PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!
* * * * * * * *
Assovio do vento
o vento desfila sua força
a terra estremece
mais de medo
do que frio
o vento desvela um futuro
o povo esquece
inconsciência
por um fio
o vento destelha suas crenças
a mente enlouquece
apaga-se o pavio
o vento desfia um rosário
o sol aquece
ouve-se um assovio
é o sinal dos novos tempos
Anorkinda
* * * * * * *
Teatro da Vida
Germina a sagrada semente
no útero materno, até o
momento que a luz se faz vida.
A chegada a esse palco
é um tanto assustadora.
E nesse palco nem sempre
tão iluminado exibimos
o nosso efêmero ato,
representando a peça divina...
Viver!
Buscamos conceitos
e formas que possam
satisfazer o nosso ego,
somos ambulantes do tempo
vendendo quimeras,
e o mundo parece
encantador.
Há que se ter olhares
atentos, o palco balança
contra o vento,
e a chama é efêmera!
Excedemos-nos quando
almejamos um primeiro
lugar à frente de tudo,
e quando a cortina se fecha,
a alma pintada de esperança,
os contos de fada e toda arte
sucumbem-se...
O último ato se foi com a vida!
Diná Fernandes
* * * * * *
O TEMPO DO ARCO-ÍRIS
Ao recordar quem eu sou realmente, tapete arco-íris faz-se estrada
receptiva com as cores de um novo tempo.
Foi preciso jogar as cordas ao mar do conhecimento sombrio, aportar ali
e encorajar-se na aventura.
Já no cais, vivências e experiências de todo tipo me puseram forte,
me lapidaram a alma em cristal.
Adentrei a vida, marinheira, estranhando a terra e o cheiro dela. Mas
segui. Persegui utopias, corri e perdi vários sonhos até encontrar
a chave deles.
Estava no coração, foi difícil encontrar, quem pensaria em procurar ali?
Abri os portais de mim e relembrei meus singrares, navegante das estrelas.
Meus verdadeiros mares, azuis de eternidade, enviavam-me suas fragrâncias.
Também eles reclamavam minha falta e eu chorava saudades...
Ao recordar quem eu sou realmente, o tempo arco-íris fez-se escada
intuitiva com as novas cores cósmicas.
Anorkinda
* * * * * *
Esqueletos No Armário
O que faço com esse ossuário?
Amontoado de esqueletos velhos
Espiam-me de dentro do armário;
Fantasmas do além dos espelhos.
Na poeira que o chão arquivou:
pedaços de delírios esclerosados;
devaneios que a pele aposentou;
Simulacro dos prazeres passados.
Acumulação de entulhos, escarcéu.
Lembranças largadas no necrotério.
Revelações do ego repetidas ao léu.
A esmo vagueio por esse cemitério.
Como alivio o peso dos ombros?
Restos de mim, já tão danificados,
Somente uma pilha de escombros.
Vivo algemada a tesouros mofados.
Oxidam as idéias; limiar da sucata.
Ainda há pontos de luz na sombra.
Mas a reciclagem é tarefa inexata;
o desejo de ser fênix me assombra.
Rosemarie Schossig Torres
* * * * * *
PRODUTO FINAL.
Foram poucas as explicações.
Vi , nos olhos, o adeus.
Bateu a porta
sem olhar para trás, foi embora
para nunca mais...
Nunca mais ouvi os passarinhos,
nunca mais tardes na amendoeira,
nunca mais colhi estrelas.
Nunca mais os doces no jantar,
nunca mais reguei as flores,
nunca mais andei nas nuvens.
Nunca mais, nunca mais, nunca mais...
eu vi você.
JULENI ANDRADE
* * * * * *
Vidas
Segue o viajante contente.
Rumo certo, o caminhante,
De cristalino semblante
Passou por mim e parou:
Sua história, então, me contou:
Já andou muitas vidas,
Já atravessou oceanos,
Já se encontrou
E se separou
Tantas vezes
De sua alma gêmea,
Já esteve na Babilônia,
Na Ilha de Páscoa,
Já esteve em Shangri-lá...
