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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011



RESULTADO

8º CONCURSO DE POEMAS

PEQUENOS GRANDES POETAS!



ABRINDO A MALA DAS LEMBRANÇAS...


Colcha de Retalhos

Descobri-me de recortes
Pequenos pedaços de vida
Lembranças, no tempo cerzidas

Pequenos retalhos, reminiscências reunidas
O cheiro do café torrando
Crianças, no quintal brincando
As pazes, depois das brigas

A avó, a lenha, o machado
Os golpes e os tocos rachados
No forno de barro, brasas queimando
E o pão caseiro assando

Pão quente com manteiga e café
Manga chupada no pé
Avô que dedilha viola
E com voz rouca, cantarola

Q suco de groselha
Frango assado e macarrão
Um banquete, eu pensava,
Devorando meu quinhão

Desses retalhos faço minha colcha
Mas, só costurei os bonitos
Joguei fora os feios,
Rasgados e aflitos

Porque quando envolver-me em seu todo
Serei eu, o todo nela
E serei saudade de lembranças idas
Gostos, cheiros e bons pedaços da vida.

Célia Sena
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O ALMOÇO

Quando menino,
eu brincava de pescar.

Era uma brincadeira séria
com direito a um almoço de verdade.

Divertido, que eu nem me importava
que o peixe fosse servido
só com farinha e sonho.

DANNIEL VALENTE

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SOMBRIO

Ainda sou uma criança
mas
foram tantas
porradas
levadas
sentidas
incrustadas
No espetáculo sombrio
da minha vida
que o meu triste coração
só quer falar o que sente
Ele está cheio
Ainda
não encontrou uma mala
Uma sacola
com tamanho suficiente
para carregar o que esborrou do coração
Estou no abandono
Sou um "cão sem dono "
sem opção
O mundo não cuida de mim
ando humilhado
escanteado.
Aqui no lixão
Não encontro ninguém
Só me acho em Deus
Para dissipar os problemas meus
Uma esperança
UM ACREDITAR
para seguir meu caminhar.


Ana Maria Marques

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Nosso primeiro mergulho

Aquele tão vasto mar não me parecia em nada assustador
a proximidade de ti e tuas mãos a segurarem as minhas
me davam a exata sensação do que era estar segura

peixinhos coloridos a rodopiarem entre nós
e o grande peixe cinza que só a ti assustava

Na areis pequenas montainhas
pareciam uma eternidade de paz
e a leveza com qual dançavam as algas
me lembravam o balet...

mergulhei no azul daquelas águas
como se adentrasse teus sonhos
teu amor pelo mar era maior que o mesmo

Hoje este amor vive em mim
e de salgado, só a saudade de tuas mãos

E aquela sensação gostosa
que amantes do mar sempre se encontram novamente
nas luas cheias de sonhos
ou em alguma faixa branca de areia.

Márcia Poesia de Sá

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DE MÃOS DADAS


Minha paisagem é por inteiro!
Sem ovelhas nem pastores,
Mas com galinhas brancas no galinheiro,
O abacateiro...
Roupas coloridas no varal
O pé de amoras, o formigueiro...
Até o cheiro do quintal!

Tudo fica numa caixinha,
Bem ao lado da ladainha
Que minha mãe punha-se a rezar,
Lá no fundo da memória.

E quando eu quero recordar,
Abro, devagar, a caixinha,
E a menina que está lá dentro,
Vem correndo me buscar!
E nós saímos de mãos dadas,
Ela me ensina a temer nada,

E numa cúmplice parceria,
Ela me reconstrói a alegria,
Do pé descalço na enxurrada,
De olhar o arco íris
Logo depois da chuvarada!

E quando ela volta pra caixinha,
Que gracinha!
Bem velhinha!
Aí sou eu que começo a engatinhar!

Marlene Caminhoto Nassa


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O Voo das lembranças

A aura era lilás
o lilás dos mistérios...
E de repente me vi
abrindo um baú interior...

A primeira lembrança
que voou faceira,
foi de meu vestido
de bolinhas...
De uma fase vaidosa.

Junto a ele estava
a caixinha branca
de bijouterias...
Com gaveta e figurinha.

Depois vieram lágrimas
a querer expurgar
dores passageiras...
Daquelas que criança
verte sem querer.

A cachorrinha Lolita
veio, meiga, ladrar
com saudade do tempo
em que era filhote...
Muito dengo recebia.

Junto dela os canários
Espoleta e Camões
cantaram alto...
Como nas tardes febris.

Minha vó passando roupa
e meus desenhos a giz
espalhados sobre a mesa...
Rabiscos de doce sabor.

