ENCONTRO NÃO MARCADOQuando os bons ventos soprarem para o seu lado,
eu chegarei suave...
com um perfume inconfundível,
de quem assanha seu instinto.
Rendida, serei amável... afagando seu ego e cabelos,
numa insana saudável mania de fazer carícias.
Nos selos dos mil segredos,
onde guardo meu doce lema,
encontrará os beijos lascivos...
O encontro não foi marcado.
Só eu sei o esquema,
das oferendas e cânticos,
das velas e poesias.
Recitarei seu verso
com a boca vermelha e molhada.
Você soltará o verbo
com olhos inundados.
Depois da primeira hora,
desejará infinito esse dia...
que tanto demora.
Descobrirei se teu manto
é verdadeiro
ou mito...
JULENI ANDRADE
ALMA VIOLADA
Pelas avenidas perdidas da grande cidade sina,
anda despedaçada a caminhante remexida...
Sangue, sangue, sangue! Seu rosto, neve,
pondera desilusões e arranhões doloridos.
Quem não veio não vê a dança dos ventos
sopradores dos lamentos e pensamentos.
A pobre corrompe o tempo com divagações.
Nem os ladrões palhaços hão de degustar
as veias latejantes do seu ego impuro,
depois do susto do último amor maduro
despencado da altura de sua cintura fina;
as estrelas cadentes, confidentes dos anjos
soltos, para deleite dos demônios bravos
e a corrente no pescoço perfurado e branco.
JULENI ANDRADE
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