Do tópico A FORÇA E O VERSO DE ROSEMARIE!

Se tu tens que vir dor
venhas de cânfora untada
garras de veludo amortecedor
E de pelúcia a tua punhalada
Com doce dilaceração
Arranhe-me teu fel
De luva a tua vocação
Ao meu talhe sejas fiel
Se tiveres que me amar, dor
Que seja de mal grado
Paixão breve, sem ardor
Brasa tíbia, fogo cansado
Afrouxe os laços, inimiga
Tua amnésia venha me socorrer
omissão que abriga
E te esqueças do ofício de doer
Quando tudo for inútil
o tempo advogará a meu favor
Então serás traste oco e fútil
e te direi: perdestes o vigor
Agora és página virada
Já andei por teu império
Conheço teus truques, jogadas
Perdestes o poder do mistério
Antes que fechem as portas
beije musa caduca da agonia
mesmo que seja em linhas tortas
em minha pele cansada uma poesia
Rosemarie Schossig Torres
...
A imaginação é combustível, carvão.
Fogo místico que alimenta a chama,
lume criador da divina inspiração.
Aviva a idéia que o verso derrama.
Devaneio, fogueira que me incendeia.
Salva da solidão, distrai do abismo.
A mente trota nas nuvens sem correia,
o corpo, esquecido, vaga no ostracismo.
Cruzo tempo e espaço. Vou no vento.
condução para chegar ao céu. Mais além.
Sem lei da gravidade.Só em pensamento.
Meu guia ao horizonte perdido, Shangri-lá.
Nau para sair do ermo; criar novo arrebol.
Ao zênite cheguei com o quixotesco elmo.
Sou Ícaro em vôo Kamikaze, rumo ao sol.
Volto a bordo dos raios azuis de Santelmo.
Rosemarie Schossig Torres
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