Conheceu segredos,
Desvendou mistérios,
Lutou nas cruzadas,
Fez parte das Armadas,
Defendeu a princesa,
Foi aceito na realeza,
Já foi guru,
Sacerdote, Xamã,
Bruxo, Mago,
Já foi descrente,
Já foi pobre, indigente...
Já foi até sultão!
Esteve na cova do leão...
Já teve “a mulher que quis
Na cama que escolheu”,
Muitas vidas já viveu,
Boas mortes já morreu,
Ruins também...
E renasceu...
Caminha contente,
Mas solenemente,
E sua alma guarda
Enormes segredos,
Tramas, enredos...
È tanta vivência,
Que a minha inocência
Não pode acompanhar.
Será espírito ou será gente?
Que me disse, docemente,
-Espere-me, que eu voltarei!
Jane Moreira
* * * * *
Soneto Ao Mar
Ventos sacodem velas,
Velas balançam esperanças,
Navio distante vê querelas
De bem-querer, são peças,
Movidas num jogo perdido,
Marinheiros e suas cordas ao mar,
Grito no vazio, triste pedido,
Ao leu farol canta seu limiar.
E quem disse que o velho da rima
Chora pela sua amada sereia,
Da boca amarelada sopra poesia,
Rima no velejar do mar,
Ritmo que vem e que vai,
Cordas ao mar, singra o meu despertar.
(Rod.Arcadia)
* * * * *
FENDAS
.
Botões de abrir e fechar
olhos de ver e sonhar
janelas de espiar o mundo
abrem e fecham em segundos
lavam as dores da gente
ou secam em dores latentes
Amélia de Morais
* * * * *
Ode À Falta De Inspiração
O céu escurece,
é a lua minguante,
que a seu talante,
secou as leveduras,
matou minhas criaturas,
e a idéia emudece
Estou na maré baixa
verbo com desidratação
falta de inspiração
é a mente que se cala
o pobre poeta resvala
Nada se encaixa
Palavras longe da poesia,
voam tão alto...
o escritor em sobressalto
nada contra a corrente
pensamento ausente
triste página vazia...
Rosemarie Schossig Torres
* * * * *
O último poema.
Como diria Bandeira...
Que fez do último poema
Seu registro mais perfeito
Em pouquíssimas palavras!
Como diria Manuel... Dos sapos
Dos trens de ferros, do aplauso
Do piano engolido, com teclas de fora
O fez tudo isso em poucas palavras!
Esse último poema
Que a simplicidade foi o seu natural
Que a lágrima é apenas o amor perfeito
Que as flores embora de plástico ainda assim
Sem perfume tem a beleza de uma flor
Esse último poema é como um lema
Seis versos que me cabem
Sou a jóia mais pura, “inocente” nem tanto
Suicida com paixão?
Como explicar se matar então!
André Fernandes
* * * * *
Será insone o poeta?
Parece um tanto maluco
Essa gostosa tradição
Poeta ignorar o cuco
Pra degustar emoção
A noite passa sem perceber
Há palavras pelo chão
Ver o dia amanhecer
Sonolento de ilusão
Basta um bater de asas
De um pequeno beija-flor
Uma rosa, cheiro ou sabor
E outra vez a mão na massa
E por estar na primavera
Seu coração é um manto de flores
Pulsando por novos amores
Que veio como flecha certeira
Diná Fernandes
.
Será insone o poeta?
Parece um tanto maluco
Essa gostosa tradição
Poeta ignorar o cuco
Pra degustar emoção
A noite passa sem perceber
Há palavras pelo chão
Ver o dia amanhecer
Sonolento de ilusão
Basta um bater de asas
De um pequeno beija-flor
Uma rosa, cheiro ou sabor
E outra vez a mão na massa
E por estar na primavera
Seu coração é um manto de flores
Pulsando por novos amores
Que veio como flecha certeira
Diná Fernandes
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário