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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!


* * * * * * * * * * *

A COR DEI


Quando acordei,
as flores estavam ainda
abraçadas às pétalas,

Havia orvalho,
gotas cristalinas,
de uma lucidez inexplicável...

Os pássaros cantavam,
à tua delicadeza
de manhã dourada,

Sinfonia de brisa
despertando os ninhos
adormecidos no colo das estrelas.

Como gosto de acordar
em ti, quando passas,
vento norte,

Pela minha nuca,
entre os fios dos meus cabelos,
e pelas flores da minha pele!
que nem é humana,

É sopro carícia e prana,
elemental dos anjos,
que me beija

Toda vez que abro os olhos
e minhas mãos se estendem
para o nada

Em que tu brincas de ser
a ternura do ar
que eu respiro.


Carmen Regina


* * * * *

SEM FRONTEIRAS
.
Nas tuas mãos
deixo meu mundo
meus brinquedos e segredos

Deixo meu coração
por uns segundos
com todos sonhos e medos

Sustentes com braço forte
a minha vida inteira
que eu hei de traçar o norte
de toda e qualquer maneira
do nosso amor, sem fronteiras

Amélia de Morais


* * * * *

Cavalgada.


Corpo e alma
num galope magistral
voa leve , voa alto
leva ao espaço sideral

Segue a rota das estrelas
num fascínio colossal
cria asas sem limites
espírito liberto, divinal


Eliane Thomas


* * * * *

SILÊNCIO DE APRENDIZ

falo pouco
escrevo um pouco mais
meu lápis é rouco
minha voz repousa demais

Passei a vida ouvindo
em silêncio de aprendiz
para expressar no meu canto
que a minha força motriz
vem das palavras de encanto
de Bandeira, Moraes, Meireles, Assis,
Drummond, Amado, Quintana e outros tantos, tantos...

Amélia de Morais


* * * * *

BAÚ VELHO

Guarda-se farrapos,
a rosa desbotada
o sol preguiçoso
a chuva em fiapos.

O encanto e o acalanto
(rima antiga)
o menino alado
a inspiração na vidraça.

Papel amassado
sertão sem mar
meninas descalças
vestido remendado

Velho luar
varal improvisado
mares perdidos.

Guarda-se sonetos
entre teias de aranha.

- Mas que mania do poeta,
guardar cacos de ventos?


DANNIEL VALENTE


* * * *

Fundo colorido

é noutra dimensão da realidade
onde o invólucro é líquido
que as cores dormem de verdade

é no profundo dos abismos
onde os seres diferem
que as cores em aforismos

sentenciam a liberdade!

Anorkinda


* * * *

À Dor: Ação de Despejo

Meu dia de chumbo se tinge.
Das Nuvens negras: discordo!
E minh'alma de otimismo tinge
a alva; o azul no abismo bordo.

Na contramão vai o lado de fora.
Há matinas que amanheço cinza.
O sol é inútil, o anil não colabora.
Céu de brigadeiro; cenho ranzinza.

Busco alvissareiro ajuste; harmonia.
Combinar todas as cores eu almejo.
Queria pintar de laranja a melancolia;
esbanjar luz ; à dor: ação de despejo.

Rosemarie Schossig Torres

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