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sexta-feira, 15 de julho de 2011

PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!


* * * *
Faces das Fases Vividas...

Não tenho mais o mesmo rosto
Não sinto mais os mesmos gostos
Não tenho mais a avidez de outrora...

Já não me preocupo mais com a hora
O meu tempo eu mesmo faço
E cada segundo recebo de bom grado
Como dádiva divina.

O espelho não me mostra mais
A doce face de menina
Mas as marcas de expressão
Dão-me firmeza e razão
Pois hoje sei que tudo passa...

E essa mudança vagarosa e simples
Não depende de permissão
Pois é certa como a morte...
Só não envelhece quem antes morre
De conhecer as faces
Das lindas fases da vida.

Mavie Louzada.

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* * *
Mulher Madura

A mulher que hoje
sorri
por alguns anos
esteve presa
em desejar ser .
Ana
frente a frente
com suas marcas
livrou-se de suas amarras.
Teve coragem
se despiu das mágoas
se vestiu
em milagre de ser ela mesma.
Deu um basta
em acreditar no destino
que os outros com o tempo
lhes proporcionaram .
Ana
finalmente
colheu para si
uma janela de poesia
para compreender
que seu viver
não tem intervalo
numa alquimia em perfume
de renascer .

Ana Maria Marques

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SEPARAÇÃO

Fragmentada eu existo
Separada em vários tomos.
Que ligação haverá
entre os pedaços e o todo?
Se eu pudesse resolvia
esta proposta intrigante
de um artista a criar
Mas tiveste pressa em sair...

Sou os quadros da parede
que tu esqueceu de levar.

Gladis Deble

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***Gosto de Saudade***

Afasto minha tristeza, relembrando em alegria
o gosto da framboesa, no teu beijo de agonia
E correndo entre os canteiros, com espinhos a ferir
nos teus braços prisioneiros, e nos beijos a cobrir

Onde toda fantasia, que embalava a juventude
foi num canto de euforia, que te amei em plenitude
Do mato relembro a cor, do riacho a cantoria
da tua boca o sabor, do teu riso a alegria

São saudades que eternas, ressoam no peito ardente
na pele tuas mãos tão ternas, na boca teu beijo quente
Por isso minha tristeza, eu canto com euforia
pois eu tenho a certeza, que nasci naquele dia.
by
***RosaMel***

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Dentro

Bem por dentro
vive sentimento
vive homem
vive menino

Vive a vontade
de mudar o destino:
necessidade

Vive o que sente
e sente o que aceita
dentro do coração
é vida viva, desperta

Coração que sorri
sempre que vê
enquanto afaga a mão
do seu bem querer

E sussura baixinho
pois o amor não alardeia
Te amo assim!
Pulsante na veia


Rô Olem

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O Fio da Palavra

É o nó da tessitura
pronunciada por Penélope
que junta os fios da mistura
Foca os eixos do discurso.

Difícil é dizer o indizível !
Na trama do manifesto
Revelador da poesia
Realiza o movimento.
Vindo a frente faz cultura...
Várias linhas transversais
nas tramas fio por fio
unem bem os pensamentos.
Num casulo bem formado
Seda pura ao natural,
Faz das palavras ninhal.

A fala que proferimos
dom gratuito e afinado
derrama-se por total.

Gladis Deble

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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Do tópico

PARCERIA LIVRE



SAMBADA
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Samba da alegria
reina absoluto e absinto
absurdo e abstrato
nos pés do menino maluco
nos quadris malucos da menina
reina simples e sincero
sagaz e saudoso
nos olhos da velha guarda
nos gestos do mestre-sala


Samba da nostalgia,
Tesouro da velha guarda.
Concretizou-se na mente
Da porta-bandeira
E do mestre-sala.
Estandarte do passado,
Retido na memória,
Gravado nos quadris,
Sempre louvado
pelo aprendiz.

Amélia de Morais e Jane Moreira

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"Cultivando a flor"


É primavera agora
E lá fora sinto o mundo mudar...
Por que não mudo eu, cá?
Por que me persegue essa dor?
Se lá fora tem calor, sol a brilhar...
Dentro de mim a noite escura,
Sempre presente...
Abro os olhos da minha mente,
Mas meu coração não se deixa enganar.

