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quinta-feira, 24 de junho de 2010

PEQUENAS GRANDES PÉROLAS

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* * * * *
RENOVAÇÃO

As palavras parecem tortas
na inspiração ressequidas
como inertes folhas mortas
no chão do Inverno caídas.

Nas quimeras doces hortas
abundantes nas Primaveras
hoje secas, galhos que cortas
para buscar novas eras.

Hão de florir em tempo breve
após o rebento da brotação
pois nem o gelo da neve
há de deter a renovação.

Se agora o canteiro está vazio
e a fonte jaz congelada
por certo sob esse frio
a vida está resguardada.

Chegara o tempo morno
e a vida em seus universos
poderei saudar o retorno
das flores e dos meus versos.

Rui E L Tavares


* * *
NA BALANÇA
.
Pesam-se as palavras
Em balança imprecisa
.
Letras arquitetadas
Vírgulas despausadas
Parênteses isoladores
Travessões acusadores
.
Gritam as exclamações!
.
Decidida, a interrogação
Tenta decifrar reticências
.
(Lena Ferreira)

* * *
VÍNCULO

Peguei agulha e linha
Para costurar a vida

Alinhavei
Chuleei
Cerzi
Cosi

No fim... deu um nó!

Janete do Carmo


* * *

Cotidiano

Com idade de ser um homem feito
E com defeito que carregamos no peito
Faço uma rima com carinho e verdade
E não imagino como seria de outro jeito

E não aceito essa tal desigualdade
Com respeito durmo tranqüilo no meu leito
E acordo as cinco horas com muita vontade
Faço um verso para alegrar o meu dia

Vou correndo pra bendita labuta
Não vou xingado igual uns filhos da truta
Vou contente sabendo que mesmo a tardia
O meu salário aparece no bolso

O meu esforço jamais é a esmo
Minha índole continua um colosso
Por um momento paro e escrevo
Por um segundo paro e te ouço

Me dá um abraço e me deseje bom dia
Pego a marmita e encho de novo
Carne moída e um bocado de ovo
Para dar sustância e também energia

Logo às seis horas largo esse batente
Vou ao dentista arrancar mais um dente
E chego em casa com uma fome danada
Marco presença com minha doce amada.

André Anlub


* * *

Desnuda de paz


Vestida de alvejada paz
Para o mundo, desnudada.
Baila feliz ao vento fugaz
Sua intenção de ser amada.

Viagem cândida à su’alma
Coração em silêncio grita
A serenidade bate palma
E sua concentração agita!

Sonho, viagem, e devaneio.
O pensamento corre solto
Sentindo o insano enleio!

Vestindo da paz a camisa
E desnudando o sentimento
Esvoaça o perfume à brisa!

ღRaquel Ordonesღ


* * *
NAVEGAÇÃO

Nas águas potáveis de seu mar,
Entre ostras, sargaços, algas.
Navego sem instrumentos.
Pelo prazer de estar,
perdido entre amálgamas,
mistérios, lendas.
Meu corpo fehado, salga,
a favor dos ventos.
Sereia, sirene, beleza
e magia, raras.
Com certeza,
atraido por seu canto,
encantado por sua mudez;
marinheiros se jogam
nas águas tempestuosas;
enlouquecidos por sua nudez,
piratas saltam dos mastros,
mulher-peixe poderosa,
peixe-mulher de jeitos incautos.
Se diviniza por vaidade,
Se humaniza por falta de castidade.

[gustavo drummond]


* * *

Como pássaros

como pássaros em gaiolas
cantam para as árvores
sem perceber as barras da prisão
assim vivemos - felizes na ilusão
...nem notamos a porta aberta

não há espada do destino
não há deuses maldosos
rindo de nossas dores
somos nós os atores
dos nossos dramas diários

há o mistério que cega
como quem olha para o sol
e há a cegueira estática
de uma vida errática
de quem pensa que vê

crianças sabem as respostas
mas exigimos as nossas
cheias de mentiras e defeitos
os livros contam estórias de grandes feitos
mas a história dos grandes homens está nas ruas

Helenice Priedols


* * *
Solstício de Lua

Luar de prata
Da lua silente
Acende o céu
Em azul de presente

Luar de graça
Da lua de fada
Encanta os viventes
Com luz derramada

Luar de festa
De estrela cadente
Canta em seresta
Os amores ausentes

Luar calado
De luz renitente
Rescende na noite
Em lampejos luzentes

E eu daqui serei
Minguante de mágoa
Crescente candura
Nova procura
E cheia de amor

Mutando em fases
De sonhos vorazes
Nesse solstício de lua.

