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Neste meu mundo
Há um mar profundo
De águas cristalinas...
Nele há vales e colinas
Crateras e cavernas
Vernizes e resinas
Neste meu mundo
Há tanta fantasia
Nadando no limiar de cada dia
Entre uma marola e outra...
Há seres mágicos...
E estrelas vestidas de gente
Há peixes professores
E golfinhos contentes
Há fadas que me tomam como irmã.
Neste meu mundo
Há polvos ocupados em rodopios
Apertando os parafusos dos navios
Que trazem como nome, ilusão.
E neste meu mundo então
Sou peixe, sou sereia e caravela
Sou onda, mar salagado, sou cratera
Sou amor, sou alegria e solidão
Nas águas claras
Repinto cada cor com um sorriso
E pincelo assim em improviso...
Cada dourado peixinho
Com minha paixão.
Márcia Poesia de Sá
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Última Fantasia
Eu já fiz chover estrelas
em minhas noites mais escuras,
já venci milhões de monstros em batalhas singulares,
cavalguei léguas a fios nos mais áridos terrenos,
só pra poder salvar o mundo.
Mas os sonhos insistem
escoar pelos meus olhos
enquanto a mágica enfraquece
a cada canto do cuco na parede da sala.
Não espero mais
que o sol caia a meus pés
em meus entardeceres
Queria apenas pegar a lua
em minhas mãos
para brincar uma última vez.
Celso Mendes
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O Poeta E A Folha Em Branco
Um dia, sem querer, nem pensar,
a página vazia enfeitiçou o poeta.
Fez-se imã, gravitação a lhe aliciar,
seduzindo as idéias; atingiu a meta
de ser espelho do verso a se olhar.
Dialogando com o coração de papel
(que não sabe chorar, nem sofrer),
ele quis cercar a dor; dissecar o fel.
E nas linhas do retângulo, converter
os agravos do efeito esponja em mel.
Então a folha foi virando um divã,
onde palavras tristes se deitavam.
Falando ao psiquiatra mudo, em sãs
e belas iam se tornando, brilharam.
Aquela ouvinte ele chamou de irmã.
E foi plantando dilemas no espaço,
que converteu em metáforas, rimas.
Um solo fértil; dos versos o regaço.
Nova imagem ao espelho se arrima.
Poeta já se vê, ainda que meio baço.
Rosemarie Schossig Torres
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Suspiros
Vem no suspiro
Suspirar palavras de amor.
Chega perto e cante no meu ouvido
Adocicadas palavras que fogem
Dos seus lábios, voz macia
Acariciando esse velho poeta.
Diga toda ternura
Que está presa dentro do seu peito,
Mostra-me sede de vontade
Suspira, lança suas palavras
No meu ouvido e me devaneia
E eu tolo poeta respiro,
Dispo-me totalmente,
Fico sem chão, me flutuo
Na fragrância da sua voz.
Então toque a lira do meu corpo,
Dedilha as cordas do meu eu lírico
E suspire em meu ouvido suas palavras de amor.
(Rod.Arcadia)
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Ao alcance das mãos
Por que foi que abriram-me as portas?
Por que deixaram-me entrar?
Serviram-me do amor,
Todas as iguarias
Desvendaram-me os olhos
Pra que eu pudesse enxergar
O que antes eu não via
Desabrocharam meu coração
para sentimentos
Que eu, antes, não sentia
E agora, aqui me encontro
Em fria cama vazia
De que me adianta
Tantos portais abertos
Se meus pés têm caminhado
Por caminhos tão incertos
Ora piso nas nuvens
Ora nem passo perto
Se meus pés andam sozinhos
Por areias do deserto
De que me vale tanto amor
Se junto veio a saudade dor?
Suplico então, aos anjos d'aurora
Dai-me asas para voar agora
E levar meu corpo infinito afora
Para pousá-lo leve, ao lado de quem mora
Do lado de dentro do meu coração.
Célia Sena
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NO PAPEL
Derramo o mar no papel
e em meu barco dourado
navego azul.
Meu remo, meu leme
é o olhar que vai,
fascinado pelo horizonte sem fim.
Passo pelo farol, pelas garças,
aceno aos piratas engraçados,
meu barco é um rocinante.
Cada vez mais longe do porto,
do meu quarto de cada dia,
alivio o peso do fardo.
Derramo o mar no papel
e abro estradas, esconderijos...
navego no céu.
DANNIEL VALENTE
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A Arte de Viver
A vida é uma grande Arte, é um ensaio constante.
Arte, caminha com intuição e habilidade para criar e recriar.
Mas, antes de qualquer transformação é preciso
estar em sintonia com Deus.
Sem a sua luz, é viver sob os limites da involução.
Alicerçar a fé é se abastecer de ânimo,
é o bálsamo para a auto-estima.
