aroma natural.
A-rome esta vida com trovas de trevos; tantas folhas vírgens.
D-ivinamente flui seus poemas, passáros soltos, livres, lindos.
E-xagere nas metafóras, abuse do contra-senso, seja voce só.
S-erá mais , maior, elevada, amada; na morada dos deuses-poetas,
A-rejando, fluindo, encantando; diva dos versos belos; linda esteta!
Gustavo Drummond
É A LUZ NA POESIAA luz na poesia de repenteComeçou a estrelecer, a brilharNum piscar constanteComemorando a versarRaquel sempre pronta e contenteA Michelle, a Anorkinda, o RuiAté o Pedro se pôs a empenharMárcia grita: Estou aqui, amores!Viviane com seu jeitinhoColoca cor de rosa em tudoArcádia, romântico por natureza.Marlene é da poesia, o mundoAndré com seu jeito meninoUdine, Senhor dos versosTodos os poetas da PequenosDa poesia faz um universo.Uma maratona, eis a ideiahomenagear a poesia é fundamentalUnder também veio colaborarJuntamente com MarçalDurante toda a semanaRevesando a inspiraçãoAmélia, Mazéh e Janeteversaram com o coraçãoAnlub, bom camaradaMavie, muito tímidaTrouxeram suas rimasE Gustavo, poesia da vidaAté mesmo IsaíasColaborou bonitoAnderlo largou o silêncioNo movimento atrevidoJuleni e AlexandreTambém ajudaramA deixar tudo caprichadoAgradecemos a todos que versaram!Marlene Nassa, Raquel Ordones e Anorkinda

O sol da janela
A madrugada se espreguiça
E por entre folhas posso ver...
Ele chegando junto a brisa
Embelezando meu viver...
Aquecendo cada ninho
Fazendo as cores florescer
Revigorando as ternas águas
Beijando as flores, posso ver
Aquece também meu peito...
Em um dourado encantador...
E enquanto eu medito
Ele me dá bom dia!
Debruçado risonho
Na janela com alegria
Todos os dias, ele vem...
Calmo, manso, lindo e loiro
Sol de tantas viagens
Planetas, mundos vindouros
Mas da terra não esquece
Ele ama este lugar
Adora fazer piruetas
E nas nuvens, brincar
Esconde, esconde de festa
Escuto ele gargalhar
Mas no final da tarde, exausto
Volta a relaxar...
Arrodeando minha casa...
E em outra janela aparece...
Para boa noite, me dar.
Márcia Poesia de Sá
Por que somos poetas?
Porque é preciso mostrar
que o céu é azul...
mas de um azul intenso
ou de um azul zangado
até de um azul cinzento
ou de um azul iluminado...
Porque é preciso dizer
que a floresta é bela...
mas de uma beleza extrema
ou de uma beleza selvagem
até de uma beleza amena
ou mesmo uma beleza coragem...
Por que somos poetas?
Porque não há melhor maneira...
de dizer bem sutilmente
o que é tão descarado.
Ou dizer enfatizando
o que está bem escondido...
De mostrar que
como as cores,
as emoções têm nuances
E como o universo-homem
é por elas afetado...
E que o perfume das flores,
num poema, bem descrito,
quase pode ser sentido
e, por vezes, ser tocado...
E o amor, assim falado,
colocado num poema,
é amor que vale a pena.
Por que somos poetas?
Porque o universo-homem
Necessita ser amado.
Arabela Morais
Palpitações de Um Coração
Carente coração reclama,
Foge de mim carência maldosa,
Enlaça seu laço naquele que te chama.
Segue seu rumo carência desvairada,
Palpitações de um coração apaixonado,
Aqui em mim foge em queda e derrabada.
E segue seu curso, rio abaixo,
Abandona-me deixa-me aqui sem dona,
Pra descarregar carência em luxo.
Palpitações de um coração,
Um bate, bate emocionado,
Toca bem baixinho essa canção,
Leva embora esse amor apaixonado.
(Rod.Arcadia)
Mulher idealSeria a perfeição de um idealOu o ideal de uma perfeiçãoEssa mulher sensacionalA quem nos dá amor e atençãoQuem seria essa mulher afinal?Seria a Amélia muito faladaOu a Eva a quem foi o inicialSeja Amélia ou Eva serás amadaO ideal, esta em tudo que fazemosPela qual sonhamos um dia terAmar, namorar e de fato queremosQue ao idealizar não basta quererSimples assim... Mulher ate temosMas quantidade não é bel prazer!André Fernandes