Célia Sena


* *

PERFIL PUBLÍCO

Sou sui generis
por nomeação.
poeta por
intuição
canto
em todos cantos.
o encanto feminino.
desde menino
amava os passarinhos.
conhecer novos caminhos.
minha cor: vermelho,
meu aroma: madeira.
sou outro lado do espelho.
a beira
de um ataque lírico.
índio, vidente, nômade.
guerrilheiro urbano,
desarmado,
amado
ou não.
sou o interior
dos sonhos e quimeras,
a fila de espera
do trem de passageiro.
sou efêmero eterno.
último dos primeiros.
verão do inferno.
céu eterno.
amo o solo do alaúde,
todos, defeitos,
virtudes.
um breve hiato,
ligeiro intervalo,
um cheio prato,
tantas doses de absinto,
quando silencio calo
para fluir
tudo que sinto!

[gustavo drummond]


* *

AUSENTE DE TI!

Enquanto
a onda
veleja
no mar azul,
singrando
meu coração,
o barqueiro
descansa
seu sonho
em minha'lma
adolescente!

Sei lá,
sou paciente,
mas de tanto
envolver-me
fiquei à mercê
de qualquer
aventureiro
por saudades
de VOCÊ...

A onda descansou
no horizonte,
entre céu e mar
e eu em mar aberto
repouso
meus pensamentos
no fundo do mar gelado,
querendo amar -te, pecado!
querendo querer-te, amado!

Agora nem eu,
nem barqueiro,
nem mar encantado,
somente lá longe,
juntinho do céu,
as brumas, as gaivotas,
vazio...
um amor na vaga,
uma vaga azul em
meio a um verde intenso mar.

godila fernandes


* *

Esperando...

Ouvi o som de tua canção
dizia me esperar...
Ouvi a música de tua oração
dizia me amar...

Fiquei a sonhar...
A lapidar o meu bem
Fiquei a acreditar...
A lapidar a fé que mantém

Anorkinda


* *

Presença de Deus Pai/Mãe!.

Um dia Deus em Sua Onisciência,
previu que Pai/Mãe em cada um deveria ter um selo.
Elaborou muitos projetos: Um coração espiritual, mas era pouco;
uma alma translúcida e feliz, porém ainda era pouco;
querubins esfuziantes, delirantes ...pouco também;
energia de amor incondicional em tons rosa- pastel...ainda não.
Energia de saudades rosa-violeta, amor-gêmeo realizado!
O Sol Central com seu brilho fulgurante, calor demais!
Então, Deus Pai/Mãe decidiu questionar a Lua
para fazer parte do projeto... ficaria lindo, com estrelas!
E Deus Pai/Mãe em Sua Onipotência reuniu Tudo no céu:
um coração espiritual, uma alma translúcida e feliz, querubins
esfuziantes, energias de chamas trina e gêmea de amor incondicional,
ao Sol Central uniu a Lua e as estrelas, e com Sua Onipresença,
agrupou-os todos em torno a uma chama de fogo, que aqueceu e
expandiu-se, mais, mais e mais e cobriu o vasto céu, num manto dourado-
escuro, que nem Deus Pai/Mãe resistiu ... projeto Ocaso, perfeito!
Porém ainda faltava algo, e quando Mãe olhou tudo aquilo,
em seu amor profundo ao Pai, deu um longo e infinito suspiro e, pronto,
no céu, Deus Pai/Mãe unidos, no mais belo momento, suspiraram
agradecidos, aos elementos reunidos, ao sempre lindo Pôr do Sol!
E este momento sagrado, ficou em todos as almas interiorizado,
como momento de amor de Deus Pai/Mãe pela criatura incriada,
espírito de todas as chamas, dos quatro elementos selados!


Godila fernandes


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DIAS E DIAS
-

Sabe aqueles dias
em que você acorda e se arrebenta?
que a corda arrebenta?
que a cor da pele não incrementa?
que você acredita que não vai conseguir e nem tenta?
que a pressão é tão forte que você pensa que não aguenta?
que o sabor é amargo ao invés de hortelã ou menta?
que o peso da idade lhe parece mais de oitenta?
que parecem transcorrer em marcha lenta?
que qualquer pessoa lhe parece marrenta?
que uma gota d'água cai como uma tormenta?

A mim, qualquer dia assim não preocupa
por isto
Pega uma cadeira e senta!

Toda palavra que disser
lhe será na boca como suco de pimenta.

