PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!

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O POETA E A PAREDEContinuarei aquiFalando com a paredeSei que a parede tem ouvidosMas não bebe comigoJá vi poemas inteirosNa parede em brancoUma parede em brancoParece um universo não criadoMas vejo Big Bangs por todos os ladosVejo a parede e a aparênciaVejo religião, filosofia e ciênciaE é nesta ordem, paciênciaVejo a parede, paradaVejo muita coisaOnde muitos veem nadaNinguem vê a parida da paredeA porrada de parêntesisA pirraça da poética, parrudaPara muitos é só parede, não mudaA tinta que a parede pinta, despontaContanto que o poeta sintaQue por trás dessa mistura, duraExiste muito mais do que pinturaE todos morrem perguntando:Onde é que tem história nisso tudo? Onde?É que a parede tem ouvidos mas não fala, escondeE só o poeta ouve...e responde.(LCPVALLE-30/01/09)
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Na palma da mão
Nos palmos da vida milímetros de tinta
Que a tela maior, fez a obra findar
Rasteiros desertos, carcomidas ceias
Terreiros de barro, amantes sem lume
A lua se cala, o mar evapora
A poesia chora, pedaços de mim...
O amor dita a hora
Caminhantes para fora
Negando a ausência, morrendo assim.
Nos palmos da vida, pedaços de mim.
A palma aberta...
Fumaça de cores, do fogo, os amores
Que queimaram sem fim
Pingando fumaça, embaçando a vidraça
Matando sem pena
O amor que teci...
Se for brincadeira, tiraram a cadeira
E na roda da vida,
Caímos sem fim.
Márcia Poesia de Sá

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Força estranhaque invade as entranhasestado de ânimo perturbadorsequer sem saber o motivodessa angústia tamanhano auge da agonianum ato reveladorexplode peito num frenesiem busca da poesia...Eliane Thomas

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A Primeira VezNesta noite, anseio me perder.Embriago-me de vinho e paixão.Não pretendo hesitar, nem conterO renitente desejo do meu coração.A mão impertinente se conduzPor um caminho impróprio.A cálida boca seduzDitando suas regras ao corpo.O corpo estupidamente resistePor segundos... imanente persisteE teima ainda em relutarA mão pega a caneta arrediaTernamente rasga a nudez da folha friaE se atreve a sonetar.Viviane Ramos
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Sempre-vivasQuando eu morrerum diaNão serei hóspede das minhas lembranças...Sem precisar da minha matérialapidarei meu espírito bruto em sempre-vivasPara ressurgir em outro corpo , em outro viver .Ana Maria

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Bandeja da Lua
É ainda auroraO sol nem colaboraEm tingir a floraMas já balbucio seu nomeJá me devora essa fomeSua sombra me consomeSua imagem que não someSe rei, viro um insetoDe monarca a sem tetoA marginal, de prediletoAncião, a vez de fetoJóia, a torpe objetoE assim digiro o diaAtrás de vã alvenariaEngaiolando a utopiaE ela nem desconfiaE o céu se "apreteja"A lua oferece na bandejaUm órgão cor de cerejaTarcisio Mendes
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OpteBebe; sorve todo meu venenoEmbriaga de vez a tua almaToma-me; num só goleTenha a soberana coragemouNegue; diga-me um não plenoAfaga teu ego com calmaCobra-me; num só tiroTenha uma digna vitóriaAnorkinda

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BOLEROA névoa bailasobre o espelho d'águaenquanto as nuvens passamsobre a pista de dançae os pássaros canorosbrincam com suas asascomo se fossem criançasAs flores e as florestasdespertam com a chuvae a cachoeira se enchede puras águas friassaltando no compassopara o palco da lagoaonde um coral de bolhasentoa linda sinfoniaColibris entre os hibiscospequenos saguis de olhos grandese sons estranhos entre os bambusfestejam a natureza ricacom simplicidade divina...A libélula sobre a folha de capima orquídea, no tronco, agarradaas araras nas clareirasos tucanos e maritacaspasseando em alegre revoadano salão azul do palácio celestialcelebram a vida, o dom, o infinitoassim como eu, ouvindo um bolero de Ravelcompus mais um poema, orei com poesia...Janete do Carmo
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DEIXE-ME FALAR DE AMOR
D eixe-me falar de amor
E nquanto puder ler teu nome
I luminando as placas do meu coração.
X amânico, hispânico ou em que idioma for
E starei sempre lendo a palma da sua mão.
M eu amor por você é sincero
E spalhando sementes e colhendo no eterno.
F olhas ao vento sopram o perfume das flores
A tenta, espero com sofreguidão
L utando contra todas as dores
A umentando meu amor, minha paixão
R iscando do meu caderno o amor de outros amores.
D oando a minha essência em carinho
E spero refugiar-me em seu ninho.
A braços ternos, eternos, fraternos
M esclados de pura e intensa emoção
O uvem como o som dos passarinhos
R isos espalhados na canção.
May May

