POETISA CÉLIA SENA!
MAR REVOLTO
A quem interessar possa...
Que posso eu contra o destino?
Contra o acaso?
Eis que de repente fez-se o encanto
Enquanto o pranto se torna canto
Ou se torna mar
Mar de amor,
Mar de mim,
Mar assim
Mar em que me afogo e não percebo
Onde me rendo e afundo
Fonte de água mansa que encobre um furacão
E quando dou por mim, estou entregue
Envolta por essas águas que desconheço
Das quais não havia provado
Fonte de desejos inconfessáveis.
Aqui me encontro
Etérea, eterna, imortal...
É essa a sensação.
Mas a imortalidade me apavora.
É insensatez ser imortal sozinha.
É estéril amar sozinha
Diante dessa descoberta
Decido que o destino não vai me governar.
Resisto a todos os sentimentos
Desisto das sensações e dos arrepios
Sinto a dor de deixar tudo pra trás
Mas volto para o convívio entre mortais
Onde os sentimentos podem não ser tão intensos
Mas, com certeza deixam cicatrizes menores.
Ainda assim, deve-se arriscar ao menos uma vez.
Não há arrependimentos.
O que há são lembranças, marcadas na carne.
E a certeza de que sempre vale à pena.
Célia Sena
..
FERTILIDADE
Novas sementes estão surgindo
O terreno se refez
As folhas e pétalas que caíram e perderam o viço
Forraram o solo e o tornaram fértil
Ansiedade, angústia, choro e indiferença
De algum modo se fizeram húmus
Percebo agora uma nesga verde
Que evidencia renascimento
Minh’alma se refaz...
Célia Sena
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