Tópicos

sábado, 11 de junho de 2011

PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!


* * *
Da boca solidão


À noite, a solidão
em leito de insônia
soluçando, povoa
os céus de vaga-lumes
e borboletas, a espantar
o Senhor do sono

O silêncio de ouro
desposou a liberdade
nas asas e braços
de Deus

À tarde, a solidão
em abraço de astros
soluçando, fala
de flores e cascatas
numa voz atroz, a velar
o caminheiro da paz

A verdura da grama
em noivado buliçoso
prende-se aos orvalhos,
palpitam as matas

Anorkinda


* * *

Tempo de dor

Amanhecer sem fulgor
Dia corre sombrio, sem cor
Flores omitem seu perfume

Na lareira do nosso amor
Não vejo mais o lume
No seu olhar,o seu ardor

Parece que vejo estrelas caindo

Como se o céu chorasse minha dor ...

Eliane Thomas


* * *
Feridas


As feridas que percorrem
Como um rio que vaza
Arrasta manchas,
Conseqüências, horas,
Minutos, dores do mundo.

As feridas que percorrem
Chagas de maldizeres,
Malmequeres, quedas,
Profundezas, infinitos labirintos,
Tormentas românticas poéticas.

Feridas, espinho de torturas,
Sangra o choro amargo,
Desgosto febril, paixões
Aniquiladas, tempestades
Vomitadas de gemidos e gritos.

Gozo labiríntico,
Assassinos violetas dançando
No meio fio da lamina que grita
Por injustiça.
Caçadores sorridentes, chupam
As mamas das cadelas,

Prazerosos inventam um hino
De orgulhosas melodias,
Cometas urbanos vagando
No transito parasita infernal,
Psicóticos opiarios abram asas

Nas rodovias quiméricas,
Feridas que reclamam, discursivas,
O pobre Nietzche que chora,
O amargurado Shopenhauer,
As feridas que cercam como espinhos.

Os galhos que dançam
No pescoço do carrasco,
Feridas que sugam
Sangue feito vampiro,

Vermes políticos que dançam
De olhos vendados trazem
Feridas no lado esquerdo do rosto,
Cadelas vomitando letras assassinas
Nos corações dos inocentes.

Feridas que cercam o corpo,
Chagas que brilham,
Gelo que esfria cabeças de loucos,
Geada que fere plantas de um jardim,

Meninas malcriadas lançando palavrões
No ar,
Gemidos de garotos deitadas na relva.

Brincadeiras cegas,
Crimes luxuriosos
Em mentes descoloridas.

Sorriso brilhante na boca vulcânica
Despejam lavas na massa
Endeusada.

Sou o iconoclasta que fere
A ferida amarga,
Sou a ferida que sangra
Que reclama da pele aberta.

Sou o sorriso da sua dor,
A sua ferida
E a sua despedida.

(Rod.Arcadia)


* * *
BAÚ VELHO

Guarda-se farrapos,
a rosa desbotada
o sol preguiçoso
a chuva em fiapos.

O encanto e o acalanto
(rima antiga)
o menino alado
a inspiração na vidraça.

Papel amassado
sertão sem mar
meninas descalças
vestido remendado

Velho luar
varal improvisado
mares perdidos.

Guarda-se sonetos
entre teias de aranha.

- Mas que mania do poeta,
guardar cacos de ventos?


DANNIEL VALENTE


* * *
COM'PROMETIDAS

E eis que surge do Mar
das Juras Raras, um deus
triunfante, avesso às vagas
direto e franco, bentas gotas
salgando a marola pensante

Veste um manto azul cinzelado
e nos pés, uma prata tão cara..
diamantes, coroa em rebrilho
ascendendo o signo de mim

Voluptuoso, toma a forma precisa
aquece meu Mar de águas vitreas
e borbulha espumas em densidade

...colore meu corpo que Lê na linha fina
entrelinhas, mensagens ocultas em Selo

Oh, doce é a cena...tão doce e linda Sirena
em abraço-tempero, o enlace se faz; forte
almas com'prometidas às escamas platinas
deleitando-se, serenas, em areias abismais

...à meia-noite, à meia-lua, meia brisa; noite inteira.

(Lena Ferreira)


* * *
Nunca mais cantei

Daquele tempo encantado
quando o amor escancarado
era cantado e romantizado

pouca lembrança eu tenho
hoje eu só cerro o cenho
desacorçoado eu venho

te dizer que robotizei
que o sonho amortizei
e nunca mais cantei

Anorkinda

.

Nenhum comentário: