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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011


PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!


* * * * *

Céu da Boca

Nos limites do íntimo da minha casa
Guardo o pó , os vidros quebrados
Rota de um destino de mariposa
Com meu armário sem gavetas e muros
Adormeço em superfície cinza
Flutuo , acordo no limiar
No céu da tua boca
Num jardim em cheiro
Uma flor branca
Renasce em lírio
para acreditar no poema
Crescido
Fiz-me mais mulher
Tatuando o seu gosto
No meu infinito
As lágrimas brotam
Dos meus olhos
Pela distância aumentada
Do ano que se foi
Onde guardarei meus antigos
sentimentos
Meus antigos desejos ?

Ana Maria Marques


* * *
Ao pé do luar


“Lá vem ele, poeta na alma,
poesia no olhar,
versos nas pontas dos dedos;

um zás!, uma borboleta asas a farfalhar,
um sabiá laranjeira a cantar e,
sinta! Ah!

- Senta e espera pra ver a celebração do luar,
o manto dourado caindo sobre os ombros da noite,
colar di amantes no pescoço do horizonte,

o céu é pura estrela,
nessas horas o sertão vira mar, seu moço.
Cola o ouvido no caramujo e ouve,

o marulho das ondas,
sereias cantando,
poeta sonhando à beira do a
mar.

Carmen Regina*


* * *
Formato

Seja de qualquer formato
Não importa o que seja
De um jeito ou de outro
Ele chega e enobrece

Bem livre e solto
Rimado e versado
Metrificado e ousado
Aclamado quem sabe

O meu formato é assim
Vai livre leve e solto
Vai com rima nos versos
Metrificando a ousadia
Quem sabe é um dia aclamado!

André Fernandes


* * *

CORAÇÃO DE FADA

Desfolho-me no calor
sou estandarte vivo
futura folha de papel
gerada num útero rosado
musgo, líquido irisado...
Emoções expostas ao sol
verso verde pulsando
script rabiscado
no casulo minúsculo.
Pelo microfone de flor
escapa mansa fala
do meu coração de fada.

Gladis Deble


* *
Será que notas?

Que com tuas notas me tocas?
Será que tocas com suas notas, acordes?
Não me acordes, posto que sonho em cordas
De tantas notas...gotas de sons me evocas

Será que notas
As notas que teus olhos exprimem?
Ainda que rimem...
Poemas pulando cordas.

Sorriso fecundo
No maior âmago do mundo
Tocando as notas
De todas as minhas cordas

Viola plangente
Loucamente ritmada
Amada, posto que é som
No tom, de todas as ondas
Sonoras...
Sorrisos,abraços, auroras.

Márcia Poesia de Sá


* *

RARO INSTANTE

Ter vindo ao mundo
e ter feito parte da história
da humanidade.

Deveria dar ao homem
a dimensão do seu tamanho
no sentido espiritual.

E ainda que passe pela vida
quase imperceptível,será imensa luz
se compreender a existência.

Porque o homem
não tem aqui a sua moradia definitiva
mas o seu raro instante de aprendizagem.

Danniel Valente


* *

A lágrima caída não volta à alma

Dos maiores erros que incorremos
A precipitação tem destaque cabal
Julgamos, operamos e ofendemos
Sem analisar destroços, todo mal!


O primeiro impulso e sentimentos
Obrigatoriamente deveria ter freio
Finda sempre em arrependimentos
Só resta corrigir o trincado alheio.

Os cristais se quebram, nada cola
Rogar desculpa não é o suficiente
Na face queimou a lágrima quente

Imo estilhaçado, chora sem culpa
Há uma injustiça, e nada acalma!
A Gota caída jamais volta à alma!

ღRaquel Ordonesღ


* *
Meu amor foi embora

Porque você saiu de casa?
Onde está você neste momento?
Apesar do sofrimento
você esta sempre em meu coração
Sei que o tempo nos separa
mas tenho esperança
de um dia lhe encontrar
Existirá um caminho?
existirá uma maneira?
para você retornar?
Na escuridão dos meus sonhos
você é a luz que atenua
meus momentos de solidão
Você foi embora
deixou-me esquecido
no pó da estrada da ilusão.

Joseph Dalmo


* *
Poesia

Ah, que louco impulso!
Idéias pupulam na mente
Palavras tão soltas
Sem liga.

Ah, que verso difícil!
Imagens vagueiam frementes
Aparecem e somem
Fortuitas.

Ah, que loucura sã!
Querer transformar semente
Em frases frutos
Sumosos.

Ah, que doce sabor!
Depois de amarga peleja
O degustar extasiante
Do poema maná.

Ah, que surpresa grata!
Palavras unidas
Idéias conexas
Poesia!

Arabela Morais


* *
MUDANÇAS

Meus sapatos
não me cabem mais,
meu chapéu está menor,
sucessão de fatos,
abalando minha paz,
estas coisas sei de cor;
é o tempo recente,
é tecnologia,
dores do crescimento,
redirecionando a mente,
inconstância da letargia,
mutação de momento.

Meu terno novo está justo,
a gravata me sufoca,
eu já não me ajusto,
essa constante troca
de personalidade,
de valores, medos,
frequente desestabilidade,
a noite vir tão cedo,
tenho que me adaptar a mim,
aceitar-me de qualquer jeito,
saltar do trampolim,
ignorar consequência, efeito.

[gustavo drummond]


* *

ADEUS

Esperei, bem sabias o quanto eu te queria
De certo, não pensou que se me faltasse
com a tua presença, eu não sofreria...
Saudade tem asas e se uma palavra dissesse

Agora, ouviria esse adeus mudo. Heresia?
Não, não, o coração exige que eu me cale
desculpar-se do descaso, já não adiantaria
Doravante...Nada mais me fale

Se chorar, chore de saudade e covardia
se teu amor é lunar, o meu não tem fases
pelo muito que fizeste, fui! Assim vazia.
A desilusão me impulsiona a outros ares

Passou como o vento, trouxe-me sabedoria
difusa luz clareou meus sentires...
Se por dentro desfez-se minha alegria
por fora o sol me vestiu de fulgores

Diná Fernandes


* *
ALFA IATE

Há Um Poeta Primeiro
Costurou o Universo
E navegou-o por inteiro

Poetas não tem que ser
Assim, assim ou assim
Plantam sementes de algodão
E colhem calças jeans

Há O Derradeiro Poeta
Permite aos costureiros
Apresentar as descobertas

Poetas não tem que ter
O que outro poeta tinha
Apenas precisam ser
Lenha, linho e linha.

LCPVALLE


* *
AMOR E CAOS

Retalho esse sentimento utópico e vil,
com gilete de aço oxidável, enferrujada,
em fatias finas, insignificantes; nacos mil,
jogo aos cães, para se fartarem de nada.

Cuspo na efêmera e vã beleza, sem utilidade,
com escárnio, que se consuma no caos, caida,
se queime na fogueira inquisitória, sem alarde,
se perca no macabro labirinto escuro, sem saida.

Se misture no cesto de roupas imundas, entre lixo,
mesmo que leve mais cem anos para se decompor.
terá um definitivo e merecido endereço eterno, fixo.

Inútil, sem peso, consistência; só retalhos de isopor.
Desprezado por catadores, por não ter valor algum.
Ignorado por abutres, ambicionado por ser nenhum.

[gustavo drummond]

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