É primavera agora...
As árvores ostentam sua beleza
E as flores se multiplicam,
Em festa toda a natureza.
Eu aqui, vestida de inverno,
Fria, cultivando a dor,
Enquanto lá fora,
Pessoas cultivam a flor.
Bastaria um beijo terno,
A presença do meu amor...
E eu me vestiria de flor!

Stella Vives e Jane Moreira

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ANELO

Mergulho no azul de teus olhos
Alcanço veloz, o infinito
Encontro em tua alma abrigo...
...Paz onde faço morada.

E no vermelho do teu sangue
ardo no fogo da paixão
e louco, eu peço, mendigo
os braços da namorada.

Mavie Louzada & Amélia Moraes

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segunda-feira, 11 de julho de 2011

PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!

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A Gavetinha de costura

Pequenos detalhes, aviamentos
na gavetinha de costura guardados
organizados no carinho bem prendado

Pequenos gestos, artesanais
nas mãos de costureira dedicada
ligeiros nas manobras bem cuidadas

Pequenos pontos, refinamentos
na visão perfeccionista, detalhada
arrrematados na perícia bem treinada

Pequenas lembranças, especiais
nas saudades dos tempos passados
inteiros de amor ao teu lado

Anorkinda

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* * *
Ávida

Basta de teoria,
De discurso pronto,
Da retórica ensaiada,
Da demagogia
Quero agora falar da vida, ávida
Que respira, grávida
Que sangra e grita
Desde o parto, mágica
Até a morte, trágica

Sempre avessa
Ao que o papel confessa,
Inversa às instruções da bula,
Imersa no impossível.
Sai da margem, foge, burla
Escapa pelos cantos, pula
E berra a plenos pulmões
Que estar vivo, contagia,
Abraça, laça, vigia,
Acende a fé, anistia,
Decifra os sinais, grafia
E reescreve-se, dia à dia
Na linha do tempo,
Destino, profecia.

Célia Sena
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A MOÇA

Quando a vi passar
A percebi tão linda, tão viçosa
Vibrante, impetuosa...

Eu a quis tocar
Sentir aquela pele achocolatada, macia...
Sentir seu cheiro de café coado,
Acanelado... adocicado!

Quando a vi passar
No espelho da minha memória
Eu a quis guardar,
Para não perdê-la nunca...

Ah! A moça...
A bela moça que fui...

Viviane Ramos

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OS ANJOS



Meus anjos não voam
eles se aproximam
sem serem reconhecidos
e muitas vezes eles
sem saber
que o mundo povoam
não se reconhecem
como anjos
no xadrez celestial
das vidas
assitidas pelo sol



Outro dia um anjo
me telefonou
e'u de saída
para ir na rua
buscar um lache
em meu corre-corre diário
perdi a hora
e quando cheguei
na lanchonete
um assalto havia acabado
de acontecer no local
O chato do telefone
era meu anjo



Naquele inicio de julho
no impronunciavelmente dia triste
um anjo voltou para o céu
em sua bicicleta
e um poeta chorou
se quer a poesia
lhe devolveria a graça
do que restou da vida
mas poetas-anjos
deram as mãos
ao redor de sua dor
e oraram por eles
que vestiam tristeza



Os olhos de lágrimas
embaçados do poeta
não podem ver agora
mas a missão do anjo
cumpriu-se
e os céus
o pediram de volta


É melhor tê-lo eterno
no coração
do que chorar pelo anjo
que voltou para sua terra
de nuvens fofas
e imensas paisagens
que olha lá de cima
Intercedendo pelos seus


O anjo leva
o sangue do poeta
o amor de sua mãe
as histórias com os amigos
o amor de irmãos
em sua existência terrena
em memorias angelicais


E a fé em Deus está aqui
para abraçar
os órfãos do anjo
aperta-lhe a mão
garantir que
um dia se encontrarão
em terras celestiais
O anjo vive
no coração de quem
o ama.

Zaré Moreira

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VÍTIMAS DE UMA PAIXÃO

Às vezes, esquecemos o que somos,
Quando tomados pela emoção
É aí, que vale o que temos...
Corpo, alma, mente e coração.

