PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!

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Solitário.Olho através da vidraça,janela escancarada ao mundo,dia gris e a chuva de ameaçanum outonal dia ao fundo.Nada entristece mais que a solidãoe um olhar vago perdido no espaço,a suave brisa que dança as folhas no chão,uma cabeça adormecida sobre o braço.Preparado para o desconforto a sós,já no vislumbre de um eterno inverno,preparo o coração e hibernoesqueço que o amor desistiu ali,que a vida segue com seus nós,como as folhas, no balé do vento terno.Godila Fernandes.

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CANTO A-TOA
Andorinha balança o fio
Feliz em fazer verão.
Junta-se ao bando a cantar
A-toa fazem canção.
Eu canto cá no meu canto
Pelos dias que virão.
Meu coração vai a-toa
Entoa com as andorinhas
Cantos prá nova estação.
Gladis Deble
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INSÔNIA...
No ritmo
da taquicardia
do mundo
Vou seguindo...
Fiada que sou
Na sensatez
de me saber
"Vagamundo"
Ou melhor dizendo
"Vagabunda",
no melhor sentido
da palavra...
Sem eira, nem beira
Vou seguindo
Na rolante esteira
Da vida...
Que besteira
Pensar que num passo
Vislumbro a saída...
Qual delas?
Por agora
sòmente a cura
da pura insônia
que me invade!
(Lage,Mazéh)
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* *Jogo Dual.Tudo na vida resume-seem morte, vida, ômega, alfa,do dual que partilha-se,no compromisso de alma.Resgata o pobre, o rico,o novo, o idoso, o feio,os contrastes do Universonum único e grande cenário.Alma em vivência prósperaou mesmo em triste sina,no brilho da luz a espera,retorna a grande Seara,à casa Paterna, o Lar,na mesma condição que viera!Godila Fernandes.
* *Fuga do Fogo EternoEis que os pés ganham asasE voam por sobre as casasOnde residem os anjos,Guardiões da chama eterna.Serafins, querubins, arcanjosAplaudem os serpenteios,Os pés, as pernasQue rodopiam os passos, laços,Os braços, as brasas rasasAcesas, coesas às chamasQue misturam-se à fogueira,Fagueira, faceira, arteiraPulsando a artéria aortaAbrindo de vez a portaDe entrada do coração.Começa a dança da vidaBailarina, fina, atrevidaQue rouba o fogo que não se apagaPra acender cada um de nós.Célia Sena.

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* ****Trem das Montanhas Azuis***Quem diria que o bem e o mal, num romance astraldesceriam do céu deslizando, em ondas de mil megatonsE as trombetas que soam, é o tão aguardado sinalque alardeiam em crentes, descrentes em ecos e sonsSão lindos, divinos, anjos que vem com seus guardiõesdescendo, fazendo a escala com seu trem condutorParando, esperando, as almas que sopram refrõesquem vai partir, de longa data, se faz sabedorEste céu que eu vejo, mudou seu tom, para mil sobretonse este rastro de luz que irradia, em tal corte celestepercorrendo os tempos da nova esfera, em novos éonsAssim segue a trilha escarpada, em serpentes de fogodeslizado feliz nas montanhas azuis e na mata frondosaa fumaça que solta se espalha, formando o seu logoQue se acheguem, aqueles que esperam e sabem do tremque já vem, carregado de boas mensagens que vem para alguémdonde habita o ser que acredita, na imagem que fita o ser do além.by***RosaMel***.
* *Caixa de SonhosTons de outonoSombrearam meu destinoEm nuances de carmim fino,Laranja, ouro-envelhecido,Feito sol em fim de tarde,Quase já tendo ido.Chega-me leve o som adocicadoQue tilinta o realejo,Desejo já desbotadoAo fundo do meu quintal.Ali descansa minha sorte,Dia vida, dia morte,Desfolhada em bem-me-quer.Pousa em pequena caixa sortidaDe fiapos, linhas da vidaTecendo um destino só.Quiçá seja hoje o diaDe calar essa cantoriaDe sol, lá, si, fá, sem dó.Toque-se uma valsaNão quero mais dançar sóAmarrei minha sorte em nóE a ordem do realejoÉ sorrir meu destino em beijoChegou-me o amor,Fruto do meu desejo.Célia Sena.
* *O SEXTO SENTIDOQuem mais me vêAlém dos olhos penetrantesDo cair da noite?Quem mais me ouveAlém dos ouvidos avantajadosDos trovões da tarde?Quem mais me tocaAlém dos ventos arrepiantesDos meados do ano?Quem mais me senteAlém do aroma incomparávelDa floresta verde?Quem mais me gostaAlém das ondas amaciantesDo Arpoador?Quem mais...Além de você,... com seuImenso amor?LCPVALLE.
* *O POETA COM ALMA DE CRIANÇA
Retirava a embalagem das palavras,
Usava-as bem nuas,
com expostas fraturas,
que chamava de metáforas.
tripudiava o convencional,
versos escancarados,
sem cadeados, grades,
idioma universal
da sensibilidade.
Arrepiavam, seus adjetivos,
um roçar de rimas,
um rimar de rosas,
subjetivo,
renomeava as coisas,
alternava o clima.
Entre tragos de vinho,
Florescia em sonhos,
Transgredindo o tempo,
se fazendo orvalho,
voando com o rouxinol,
fazendo de si a própria arte,
a escorrer liberdade pelos
cantos dos lábios.
Como se fizesse parte
do poema.
Dedilhava versos,
como se beijam os amantes,
com emoção.
domando métricas,
recolhendo
o que sobrou no chão.
[gustavo drummond]
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