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segunda-feira, 26 de julho de 2010

PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!


* * *

Encontros furtivos


Encontros em grande estilo
do mais intenso prazer
corações e almas se fundem
num alucinado bem querer

somos um em busca do outro
numa eterna atração
lânguidas carícias e beijos
pelo corpo em sua extensão

nosso suor e boca colados
em desalinho magistral
os lençóis desaprumados
uma descompustura fenomenal

encontro de corpos e sentidos
um prazer descomunal
você em minhas entranhas
conduz-me ao juízo final


Eliane Thomas

* * *

Chegou o tempo

Chegou o tempo
dos insondáveis labirintos,
dos olhares de amor famintos,
das sombras silenciosas.

Chegou o tempo
dos sentidos obscuros
do penetrar pelos vãos dos muros
das palavras enganosas.

Chegou o tempo
da escassez de sentimentos
das penúrias, dos lamentos,
dos pobres desamparados.

Chegou o tempo
de lambermos as feridas
feitas por balas perdidas,
dos homens desesperados.

Chegou o tempo
de enterrarmos todas as dores,
inventarmos novas cores
e limparmos nossas almas.

Chegou o tempo
de ler a história que escrevermos,
de agir em novos termos,
e de repararmos a Vida.

Helenice Priedols

* * *

METAMORFOSE

E quem é que não nasceu larva?
De pupa se transforma em lagarta...
Algumas monocromáticas, outras multicoloridas
Algumas inofensivas e indefesas,
Outras com um toque que queima como fogo ou ácido
Por vezes, ataque, outras, defesa

Após uma existência rastejante
O ser minúsculo envolve-se num casulo
A pupa recolhe-se em estágio de repouso
E despe-se do que já não lhe serve mais

Deixa para trás a roupa velha
E veste roupa de festa
Reveste-se de gase etéreo

Transforma, transmuta, transcende
Quebra a casca e ressuscita
Renasce para nova existência

Linda borboleta
Sílfide a sobrevoar flores e seres,
Habitante de sonhos e versos...
És livre
Vá, sobrevoar a vida.

Célia Sena


* *

EPITÁFIO

O ancião poeta,
claravidente,
antevendo a morte próxima,
A mente repleta
de lágrimas,
escreveu em lilás,
o que queria inscrito
em seu humilde túmulo,
na pedra inerte,
para todo futuro:

Pensei tanto,catei inspiração, muito escrevi
Ordenei vocábulos, versos, vida, poesias.
Enfilerei idéias utópicas; mar, pó, maresia.
Transitei por temas, ilusões, sentimentos.
Agora dormem amassados, na vaga alma!

[gustavo drummond]


* *

Grandiloquente insensatez.

Pasmei a palma da m'ia mão,
ao te encontrar encatrecida
e estendida em solidão,
como uma alma aquecida.

Palmei a pasma sensação,
do te abrigar, estreita via,
em tola via em que tu vinhas,
para o meu parvo coração...

Rasurei a espera na emoção
de te tomar de todo, a vida
num grande gesto de paixão,
calma, segura e decidida.

Esperei a rasura, feita à mão,
tomar a feição perfeita
como minh'alma pouco afeita
aos assomos da imprecisão.

Ânderlo Strwsk e Anorkinda


* *

Saudade

Trago-te flores da minha lânguida saudade
---Ramos ressequidos de lágrimas
Banhados de aroma de fim de tarde
Ao som do canto dos sabiás .

Oh! dor forte
Que bate no peito --- dor da separação !
Não tem coração que aguente
O choro de uma órfã em oração.

Cai , gota a gota do meu coração
Numa dor , doendo
Sentimento forte --- de solidão .

É a saudade que me consome
De tão companheira , tornou-se minha amiga
Sem precisar de um nome .


Ana Maria Marques


* *

EMBORA

.
Embora ouça teus passos de lua
Rondando a minha janela
Embora sinta o teu toque de orvalho
Acariciando minhas letras
Embora veja teus olhos de encanto
Percorrendo minha alma, inteira
Deixa-me o teu cheiro de saudade
Antes mesmo de ir embora...
.
(Lena Ferreira)


* *

Centelha

Minh’alma incendeia
E meus pensamentos
Faíscam
O fogo abrasa
E alastra
Por todo meu ser
A uma simples
Fagulha de você!


ღRaquel Ordonesღ


* *

Me acostumei com essa brincadeira

Agora procuro na manhãs
a paz dos pássaros e da sua presença.

já devia ter dito do silêncio;
me perco nas palavras submersas
no vão dos olhos.

entreguei meu corpo ao desejo
e você resolve brincar e some?

mergulhei mares de estrelas
vasculhei rastros de sonhos
revisitei nossa primeira vista
cansado, voltei pro meu canto.

será proibido um querer tão intenso?
(solilóquio dos pensamentos)
enquanto se faz difícil
pego meus planos incertos
e me escondo.

depois volta com beijos bestas
compartilhando ausências
que já nem questiono tanto.

Clayton Pires


* *

DIAGNÓSTICO

Faz tanto tempo,
mas me lembro bem;
andava inquieto, arredio,
jogando flores em nuvens,
catando estrelas cadentes,
navegando em barco de jornal,
atravessando riso, rua, rio
escrevendo nos muros cinzentos;
Soltando labaredas pela mente.
Diziam que sofria de algum mal.
Levado ao médico, examinado,
minuciosamente; tantos exames;
alguns remédios, novos alimentos.
Até chegar o diagnóstico final;
Do qual, minha mãe cética;
duvidou totalmente;
-Este menino, Senhora;
(disse o Doutor, na hora)
tem hemorragia poética...

[gustavo drummond]


* *

.

Um comentário:

Telma Moreira disse...

Assim, conta a conta, vão-se juntando,
as letras, as rimas, os belos versos,
um colar imenso de amor vai formando,
na raridade de todas as pérolas do Universo!

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