Foram os flashs mais vivos
que voejaram a minha frente...
Fechei depressa esta fonte
inesgotável de saudades...

Anorkinda

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Lembranças




Chegamos a tempo
em tempo de sermos lembranças
em tempo de tê-las,
de ouví-las, nossas crianças.


Nem sempre o diabo foi diabo
e o mandacaru da palavra
foi de comer;
Chegamos a tempo de viver,
Não morra.


E quem disse que devemos aplaudir
quem nos tem como lembranças?
Nós não somos crianças?
Não viemos mesmo aqui pra rir?


Os reis do pedaço
não do bolo inteiro
Chegamos em primeiro
na falta de espaço


Até a princesinha
Vir até mim, e se despedir
Pegar aquela lembrancinha
E, sozinha, ter de sumir.


Chegamos a tempo
em tempo de rir do que a nós não coube
Eu me lembrei sim, de ti
Você é que nunca soube.





(John Borovisque)

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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!


* * *

VOZES DO SILÊNCIO

As palavras cruas, ora adormecidas
As margens das tantas cicatrizes
Repousam plácidas e esquecidas
Entre marcas dos grilhões e de chibatas

Um soluço triste de dor e servidão
Se perdeu em meio a vasto deserto
Não encontrando o eco verdadeiro
Sempre cúmplice e fiel companheiro

Feito navalha, um vento cortante
Sangra de morte as almas silentes
Outrora vivas de tantos anseios
Desejos de liberdade, amores e enleios.

Hoje absolutamente sós,sem guarida
Seguem aflitas entre mitos e medos
Tentando desvendar quais os segredos
Se escondem na "caixa preta"desta vida

Múltiplas sensações se apresentam
Juntas aos paradoxos e preconceitos
Buscando achar espaço para as vozes
Que gritam aos moucos abismos do silêncio.

(Lage,Mazéh)

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* * *

Como parar a chuva ???

Um belo dia acordei,
não havia mais aplausos,
cheiro de pipoca
nem risada de criança.

Pintei meu rosto,
pus meu nariz,
calçei meu vasto sapato
e lancei-me ao temporal.

Meu copioso pranto
confundia-se
entre lágrimas e chuva.

Sai a cantar,
tentando forjar
uma alegria
para a impassível platéia.

O tempo abriu
e o sol chegou,
refletindo sua luz
sobre meus olhos
borrados e tristes.

Olhei para o céu:
A chuva passou,
continuei chovendo.

Thiago Cardoso Sepriano

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* * *
Borboleteando

Deixou o casulo,
secou as asas e voou
leve, livre e solta,
pousando de flor em flor...
Depois de um parto dorido
gestado em anos de dor.

Liberdade era tudo que queria,
sentir o prazer de um novo vôo
pousar onde a atraia a cor.

Borboletear... Nos teares do roseiral,
tecer um sonho bonito
nos fios do essencial.

O espírito até então enclausurado
tinha ânsia de bem querer,
o néctar da liberdade
queria em sofreguidão sorver

Pousar na pétala de felicidade macia,
realizar sonhos de sua autoria,
pousar num ninho sem
correntes
onde apenas houvesse um beijo quente.

Carmen Vervloet

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* * *



(clique para ampliar)

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* *
Prá ser Poeta.

...Posso falar o que acho?
Prá ser poeta...há que ser macho
No gume da lâmina
No fio da navalha
Cortar a palavra
Na hora certa
Deixar sangrar
A dose exata
De saber
Do silêncio
Do despertar
Do esperar
De percorrer
Os meandros
Da alma
Feito escafrandros...
Buscando a saída
Para aliviar
A pressão
A opressão
O sufocar...
Respirar aliviado
Sem pagar
Aquilo que não tem preço
Apenas apreço...¨¨¨¨ (Lage,Mazéh)

.


* *
Lugar Sagrado


Da essência verde que respiro
vem a sacralidade deste lugar
onde, humildemente, me inspiro

Transcendência de meu eu nativo
impele-me, imperiosa, a versar
no pulsar do vermelho redivivo

Do espelho das águas doces
vem a naturalidade de amar
como a fluírem rios e vozes

Mistério de um Grande Espírito
enleva-me, poderoso, a falar
na manifestação do infinito

Anorkinda

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* *
Pois todo amor cai como uma bomba
 
 
Quando amamos um amor,
queremos que ele nos venha
todo engomadinho, todo bonito.
Santo amor que nos convenha!

E não digo que isso esteja errado.
Certo.

Porém,
não se pode exigir uma flor
sem que mesmo possas amar,
condenar o outro a um olhar
que não o seu, de amor.