Quer um conselho?

Aguarde o outro dia
que a poeira assenta.


LCPVALLE



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VAZIOS

Casa imensa, cheia de vazios
É a morada de solitárias almas
Como mobília,os tantos traumas
Decorando seus corações frios

A construção era qual manso rio
Que deslizava com imensa calma
Mas a rotina instalou a sua palma
E a estrutura pendeu num fino fio

Cheia de vazios, casa imensa
Duas almas solitárias e tensas
Suportando-se em solidão a dois

Entreolhando-se, cada qual pensa
Reverter o que a rotina lhes impôs
Logo desistem; deixam pra depois

(Lena Ferreira)


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Estrelinha

Se caminhasse pelas nuvens
e encontrasse as respostas
das voltas e tombos das nossas histórias

Ainda assim, ficaria o segredo:
Por onde andas, sonho meu?

Se passasse sorrisos, beijos, abraços
turbilhões de ventos ou infinitos tempos
que me fizessem agir sem pensar
no peso dos pequenos atos

E visse as estrelas que jamais ousaram
sair de seus olhos para se juntarem aos meus

Ainda me perguntaria:
Por onde andas, sonho meu?

clayton pires
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SENSAÇÃO DE NÓS

Quero tatuar
a noite em teus olhos
para que o brilho
se transforme em estrela

Quero impregnar
do sumo da fruta a tua pele
para que a cor
se derrame em minha boca

Quero incendiar
os desejos do teu corpo
para que o perfume
se evapore do umbigo

Quero tocar
a canção que encanta teu peito
para que o som
se traduza em meu ouvido

Quero refletir
o prazer em teu espelho
para que a textura
se reproduza em corpo inteiro

Janete do Carmo


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Desalento

Sou apenas isso
Um poema incrustado de desalento
desencanto
Do meu mais sincero momento
brotou meu pranto .

Ana Maria Marques.


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Poetisa


A poetisa sentou na escrivaninha e estava aquecido o ambiente,
Abriu seu caderno levemente com suas mãozinhas dóceis e macias
Seus dedos pequenos foram abrindo paginas e paginas do caderno,
Era tão velho pelo tempo, mas tão querido para ela.

Ela jogou suas costas na cadeira e se espreguiçou gostosamente,
Disse um melodioso “Ah” invocando um ar saudoso
Para invadir seu ventre e ficou leve e calma.

Então, chegou à parte branca da folha do seu caderno
E com sua mãozinha na cabeça pensou,
Pensou um pouquinho e dali deixou-se incorporar.

As ágeis mãos percorriam as linhas imaginarias de flores e verdes,
Animais, carrosséis e pirilampos navegavam nas dimensões,
Ouviu o batuque e cantiga de bater chão de terra,
Percebeu crianças brincando e girassóis abrindo os braços,

E viu o galanteio do poeta e a tristeza da lua,
E tudo girava e dançava e batucavam no ritmo do poema,
E tudo fluía e navegava num sedutor oceano de palavras,
Imaginações, tesouros e diamantes lapidados,

A poetisa na escrivaninha, aquecido ambiente, bailava,
Lá fora bem-te-vi sorri, gato no telhado samba,
E ela bailava com suas mãozinhas no caderno,
Possuída pelo desfile de imagens e cores.

E perto do seu ouvido uma pequena musa ditava cada passo,
Cada pintura da peça que se mistificava, um ditar adocicado.
E lá fora um cravo chorava pelo amor da rosa.

(Rod.Arcadia)


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EU

Descobri no universo das palavras
Meu mundo particular
Meu cantinho de paz
De isolamento do mundo

Sou da vida
Sou cria das letras
Sou palavra falada e escrita

Sou JOTA BRASIL
Poetas sem grandes pretensões

A não ser a de ser feliz!

Jota Brasil


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SURREAL

Vi as pernas da sereia
Em noite de lua cheia
Vi saci que esperneia
Por não poder caminhar

Vi trovão não ressonante
Em noite de lua minguante
Vi estrela não brilhante
Num céu que não estava lá

Vi um buraco sem cova
Em noite de lua nova
Vi algo que É sem prova
Eu sei que é prá duvidar

Vi vendavais sem enchente
Em noite de lua crescente
Vi águas incandescentes
Conseguem imaginar?

Vi um raio fazer curva
Em noite de lua turva
Vi terras secas na chuva
Coisas de arrepiar

Vi uma dimensão rara
Em noite de lua clara
Vi sem os olhos da cara
Ninguém vai acreditar

LCPVALLE


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