Somos metades que se procuram
De um ser que se completa!
Profecias que se encontram,
Um perfeito amor de poeta!

Se for para vivermos distantes
A vida não tem sentido!
Se for para morrermos como dois amantes
Sacrificado estou para morrer contigo!

Alimentam-me os teus beijos
Mais que outra coisa qualquer!
Ó, fonte dos meus desejos,
Fazei de mim o que bem quiser!

Sou teu escravo, teu amante,
Teu Romeu, teu amigo!
Se for para vivermos separados como antes
Leva-me junto amor, que morrerei contigo.

Poeta Urbano

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CORAÇÃO DESERTO

Hoje hipnotizado, eu olhava pra lua
Intensa e tão linda! Lembrava você
Eu falando sozinho, sentindo saudades
Da felicidade, do nosso prazer...

Recordações que resistiram ao tempo
E meus pensamentos, surtando teu rosto
Na pele, os riscos das tuas ações
E a boca ainda seca, lembrando teu gosto

Nessas noites vazias, a saudade me mata
A tristeza é uma faca que não sei disfarçar
A brisa que passa, é repleta em teu cheiro
E no meu desespero, espero você voltar

Quando chega a noite, o quarto é vazio
Os lençóis são tão frios e a cama é tão vasta
Mesmo em outras bocas, não tenho prazer
E a falta de você, aos poucos me mata

Quando chega o dia e acordo sozinho
Procurando carinho e este não vem
Pois o meu coração é um deserto
Onde só vive você meu bem.

Poeta Urbano

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POBRE DE NÓS...

Pobre de mim, na descoberta da vida
Tristes memórias em meus pensamentos
O sol parecia que incendiava a terra
Sentia o inferno na pele a todo momento

Pirão d’água quando a chuva ajudava
Um carne com sal bem queimada no sol
Cortar palmas para alimentar as cabras
Irrigando com suor a terra! Ó Deus tem dó!

Quanta ironia a que pesa nessas terras
Maior ainda, o fato de ser sido mar o sertão
Sob teu solo, abundância de águas
E sob o sol, a seca devasta sem perdão

Quanta receita social gera estas terras,
De gente guerreira, humilde e sofrida?
Que a cada 2 anos, recebem promessas
Mas, nada muda. Não ligam pra suas vidas

Tomara, ó meu Deus! Tomara!
Que nasça um mar d’água doce nessas terras
Para acabar com a dor de teus filhos humildes
E os homens de terno não desviarem estas verbas.

Poeta Urbano

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Quase

de ti guardei os gestos vagos
os lábios semicerrados
os olhos baixos
nas flores que pendem do vaso, murchas
pesam tuas escusas

tentei equilibrar-me no quase amor sustenido
cavei sentimentos onde não havia escolhas
restaram-me bolhas nas mãos
e uma cova repleta de vinho e lágrimas
único oásis no deserto deste áspero tapete

sob a pele ainda queimam cicatrizes
em todos os matizes da dor

de ti guardei os gestos vagos
e esta palavra 'quase'
dependurada no lustre
gotejando na torneira
fazendo sombra na minha vida

espero as novas estações
quem sabe uma reinvenção do corpo
ou então uma inversão do olhar

por via das dúvidas
deixo teu prato e garfo sobre a mesa

Helenice Priedols

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O mar

Oh mar! Imenso e profundo
encerra no seu ser
mistérios de outros mundos
gemes, gritas e clamas
e apesar do teu furor
morre manso na praia

Seja com mar batido,
com ondas que nas rochas esbarram
formando espumas na rebentação
ou as vezes manso, abatido
como um bicho que come na mão

Oh mar! Tu és um camaleão
tens um atavio estranho
de transparente prateado
e de variedades sabores
de brilhos variados

Tens o gosto salgado
Tens o cheiro de maresia
dos limos junto aos pilares
dos frutos do mar
num coquetel de alquimia

Joseph Dalmo

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DESCOBRINDO A LUCIDEZ!

Analisando a mim mesma...
com minha visão...muito pouca...
eu, que sempre viví como uma lesma...

Cheguei a conclusão: eu quero ser louca!