A mente leve como pluma utilizada adequadamente,
A leveza em harmonia com a personalidade, trás a
Flexibilidade necessária para aceitar as mudanças.
Conhecer a si é descobrir o dons e o talento
Juntar os elementos, escolher os tons e trabalhar
A tela com amor,
Apostar no jogo esquecendo as inevitáveis perdas
sem perder, no entanto o otimismo.
Caminhar de um extremo ao outro,
Consciente que a corda bambeia, e que lá no fundo,
o abismo o espreita, e no palco, há uma platéia
que aplaude ou ignora.
Viver é uma grande Arte,
Há e sobra cores e pincéis
para dar os tons, basta saber
harmonizar dando o toque final.
Compete ao protagonista
Transformar o cenário
Que lhe renda aplausos.
É preciso Amar- se para
sentir o prazer de viver,
e o desejo de compartilhar.
Aí está, a grande Arte da vida.
Diná Fernandes
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(clique na imagem para ampliar)
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Gerúndio
O meu amor virou gerúndio
Tornou-se um vício!
Amando!
Amando!
E amando!
André Fernandes
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IMPRESSÃO
Ruas e rios
habitam o meu corpo
Em cantos escusos
deixam seus traços
pegadas de vento
migalhas de chão
São curvas e retas
são passos, cascatas
são marcas que o tempo
insiste em grifar
São lágrimas, risos
juízo em excesso
um pó de loucura
pedaços de pão
São gritos esparsos
nariz de palhaço
navalha na carne
aplausos e chão
São rios e ruas
divisando o corpo
deixando no rosto
a sua impressão
(Lena Ferreira)
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FINGIMENTO BREVE
.
Fingiu Pessoa? Finges tu, pessoa?
Dizes não sentir o que escreves
Escreves por escrever; coisa à toa
Escreves como passatempo breve ?
.
Pousa a pura inspiração na tua alma
É o momento em que flui o teu Eu
Escorrem de tua pena amor e trauma
Que, às vezes, pensas não serem teus
.
Mas teus são sim e digo com certeza
No exato momento em que escreves
És tu, mesmo que por instante breve
.
Mesmo que penses: fui eu que escrevi?
Como se esse sentimento, eu nunca vivi?
Antes do ponto final, fingimento é greve...
(Lena Ferreira)
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Mar Azul!.
Sou um corpo azul,
cristalizado pelos corais,
trago no farto ventre,
os mais lindos peixes, ostras,
cavalos-marinhos, estrelas...
Sou azul e brumas brancas,
sou maga de mistérios e magia,
sou faceira e dobro-me em ondas.
Sou bravia, quando venta,
sou elétrica, quando há coriscos,
sou guerreira de amor dos nautas,
sou o mar em Janaína e Iemanjá,
sou de Poseidon o raro manto,
sou o calmo e sereno mar azul!
Godila Fernandes
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Versos Que Brotam
Os versos brotam assim:
Do sorriso do sol,
Da nascente da manhã,
Da planta que foi banhada pela água cristalina.
Da alegria boa de uma criança,
Das cores que enfeitam um lindo jardim,
A carência de uma mulher,
E o terno abraço forte.
Os versos em suas linhas cantam,
Os seus diversos sentimentos,
São instrumentos, rica lira
De palavras e dança
Ah... Os versos
Evocam suspiros,
Emoções, delírios,
Devaneios...
E como planta que é banhada,
Brota o verso, é o velho navio
Que navega, é o amor
Que segue nas rimas do coração.
(Rod.Arcadia)
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OFERENDA
Pipocas aos pombos na praça
Migalhas aos peixinhos do rio
Agasalhos a quem sente frio
Acenos aos passantes na rua
Respeito ao que honra seu nome
Alimento a quem sente fome
Aplausos aos que se destacam
Sorrisos aos amigos diletos
Morada ao que não tem teto
.
Carinho pela natureza
Honrarias ao que merecer
Saúde aos que vão nascer
Um brinde aos recém formados
Boa sorte aos que tem partido
Cuidados aos recém-nascidos
Ajuda aos que têm projetos
Apoio aos que têm esperança
Educação para toda criança
Ideia ao que quer sucesso
Felicidades aos que transitam
Emprego aos que necessitam
Aquele que puder e fizer
Por filantropia ou por amizade
Dará,...amor à humanidade.
LCPVALLE
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Querubins
Rolava no ar, a música
era doce... era amor...
Quem tocava? onde estava?
Voava no ar, a música
era suave...era beleza...
Quem olhava pra cima? Pro céu...
Eu olhei...o que vi?
Querubins e a música
que era doce...era amor...
Eu escutei...o que ouvi?
Querubins e a música
que era suave...era beleza...
Neide Escada da Rosa
(Anorkinda)
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