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domingo, 6 de novembro de 2011

PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!


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MEDIDA CERTA

Aquele jardim tão lindo
De mil flores,mil encantos
Devagar foi sucumbindo

Excesso de água
- de zelo
- de mudanças

Aquela amizade tão linda
De mil abraços,mil carinhos
Devagar foi sucumbindo

Excesso de gentileza
- de presença
- de cobranças

Este poema surgindo
De mil idéias,mil desejos
Devagar vai sucumbindo

Excesso na forma
- de repetição
- de pretensão

Nem tanto à terra
Nem tanto ao mar
Diz um dito popular

(Lage,Mazéh)

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Desamor

Penso violentamente neste amor que me faz amar,
canto que se esconde entre as sombras desfolhadas
da árvore já sem flores,
grito por este sentimento, que é além de mim,
e além do amor.

Seguro-o fortemente pelos seus braços,
vou junto dele em suas viagens imaginárias
de suspiros de dor.

Sinto-me fundido em cada coração partido,
em cada esperança rasgada jogada ao vento,
sou forte, impenetrável.

Lanço-me aos mais longíquos dos espaços,
atravesso a barreira entre o vivido e o não vivido,
sou idéia rolando no espaço, perdido em algum lugar,
esperando ser colhido por uma mão que me acalente.

Incorporo-me numa forma,
sou leve, sou pluma que tem a sua direção
guiada pelo vento.

Não mais que de repente inexisto
e sou novamente idéia descabeçada,
vou para além de todo o espaço e disperso-me
sobre a rede das coisas não compreendidas que há
muito esperam ser pescadas por algum abraço
desmedido de amor na sua forma alva e pura.

Sou ciclo interminável de promessas,
que ora são cumpridas,
que ora não são cumpridas,
enlaço-me, desfaço-me, giro.

Mauricio Devigo

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Ganharam o lixo

Digitalizadas, é verdade
as cartas que escrevi pra ti
eram e-mails encharcados de paixão

Reinicializadas, elas foram
e julgadas como tempo perdido
eram entulho em meu coração

Atualizadas, como lixo eletrônico
as cartas que escrevi pra ti
eram caracteres vivenciados na ilusão

Virtualizadas, é verdade
e publicadas em tempo invertido
eram modernas demais pra tua concepção

Anorkinda

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A alma e a Criatura.


Misturam-se a plebe,
doce alma e criatura,
buscam-se em verve,
na poesia a certa altura.

Dispensarem-se jamais,
tornam-se essência,
vivem de tristes ais,
escolhas de sua vivência.

A alma e sua essência evoluem,
no silêncioso interior do coração,
uma e outra, outra e uma, sem ilusão!

Tornam-se meditativas e tão fecundas,
que já não se reconhecem mais na vivência,
apenas no espírito de Sua Onipotência!

Godila Fernandes

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BORBOLETA AO VENTO

São asas tão coloridas
Voando alegre , ao sol

Pousa leve embevecida
Nas asas do girassol

A borboleta sem medo
Desafia o forte vento

Venceu do casulo o segredo
Resiste firme ao sopro ciumento


Amélia de Morais

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CONFIDÊNCIAS

Esse céu aconchegante,
cálices de absinto,
versos de Drummond.
são poderoso ópio,
vícios inebriantes,
indícios que sinto
de emoção; induzem
a gente a viver como riacho.

[gustavo drummond]
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MENSAGENS SUBLIMINARES


E agora José, e agora poeta,
quando tua linda verdade,
descaracterizada da fé
na tristeza da humanidade,
vira lavagem cerebral
vira povo sem identidade,
em cada mensagem infernal.

E agora poeta, desgraçados,
os que semeiam a subliminariedade,
de mensagens sempre iguais,
transformando em primitivos tribais,
um povo inglorie, devastado,
pela impotência de amar ou só ser!
Mensagens do inferno, do caos!