Beijo.
Uma forma carinhosa de afeto.
- E se eu não quiser beijar?
Aí, tem o abraço.
- Não quero amar de perto.
Ainda há o sorriso.

E não digo que isso esteja passado:
Presenteie-se.
 
 
 
John Borovisque.

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* *
Quase nada

Pela metade é quase nada
Ou quase tudo
Nem é cheio
Nem vazio
Um poema é o meu tudo
E o meu quase nada
Se o que escrevo transborda
Se o que eu sinto é pelo meio
O que importa
É que ele todo me...
Preenche.

André Fernandes

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* *

***Fadinha Sapeca***

Sou levada sou sapeca tenho cara de boneca
minha face é sorriso como doce se preciso
Pego agulha da vovó e na linha dou um nó
ai, ai, ai, o meu dedinho tá doendo coitadinho

Mas eu fiz uma proeza que ficou uma beleza
com agulha da vovó eu furei o pão de ló
A vovó ficou danada e me deu uma palmada
de castigo no cantinho sem fazer um buraquinho

Eu chorei de fazer dó mas não teve trololó
e bati o meu pezinho só pra receber carinho
Desta vez não teve jeito o soluço no meu peito
empurrou a gota dágua que veio com muita mágoa

E correndo pelo rosto com um pingo de desgosto
apagou o meu sorriso que de leve no improviso
fez a cara tão safada com encanto de uma fada

Que conquista o carinho e o amor vem de mansinho
num abraço caloroso e num afago gostoso
eu ganhei o meu colinho e também um pedacinho

Do famoso pão de ló gostoso como ele só.
by
***RosaMel***

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* *
Meio Riso

A rotina crava seus punhais na epiderme dos dias.
No centro da felicidade faz um rombo a melancolia.
Entre os tropeços e os tombos restam só metades.
Já nada é inteiro, tudo avesso, inclusive a felicidade.

Assim vivemos pelas beiradas; o coração ao relento.
A madrugada é mais clara fora; muito escura dentro.
Sem noção, pedaços da alegria, chão, ávido, comeu.
Como os abutres devoraram o fígado de Prometeu...

...E esse maldito controle remoto desligado para mim.
Fico vendo a vida passar, sem saber se vou ou se vim.
Que bom! Há a bendita esperança; ah! Verdes guisos.
Som que extradita desalento; ainda rio com meio riso!

Rosemarie Schossig Torres

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* *
(clique na imagem para ampliar)

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* *

Eu e ela

É madrugada e acordo sem mim, corro pela casa a minha
procura e finalmente me encontro. Dedos inquietos, mente capenga, olhos
fechados e caem de meus dedos letras febris. Apenas me entrego a página e
me deixo escorrer. Do lado de mim, me sento, acendo um cigarro, coloco o
ultimo café da garrafa e só me observo...
Nada de real ou tudo de
real escrevo...vicio de me reler nas madrugadas. Vicio de me ver em
frases e nem sempre o espelho me descreve, so os papiros me compreendem.
Danço pela sala das memórias e recosto a cabeça naqueles abraços que ja
me deixaram.
Fome de sono! vou até a cozinha e provo um pouco de sonho...mas está frio e tem neblina.
O
ultimo gole do café e eu não paro de escrever...me deixo ali no
computador e vou fazer outro café, posso até escutar-me continuando a
história...volto. Tento olhar-me nos olhos mas eu não tiro os olhos do
teclado não adianta eu me chamar atenção.
Nada me tira desta entrega. Tomo meu café agora quente e me deixo em paz...
A fumaça do cigarro me incomoda os olhos e olho para mim como se me perguntasse
-Porque não vais dormir e me deixa escrever?
Nada respondo, finjo olhar para a janela e lá fora, uma lua gigante gargalha.
Agora
vou me vendo escrever mais devagar, a mente começa a se deixar possuir
por mim mais uma vez...levo-me para a cama e vou reencontrar-me
novamente só amanhã...na próxima madrugada.

Márcia Poesia de Sá

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* *
Declaração Marinha

O cheiro de maresia
Areia fina
tocando meus pés
O banco das conversas
A doçura dos ares..
O megulho em águas mornas
Minha praia
é a minha casa
minha vida
minha autocompanhia
De onde vem esse gosto
em mim?
Será que vem do sol
que cai exatamente sobre mim ?
Porque ele é breve
A vida é breve
Assim
Feito um mergulho
sou almirante
Do meu sonho
Num carinho
para você
ondas vieram me transformar
em teu perfume
teu cheiro de mar
- meu doce cristal
- meu a (mar) .

Ana Maria Marques

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