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EclipseQuando o sol desapareceE a lua fica enciumadaEla se passa para frenteSe mostrando assim apagadaUm mistério então se mostraA beleza da imensidão flagradaSeres vivendo na terra...E tantas grandezas aladasO universo giganteAlém de nossa via lácteaObserva atentoA dança deste duetoQuinta grandeza de brilhoFazendo-se nulo num espelhoE os povos do passadoA este fato, temiamAcreditavam serem sinaisPortais de Deuses sublimesA humanidade reconheceAs energias da luzO mar a ela, não se faz de rogadoSobe suas águas cristalinasReverenciando este bailadoMárcia Poesia de Sá
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Gravíssima LatenteCaduca poesia grandeva,devias me ter fatigado.Não que cansar-me não deva,mas seja um cansar pelejado.Gravíssima poesia latente,estende, na folha, seus braços,eivada de inumos dormentese sóbrios, e duros como aços.Tratada de tantos trabalhosdo metro, do ritmo e rimaque ouso dizer-te, os teus bardossão feitos de forças e limas.Brandíssima e casta poesiaornada de intentos versados,se vens, fica a alma vazia...Mas cheia de enleios e afagos.A.R.S.
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Via láctea de fãOra! Via láctea nem mais meu prantoMeu choro surgindo a ti em estrelasOra! Bondoso céu de elevado encantoDas cantigas de grilo ao ouvir-te delasOra! Enegrecido tom em fria auroraFaz se o levanto das minhas lirasOuvis meu pranto já chegou à horaMorreis no manto, que a mim atirasOra! Singelo e triste canto que talMorreste no infinito perto do criadorAbóboda celeste... Tu és sensacional!Ora! Sensação que o corpo sem dorVestido pelo espaço já nem é recitalViveu o tudo... Que a vida foi amorAndré Fernandes

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VENTO E AREIAA dona da ondaMuda a duna.Sem dano... nada!A vaga, devagarNavega o desertoDecerto, em vogaGrava o mar na areia!Janete do Carmo
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Raio Cristal!.E os cristais fazem a festa,atraem e ampliam energias.E a Natureza se veste em cores,banha-se em rios que transbordam,muda a direção que o homem havia dado,e com a força cristalina, como um Nilo,recobre as encostas com humus.E o homem de energia desqualificada,boquiaberto assiste ao desequilibriode si próprio, e de suas inertes soluções.Reluzem grandes cristais e as linhas de LEY,aos poucos vão retomando sua jornada,terrena, intraterrena e omniversal.As sementes, lançadas ao solo, germinaram.A Luz manifesta-se em todo o seu esplendor,Agora em mãos treinadas para seguir...Em mãos de grande amor por Todos e Tudo,Deus Pai/Mãe em energia manifestada!godila fernandes
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MEUS CÁLCULOSFaço cálculos milimétricosEstudo objetosTentando controlarO rumo incertoQue a vida tende a traçarDá para isolar o abjetoQuadriqualizar o obsoletoE recomeçar?Viviane Ramos
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Caminhos sem tempo....Caminhos amplos,vastidão na paisagem,o coração desritmado,e a saudades na viagem.Mudo o rumo do pensar,encontro telas no olhar,trago o peito dolorido,do amor quase perdido.Mundos que descriminam,poderosas armas letais,curas mirabolantes,de alguma forma fatais.A estrada descortina meu mundo,colorido, amplo, feliz, amado,Desdobra-se em velozes pensamentos,rouba a segurança da surpresa.Como um ninho sobre frondosa árvore,sou pássaro de muitos filhotes,Trazendo no peito a vitória,de uma trilha cheia de amor.Moro num mundo sem tempo,num tempo bastante diferente,de um plano divinal de evolução,sou raça azul na chispa que corta o vasto...godila fernandes
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NOSSO CASO, MEU OCASO
N osso caso começou
O utro dia como amigos
S e deu certo, continuou?
S e acaso o céu brilhou?
O uvirei os seus sentidos.
C omo um pássaro no ar
A travessando o infinito
S erá que ouso sonhar
O u é apenas um grito?
M as a resposta almejada
E nfim pode revelar.
O que o poeta procurava?
U m alguém pra ele amar.
O perando em sintonia
C omo acordes, um solfejo
A lço a voz em harmonia
S e realizará o desejo do poeta com a poesia
O rnamentando o ensejo.
Mary May

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Essa luzQue nasce expande e irradiaInebria...Esse amorQue cresce, prolifera, aqueceExtasia...Essa vidaQue segue, retorna e segueEnsina...Este perdãoQue implora, pede, é dado...Alegria!Este mundoQue gira, e gira, vai pararNum segundo!Quando o homemQue morre, morre, morreRenascerá..E essa luzQue até parece apagar...Explodirá!Em raios de amorPor sobre todaA humanidade.Márcia Poesia de Sá
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SONETO DA ESCOLHASe hoje eu pudesse decidire escolher o bem como finalQuem sabe poderia definire acabar de vez com todo o mal.Talvez, então, pudesse distinguira irrealidade do realA estrada poderia prosseguirnum sentimento puro e leal.O fim de uma guerra é atitudeA mente se define em plenitudeO início finaliza o que é fatal.A vida se mostrando um tanto rudeEscolhe o amor como sinalE atingirás, então, um bom final.Mary May
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É certo que:Quanto mais eu peçoMas o mundo me esqueceQuanto mais eu desçoMais o abismo engrandeceQuanto mais eu vejoMais a vista esvaneceQuanto mais eu beijoMais saliva entorpeceQuanto mais eu lutoMais porrada aconteceQuanto mais eu escutoMais o todo emudeceQuanto mais eu pecoMais eu devo em preceQuanto mais espremoMais a espinha cresceQuanto mais eu fujoMais a aranha me teceQuanto mais enguloMais sapo me desceQuanto mais enfezoMais ruga floresceQuanto mais eu suoMais a ira me aqueceQuanto mais eu rezoMais demônio aparecePorém:Quanto mais poetoMais rima se oferece.Ainda bem.Tarcisio Mendes