E agora poeta, que semeiam
mensagens subliminares a "mão cheia"
e mandam o povo desistir de pensar,
e, não pense poeta, que as crianças estão livres,
é nelas que reside a esperança de um futuro,
onde o cabresto existe na mente que semeia.
É triste, poeta, ver um povo zumbi, afinal!

Porém, poeta, querido, que amou tanto,
que lutou utilizando-se da libertária "pena",
descanse na verdura, sem tristeza, tua alma serena,
pois com certeza, poeta, Deus não dorme,
e estes trevas que desestruturam o ser,
também são filhos pródigos, farinha do mesmo saco,
são caminhos de escolhas, na sabedoria do livre-arbítrio !

Godila Fernandes

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RETALHOS…

Por mais que a vida tente corromper a esperança
Encontro beleza no sorriso da criança
Que com ingenuidade, me faz acreditar...

Por mais que a vida tente apagar as lembranças
Sinto meus antepassados
Presentes em minha essência.

Por mais que a vida mostre demência
Insisto em ser real
Nos sonhos onde faço morada.

E mesmo que a paixão não aconteça
Que a solidão permaneça
Que a vida grite que não
Sigo insistindo que sim...

Prefiro acreditar na morte que inspira
Do que na vida que mata...

Prefiro a ilusão do sorriso
Que deixar de sorrir...

Prefiro me permitir ao talvez
Que me intimidar com o fracasso...

E por mais que a vida corte os laços
Sigo alinhavando os retalhos
Para ressurgir em novo colorido!


Mavie Louzada

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Certa vez um sonho me disse
que aqui nesse mundo não se vive,
mesmo em pensamento
o que seria dos contos sem a ilusão?

Jaz a derradeira ilusão?
Olhos de libertina
no palácio real, todas as rameiras
exibindo criaturas de meus sonhos.

[P. Viajei]

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Mastigavam os
Porcos, porcos
Se mastigavam
Fazendo seu terror.

Umedeciam
Suas barbas
Umedeciam as
Escadas.

Umedeciam em vômitos
Umedeciam em licores
Umedeciam em salivas odores
Umedeciam em sudorese.

[P. Viajei]

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CANTO DE PRESENÇA AUSENTE

Fico só...
E nestes momentos de lembrança
entrego-me totalmente
ao delírio de teus beijos
e sou tua
completamente tua
na imensa distância que nos separa.

E é tão doce a posse
é tão puro o amor...

O nosso amor
através da saudade...
Na mais perfeita entrega
no mais terno dos encontros.

Fico só
e a saudade te traz...
Por isso, só por isso
amo tanto a solidão.


Mavie Louzada

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Alquimia


Tudo se tornando mais fácil
Graças à máquina de gerar a lida;
O que antes eu fazia em uma vida
Agora é, somente,
o que mais faço.


(John Borovisque)

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Portas Abertas

OS sábios em pura essência

LOUCOS são.

SEMPRE à frente, atemporal a mente

ENCONTRAM caminho e perdição

AS redenções são criadas

PORTAS jamais fechadas... Sabedoria e percepção...

Do certo, apenas o

CÉU é incerto, mas sempre de portas

ABERTAS para as almas incertas, entre a loucura e a salvação.


Mavie Louzada.

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Poema palavra

Escrevo para as palavras nao me ultrapassarem com suas lembranças apagadas no instante presente,
Escrevo para as palavras nao me sufocarem com a solidão do instante,
Escrevo para me libertar da saudade de outrora, quando os passaros migravam para o verão em busca de calor,
Escrevo para gritar, e desfazer a cordas que me prendem no passado,
Escrevo para respirar e sentir o gosto das palavras,
Escrevo para viver, e vivo para escrever versos soltos no outono da primavera,
Versos floridos, secos, como as arvores que renascem do inverno,
Palavras soltas, versos rasgados, poemas surdos, silenciosos, que se desfazem no tempo

Mauricio Devigo

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