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segunda-feira, 14 de novembro de 2011


PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!


* * *
Telhado De Vidro

Tenho asco, odeio atos perfeitos.
De fato quase prefiro total fiasco.
Não escondo mentiras em frascos
e nem oculto sob o tapete defeitos.

Os meus humanos tropeços aceito.
Eu não faço do impecável carrasco,
embora me lancem os seus chascos,
aqueles que arrotam altos conceitos.

Busco nas rotas perdidas, novo broto.
Pra se achar é mister ter se desviado;
alguma vez ter estado em rumo ignoto.

Hoje estou contente com meu telhado,
esse feito de vidro; tantas vezes roto.
Uma lição aprendida com cada pecado...

Rosemarie Schossig Torres


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* * *
É

Tenho que mostrar o meu valor
Tenho que suplantar a minha dor
Tenho que fazer do minério, isopor
Tenho que vasculhar, seja o que for ...
Eu quero claridade e uma canção
Eu quero poder como uma oração
Eu quero sorrir, mas prá valer
Eu quero ser o antídoto que cura
Eu quero espalhar sinceridade
Eu quero contagiar essa cidade
É!
Eu não tenho talento para coadjuvante
Eu não tenho o cheiro de desodorante
Eu não vou vender a mente no mercado
Para ser pegado e pesado...
É!
Eu quero viver de sombra, água e leito
Eu quero viver a causa, o filme, o efeito
Eu quero viver como um turbilhão
Eu quero ser alegria e motivação
Eu quero ser o turbilhão ...

[gustavo drummond]

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* * *
A TAL VIDA FÁCIL

Amor barato
Pelas esquinas
Mal vestido, sem sapato

Amor suado
Pelos becos escuros
Mal feito e mal amado

Amor vendido
Pelas janelas
Gritado e cuspido

Difícil vida fácil do amor
Num abrir e fechar de pernas
O tempo é dele o senhor

Amor estampado em jornais
Nos jovens corpos dourados
Descritos em letras garrafais

Amor vendido
Pelos hotéis
Perfumado e protegido

Fácil vida difícil do amor
Num abrir e fechar de contas
Dorme... sem cobertor


Amélia de Morais

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* *
Vende-se um vestido de noiva
.



Numa tão surrada cama
Estira-se um corpo sovado
Comerciante de muitos sonhos
Vendidos por poucos e sujos trocados

Esparrama feito a rama do pecado,
A rameira, prostituta, meretriz
Prostrada sobre o próprio pranto
Que escorre seco
Pesando-lhe a alma
Vendida nua
Despida da vida
Que um dia houve
E que é hoje apenas
Reles oferta de carne crua

Chora, a moça, para dentro
Porque por fora, sorri agora
Ao próximo freguês
Que paga pouco
Para esfregar-se na luxúria
Mercadoria que não se embrulha
Vende-se a varejo

Chora, a moça
Por seu destino cruel
E vende, à porta da casa
Vestido, grinalda e véu
Visto que nesta lida,
Não tem mais desejos, de seus
Chora o divórcio antecipado
Entre seus sonhos,
A esperança e a fé em Deus

Célia Sena

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* *
Na memória; o amor

Tome-me em vida, saboreei-me inda que é cedo
Antes do sol, deguste-me; é de mim, madrugada
Boca ávida e púrpura por esmagar meu vinhedo.
Em minha tez viaje com lábios, faça caminhada!

Não espere por dor ou por mal que avisa a morte
Hoje e aqui sorva-se de mim e mate a sua sede
O amanha é outro dia, outro tempo, outro norte
Prenda-me em seu abraço, faça-se minha rede!

Entre no circular da minha vida, ao meu lado gire!
A era é essa, daqui a pouco não sei o que pode ser
Nas curvas de mim traga goles, faça o tempo valer.

Não espere a minha dor para matar a aspiração
A fome é agora, não queira viver em ansiedade
Rendo-me ao meu e ao seu desejo de felicidade!


ღRaquel Ordonesღ

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* *
PLANTANDO VERSOS

Semeador espalha poemas em terrenos áridos
Sementes aladas,que pela ação do tempo
migram ao léu pelo sopro do vento
e feito gotas de orvalho umidecem a alma

As palavras adubam os corações
O real_o sonho se fundem em explosão
de luz ,germe da sabedoria, plantada em versos
pela mão de um poeta!

(Lage,Mazéh)

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* *
Das navegações...

Se teu olhar oblíquo descobrisse
a viagem que acontece a revelia
eu nem me atreveria a explicar.

Esfarelo versos na ponta dos dedos
adormeço salpicada de vontades
no afã de te encontrar ...

Acarinho certas verdades
escovo a cabeleira revolta
querendo ancorar conforto.

Desdobrada e solitária
sigo a jornada, embora
navegues em mim

Nunca nós dois atracaremos
nossos barcos para dormir
juntos no mesmo porto.

Gladis Deble

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* *
CICLO AMOROSO

Quando entro na fase amada
mais amo, mais quero
Estabelece a correspondência
permaneço encantada.

Quando esquecida
esqueço que não sou amada
e que devo esquecer alguem
não lembro que amor é espelho
vivo como fantasma;
perco reflexo e noção.

Gladis Deble

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* *
Heresia

deixo aqui, à beira do caminho
culpas, dogmas, sacrifícios, liturgias
esta cruz que não me serve
e junto dela a coroa de espinhos

aquelas velhas tabuletas?
caíram uma a uma ao chão
talvez pelo excesso de peso,
talvez pelo excesso de 'nãos'

há muito deixei a santa pecadora
e os intermediários de hábitos e batinas
dos meus erros eu mesma cuido
meu autoconfessionário não tem cortinas

minha fé não tem doutrinas
a graça divina não exige sacramentos
a lição do Cristo foi de comunhão entre os homens
amor e perdão seus únicos mandamentos

no altar da minha consciência
sei que amar nunca é pecado
levo pai, filho e espírito santo
no coração santificados

Helenice Priedols

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