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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010


POETISA CÉLIA SENA!



MAR REVOLTO


A quem interessar possa...
Que posso eu contra o destino?
Contra o acaso?

Eis que de repente fez-se o encanto
Enquanto o pranto se torna canto
Ou se torna mar
Mar de amor,
Mar de mim,
Mar assim

Mar em que me afogo e não percebo
Onde me rendo e afundo
Fonte de água mansa que encobre um furacão

E quando dou por mim, estou entregue
Envolta por essas águas que desconheço
Das quais não havia provado
Fonte de desejos inconfessáveis.

Aqui me encontro
Etérea, eterna, imortal...
É essa a sensação.

Mas a imortalidade me apavora.
É insensatez ser imortal sozinha.
É estéril amar sozinha
Diante dessa descoberta
Decido que o destino não vai me governar.

Resisto a todos os sentimentos
Desisto das sensações e dos arrepios
Sinto a dor de deixar tudo pra trás
Mas volto para o convívio entre mortais

Onde os sentimentos podem não ser tão intensos
Mas, com certeza deixam cicatrizes menores.

Ainda assim, deve-se arriscar ao menos uma vez.
Não há arrependimentos.
O que há são lembranças, marcadas na carne.
E a certeza de que sempre vale à pena.

Célia Sena

..


FERTILIDADE

Novas sementes estão surgindo
O terreno se refez
As folhas e pétalas que caíram e perderam o viço
Forraram o solo e o tornaram fértil
Ansiedade, angústia, choro e indiferença
De algum modo se fizeram húmus

Percebo agora uma nesga verde
Que evidencia renascimento

Minh’alma se refaz...

Célia Sena

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