''Louca''para ser feliz...
''louca'' para amar e ser amada...
''louca'' pra viver por um triz!

Jogar pro alto essas idéias de pecado...
chutar tabus...
e se com um amor ao lado...
em noites ''quentes'', nadar nus...

Não sabia que seria capaz...
de sentir esses desejos! (só muito tormento!)
é que o tempo passou...''sobreviví'' demais...
e, se até com a solidão, tomei acento...

Se é que tive alguns bons momentos...
porém, nunca, jamais, passei de uns pensamentos...
viver de sonhos nunca mais.

Vou curtir a vida,como eu desejar.
e essa grande vontade, que me invade...
de buscar a felicidade...
sempre com ela quero estar!

E, se isso é ser louca...
não querer continuar cega pro viver...
sair dessa vidinha rôta...
desejar ter um renascer...
então ''louca'' quero continuar!
e é pra já!


Valdilene D M da Silva

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Falando sério

Não há em mim sequer uma veia que compreenda o porquê de seguir
Partir o rio em meio às teias é como o cacho desistir de florir
Não há em mim um só silêncio que compreenda seus sentires
Eles sentem vibram e falam mas se calam se insistes
Não há em mim uma só gota que consiga viver sem emoção
Há na verdade corredeiras, correndo sem direção
Não há duvidas nem torrentes, nem certezas e nem coisas pungentes
Há uma reticência gigante, infinita em cada mente
E mutante em cada instante
Sou o que sonham as brumas, o que derrete das geleiras
Um mar de azuis e verdes, um veleiro na banheira
Algo de duro e de suave, algo que escorre sem margem
Algo que por mais que eu escreva
Esconde-se em outra face. Sou um papel em branco
Descolorido por fases.

Márcia Poesia de Sá

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Poesia triste

Por observar a vida ao largo
deixando que ela flua na corrente
dos ventos e marés e emoções diversas...
É que os versos vem tristes
pousar nestas folhas virtuais
invisíveis e insensíveis e fugazes...

Por deixar o tempo passar
em seu desfile bailado, esvoaçante...
É que escrevo odes à tristeza
bela e inconstante e algo dramática...

Por gostar de viver, sem embargo
vou deixando inscrito na vertente
dos sonhos e realizações e fés diversas
a inspiração que me faz mais forte!

Anorkinda

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O espelho me diz

Hoje me olho no espelho
Vejo-me e me reconheço
Ergo a mão, curvo o joelho
A cada dia que amanheço.

Tenho rosto mais cansado
Minha pele está diferente
Meu cabelo esbranquiçado
Mas sinto minh’alma quente.

A fé em mim inda continua
Os versos da vida também
Meus olhos inda vêem a lua.

Sigo o curso da minha vida
Tropeço, porém me levanto
Deus não me deixa perdida.

ღRaquel Ordonesღ

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O HOMEM

É o grande estuário
Da tradução do espírito por meio da matéria
Nele , em uma única existência
Não daria para desenvolver seu prêmio .

Sei que a vida vale a pena
Quando sofre , transformações
Assim , o espírito começa
Suas faculdades intelectivas , afetivas , em lições .

Arte
Faz parte
Da perfectibilidade

Dos conhecimentos
Da aprovação da matéria
Em sentimentos mais apurados .

Ana Maria Marques

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Abalo Sísmico

Deixo-me dominar
E entrego meu corpo
Trêmulo
Ao toque que me devora
De outro corpo
Que não sou eu,
Mas ao qual pertenço
Quando este me habita

E o universo rui
Ante os tremores
Nascidos de espasmos de felicidade

Célia Sena

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* *
SÓ MAIS UM SER

Dou mais uma chance a razão
Saindo do meu refúgio careta
Vago na galáxia dos incertos
Sem querer povoar nenhum planeta

Me lembro de uma época remota
Uma casca de ovo inquebrável
Por dentro um grande tesouro
Por fora muro branco sem porta

Sinto grande aperto no peito
Respeito o meu modo de ser
No culto a beleza, piso com despeito
Uma rosa, espinho do mal querer

Com singela venda de fogo
Fico cego, quente e vaidoso
Quando toca-me quebrando a casca
Me forma um homem de um feto formoso

