PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!
* * *
A ver avessos
Porque nos avessos
É que amarram-se os versos.
É do lado de dentro
Que ficam os nós, as pontas,
Nos cantos, no centro,
Todo acerto de contas,
O resultado da lida,
As sustentações de todos os pontos.
Ponto cruz das encruzilhadas,
Ponto atrás que não traz mais nada,
O caseado a guardar botões,
O alinhavo das rendas,
Os nós das minhas emendas.
Quem vê o sorriso
Bordado no meu rosto
Não conhece os meus avessos,
Não decifra meus sinais,
Não sabe os riscos que traço,
As linhas, agulhas, laços,
O passo-à-passo de mim.
Nem eu sei.
E nisso reside a graça,
No ponto-à-ponto,
Até o último nó
A revelar toda a trama
Fim e começo
Direito e avesso
Célia Sena
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* * *
Frutos do mar.
Vida, longa vida,
triste sina colorida,
nas ondas do mar estou.
Jogada de cá pra lá,
bato e rebato eu cá
entre um penhasco e outro,
Quero repousar no regaço,
da areia muito fina do recato
da sereia que canta no alto.
que eu descanse de navegar
e possa agora dormir e rolar
neste mar de espumas brancas.
Sou concha criada no fundo,
de um oceano mui profundo
não me leves à beira-mar!
Soltem-me espumas do mar,
deixem -me dormir e flutuar,
nos braços das estrelas-do-mar!
Godila Fernandes
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* *
Ao canto quântico!.
Há em cada coração,
enquanto na dualidade,
carmas a equilibrar...
Amor nunca será sem espinhos,
mar de rosas com lágrimas,
é carma, como vinagre e vinho.
Os contrastes se formam,
batem desesperados corações,
e sofrem amores que torturam.
Aceita tua linda sina,
creia que há resgate, menina!
Deus é Pai, não um carrasco.
Em breve no quântico,
te liberas desta roda de encarnação
e descansas das dívidas, no perdão!
Godila Fernandes
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* *
Alpha e Ômega!.
E o casulo é desfeito,
a feia lagarta vegeta,
pendurada na folha, morta!
Em semelhante envólucro
Levamos a vida assim,
curtindo tudo, até o fim...
Qual fim, coisa alguma,
começa aí a beleza da vida,
que com a morte não finda.
Tal qual ilustre metamorfose,
passa de humano à borboleta,
o homem de fase lagarta...
Deus com um toque final,
na morte para o dual,
dá asas a vida na alma!
Godila Fernandes
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* *
Bordado de linhas soltas
Hoje algo me rói
e o claro da lua me mostra as sombras que guardei...
algo me rói
e o encontro foi marcado no Olimpo
tempo, tempo, tempo!
é tão doloroso este sentir dentro
tão interno quanto os ossos que doem em paz
A ousadia de amar-te me amplia
faz de mim, reflexo cego
cataclismo em cores a escorrer
algo me rói e rói fundo
a saudade do teu cheiro me suspira
e teu gosto explode no céu da minha boca
que saliva
o obscuro querer desmedido
faz de mim tão pequenina menina
a fingir-me de mulher
mesmo quando e se eu sumir
ainda me acharás no avesso
de ti...
naquele lugar
onde me guardastes por tantos anos
lembras?
algo me rói
e me borda novamente
n'algum ponto do infinito.
Márcia Poesia de Sá
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