POETA JOSÉ LINDOMAR CABRAL!
PAU NO LEITOR
.
...minha relação com você, leitor, leitor
seu panaca onipresente de uma figa
é uma relação baseada na desconfiança, na animosidade
e em algo que, apesar de duradouro e ardido
eu não chamaria de amor, porque, por favor,
me responda, responda-me, por favor
se dá para confiar literariamente em alguém
que quando cito Fante, por exemplo,
pergunta-se atônita, íntima e imediatamente
se não se trata, por acaso, de uma marca
de bebida à base de água gasificada e não ardente...
Francamente, leitor, seu, em geral, gillette
você ingere oftalmicamente pultura, digo, cultura
hegemônica, censurada, censora e industrialmente
enlatada e expele, quase que analmente,
dejetos culturais, e isso tudo, rapaz, me enoja
e acentua animosamente a dessemelhança
existente entre nós, e me inspira, em vez de confiança
vontade desconfiada e, pradoxalmente, altruísta
de meter-lhe despertadoramente o pau,
pau infelizmente não propriamente dito,
pau lastimavelmente apenas verbal
mas pau, felizmente pau ainda e assim mesmo...
José Lindomar Cabral
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...minha relação com você, leitor, leitor
seu panaca onipresente de uma figa
é uma relação baseada na desconfiança, na animosidade
e em algo que, apesar de duradouro e ardido
eu não chamaria de amor, porque, por favor,
me responda, responda-me, por favor
se dá para confiar literariamente em alguém
que quando cito Fante, por exemplo,
pergunta-se atônita, íntima e imediatamente
se não se trata, por acaso, de uma marca
de bebida à base de água gasificada e não ardente...
Francamente, leitor, seu, em geral, gillette
você ingere oftalmicamente pultura, digo, cultura
hegemônica, censurada, censora e industrialmente
enlatada e expele, quase que analmente,
dejetos culturais, e isso tudo, rapaz, me enoja
e acentua animosamente a dessemelhança
existente entre nós, e me inspira, em vez de confiança
vontade desconfiada e, pradoxalmente, altruísta
de meter-lhe despertadoramente o pau,
pau infelizmente não propriamente dito,
pau lastimavelmente apenas verbal
mas pau, felizmente pau ainda e assim mesmo...
José Lindomar Cabral
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GRITE
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... toda vez que a inevitável, porquanto fisiológica
necessidade de escrever um poema faz com que,
desinspirado,
me achegue a essa espécie eufêmica de cama
que os incautos dos poetas pseudo denominam
de escrivaninha, sem nem sequer está ainda
sendo bolinado por um tema, invariavelmente
(embora invariavelmente nem sempre)
sou visitado
pela acordada - apesar de onírica - impressão
de que a virgem e feminima folha de papel
em geral A4, já de pernas nervosamente abertas
olha para minha nudez, esbugalha os olhos,
empalidece, e diz: Devagar, Lindomar, senão eu grito...
José Lindomar Cabral
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