Muito além de mais tudo
Obtuso, convexo e concreto
Um vampiro banguela na boca do mundo
Um ser feliz, alegre e incompleto

André Anlub

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ABANDONO

Me esqueço entre outros braços
Outros abraços
Tantos, tantos, tantos prantos
Todos sem pontos
Ou seguidos de reticencias
Urgências

E agora, por onde sigo?
Seus olhos na são abrigos
Seu corpo, pura visão
Riscada nos olhos do coração
E agora, o que faço?
Meus nervos não são de aço
Meu corpo, campo minado
Em busca de passos enamorados

Me aqueço entre outros braços
Outros abraços...
Seguidos de reticencias
Ausências


Amélia de Morais

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JÁ ERA VOCÊ

Sempre que eu olhava as estrelas,
Sempre que me encantava com a lua,
Suas luzes sempre me instigavam segredos,
Sempre me apontavam mistérios,
Que eu me prometia ainda desvendar.

Hoje sei de tudo que elas insinuavam,
Tudo que me incitavam descobrir,
Agora sei que zombavam da minha solidão,
Pois sabiam que eu iria te encontrar.

Estavas sim contida no cintilar das estrelas,
Vivias nas luzes cálidas das noites de luar,
Já lias os poemas que eu compunha,
Nas noites tristes em que te buscava,
Já tão certo de te encontrar,
E sem querer, já querendo te encantar.

Agora, quando deslumbra a lua cheia,
Assemelho toda a sua luz encantada,
Ao encanto com que você privilegia,
E assim banhado da luz que vem de ti,
Eu vivo cantando a vida que levamos,
Mesmo nas noites sem luar.

EACOELHO

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RESOLUTA

Será eterno cada momento contigo
Eis que o instante de partir é chegado
Anuncia a aurora em manhã tão fria
Que nada supera o que sinto ao teu lado

Que foi Romeu, tantos anos atrás,
Cujo amor tão pequeno, diante de nós?
Teu corpo entregue em resoluto encanto
Loucuras a mil! Teu cheiro e tua voz...

Projeções inversas do nosso conjunto
Buscando viver o divino, o sagrado!
O belo mais torpe, em ti, resumido
Exposto, viril! E que fosse pecado!

Inda sinto riscar minha pele, sem dó
Tuas unhas e dentes por toda extensão
Tal qual leoa marcando o que é teu
Pertenço a ti e as outras, saberão

Fico inteiro, mesmo que em despedida
Rindo da vida e de seus embaraços
Metades de mim, caminham vazias
Mas sou completo, posto em teus braços.

Poeta Urbano

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* *

POUCAS LUZES

Da mureta da sacada já perto do céu,
Nas alturas de um prédio dentre tantos,
A noite me acoberta e meus olhos passeiam,
Pela cidade toda acesa, ofuscando até as estrelas.

Os pensamentos também passeiam,
Ora pela cidade colorida de luzes e neon,
Pelos prédios ao longe, pelas ruas pequeninas,
Supondo as tantas vidas contidas naquelas entrelinhas.

Debruçado ali, na soleira das alturas,
Minhas lembranças criam asas e me jogo,
Num vôo pelo tempo que as luzes me instigam,
E passeio sobre a cidade, sobre as luzes, sobre o presente.

Sobrevôo meus dias, vago no tempo,
E me avisto menino, temendo o escuro,
Daquelas noites cerradas, quando a lua fugia,
E as luzes dos lampiões eram tão parcas, insuficientes.

As noites na minha infância eram mais noites,
As luzes das minhas lembranças eram tão poucas,
Quando olhava para baixo não via luzes quaisquer,
Mas olhando acima, via tantas cidades pregadas o céu,
Tão longínquas, tão misteriosas, mas de tantos e tantos sonhos.

Arredo-me da sacada a passos lerdos,
E já não mais avisto as luzes da cidade lá embaixo,
Mas continuo vendo imagens que a memória me presenteia,
E assisto o bailar das labaredas dos lampiões de querosene,
Assisto as estrelas cintilando dependuradas no céu convexo,
E a lua que vinha vezes em quando espantar todos os meus medos.

EACOELHO

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