PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!

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Ela tece a rede.Dentre todas as rendeiras,a mais linda e mais formosa,é da roda dourada, da beira,a linda e encantada moça.É mãe justa e tecedeira,que lava nosso pranto,enxuga com seu manto,e na rede do amor é certeira.Mãe, dourado é teu manto,fiel é o amor que trazes no peito,e em mim o doce encanto,Sou tua filha no mais Um,Na alegria e sem tormento,Sigo contigo, Mãe Osum!Godila Fernandes.

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Sentimento SurdoEu só queria o amor ao alcance da mão.A boca bem próxima, pronta para o beijo.E o verbo poder rimando com o desejo...Mas qual! Entre nós: muro da separação.Nada adianta olhar de longe tuas vestes,o andar, cabelos, é inútil sonhar contigo...Ilusão que não nutre como pão sem trigo.E essa água irrigando o rosto, inconteste!Ai amor! Mágua tão fácil foi a de te adorar.Ora vacilo entre o sofrer e ter de esquecer.Sentimento surdo aos fatos; rejeita descrer,pois crê no absurdo de você poder me amar.Rosemarie Schossig Torres.

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Versos andarilhos versosVestidos de noite estrelada, às vezes em roupa de gala, ornada de cometas e nebulosas, os versos andarilhos perambulam em busca de tudo e de nada. Seu compromisso é com a beleza que recolhem e após, espalham pelo universo etéreo dos sonhos.Não se cansam, andam abraçados à paixão. Percorrem o mundo inteiro e além, nada detém a sua eterna pressa em passo lento. Bebem da paisagem, o orvalho, os suores, os pingos de chuvas escandalosas. Bebem nas fontes secretas, escondidas no mistério dos tempos. Rejuvenescem.Perto da alvorada, os andarilhos versos começam com os cânticos que acordam os galos que, por fim, despertam o dia. A poesia que deles emana faz sorrir às brisas e estas, afagam os receptivos.E a manhã colore-se, sempre, com os tons mais ousados, ainda que não percebidos. As manhãs dançam com as esferas, os passos coreografados especialmente para encantar as matinais inspirações.Os versos aplaudem e seguem o rumo certo das incertezas.O transitório e passageiro é o que mais embeleza o caminho infinito destes versos caminhantes. Não há pó, poeira ou qualquer sujeira que resista ao sopro do efêmero, por isto estão sempre impecáveis as vestes poéticas e andarilhas .Na estrada do tempo tudo é novidade e nenhuma repetição é a mesma. São felizes os vocábulos que se encontram assim, em eterna viagem do léxico ao coração dos homens.Eles voam como sementes emplumadas.Beijos são embutidos nas entrelinhas que vertem destes caminhantes versos. Por vezes beijos quentes e lascivos, mas geralmente são beijos apaziguadores, leves estalos de carinho. Dependem dos receptores para mostrarem-se como queiram, são mágicas enoveladas de amor. Pelos caminhos da leitura a vida renasce e se refaz, agradecida aos ventos, danças e inspirações deste caminhar, moto-contínuo perfeito.O esquecimento se faz presente depois que as lembranças passam, em desfile poético, em pompa quase real, como nos tempos dos nobres e reis. Seremos todos sutis emanações daqueles perenes momentos imantados de exaltação.Solenes seres acurados na poesia.Anorkinda.

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Vida a trêsE, enquanto levarmos uma vida a três,tudo será diferente;Levaremos você a lugares nos quais nunca esteveTe amaremos com um amorde quem, da vida, se abstevepor não ter te conhecido.Teremos quem quisermos ter(Escreva isto nalguma linha retida):Seremos somente eu e vocêe esta escrita, nossa e bem-resolvida.John Borovisque..

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Preciosas emoçõesLeves como o sopro do amorno coração da genteFluidos como os desejosde felicidadePluma de sonhos, os beijosinesquecíveiscomo tardes de verãoNuvens de prazer, primoresde emoçõescomo dádivas do arSão as preciosidadesque sempreirão nos acompanharAnorkinda.

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NAVEGANTEE assim navego,na pluma selvagem do amanhecerna pétala suave da manhãnos paralelepípedos costurados.No mormaço que roça a pele do riona pedra que flutua no lago...sobre a palmeira dourada.Navego na claridade da rimana estrada suadano penhasco corajoso.Navego...permitindo-mementir por vezese enganar-me quase sempre.Que eu naveguenu ou vestido de azul...Enquanto ausento-me,enquanto sou outro.DANNIEL VALENTE.

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DecadênciasCaíram meus sonhos e os tantos enganos envoltos em ilusõesCaíram meus anos e os falsos encantos revestidos de brevidadecaíram as manhãs transformando-se em frias tardes...caíram teus risos e os inúteis avisos que tanto te deiPela estrada rolaram os planoscomo pano de fundo deste infinito outonocomo folhas alaranjadas de tristeza...Caíram as fotos amareladas, as férias aladasCaiu aquela velha máscara...e o tempo foi nosso padrinhoabençoando o final da equivocada sinfoniaDecaíram as peles, os risos, as mentirasa sustentarem a paisagem da vidaapenas sobrou a moldura da esperançabalançando leve sobre os ventos da descrençatodos os ecos de nossos atuais silêncios.Decadência ou resistênciaDesistência ou conformismoPoesia ou eco...é tudo resumido:só mais uma canção sem sentido.Márcia Poesia de Sá.

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Poema Deixa eu te escrever um poemaUm que fale sobre o não temaDessa nossa conversa. Um poema sem vírgulaSem estória.Deixa eu te salvarTe levar pra um lugar seguroNão precisa ser um portoMas que seja escuro. Deixa que eu te seguro. Poema sem ritmoUm que fale sobre a escória.Desconversa. Deixa eu te escrever um poema.Vai que você exista mesmo. John Borovisque..

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Etílico silêncioMeus silêncios são pendentes dos teusGritam sem som enquanto não voltasAs voltas pelos bares, garrafas e copos.Espero-te...Madrugadas, mágoas e salmos.Minhas revoltas, andando pela casaMarcando o carpete, os olhos de águas“Socando pontas de facas”, lembrando de épocas.Amo-te...Te quero como eras, abstêmio e calmo.Tua vida, falência e desgostoNostalgia desarrumadaProcurando encosto, gastando saliva.E na relva... Brotam palavras ao ventoDeclamas poesia, não sonhas com mais nada.Muitos silêncios se atrelam aos de nossos rebentosSons de vários momentos, que por dentro se abafamE os mesmos por vários meses e anosFalam muito mais que um mar de palavras.André Anlub .

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LIBERDADEAfogado na poeira do não_saberPreso e encarcerado numa celaSem tela,sem tema,sem poema,perdido num mundo cego,sem ar- luz- sentido de palavrasbusca encontrar o ritmo perdido.Abrindo as comportas da razãoDeixou o coração livre para voarna emoção de uma alma lavada,leve,respirando entre(linhas) de perfeita tramabordada em letras mágicas-de-cura,doce e pura companhia_uma bela poesia!(Lage,Mazéh) .