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sexta-feira, 15 de outubro de 2010




* * * * *
Neste meu mundo

Há um mar profundo
De águas cristalinas...
Nele há vales e colinas
Crateras e cavernas
Vernizes e resinas

Neste meu mundo
Há tanta fantasia
Nadando no limiar de cada dia
Entre uma marola e outra...
Há seres mágicos...
E estrelas vestidas de gente
Há peixes professores
E golfinhos contentes
Há fadas que me tomam como irmã.

Neste meu mundo
Há polvos ocupados em rodopios
Apertando os parafusos dos navios
Que trazem como nome, ilusão.

E neste meu mundo então
Sou peixe, sou sereia e caravela
Sou onda, mar salagado, sou cratera
Sou amor, sou alegria e solidão

Nas águas claras
Repinto cada cor com um sorriso
E pincelo assim em improviso...
Cada dourado peixinho
Com minha paixão.

Márcia Poesia de Sá

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Última Fantasia

Eu já fiz chover estrelas
em minhas noites mais escuras,
já venci milhões de monstros em batalhas singulares,
cavalguei léguas a fios nos mais áridos terrenos,
só pra poder salvar o mundo.
Mas os sonhos insistem
escoar pelos meus olhos
enquanto a mágica enfraquece
a cada canto do cuco na parede da sala.

Não espero mais
que o sol caia a meus pés
em meus entardeceres

Queria apenas pegar a lua
em minhas mãos
para brincar uma última vez.


Celso Mendes

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O Poeta E A Folha Em Branco

Um dia, sem querer, nem pensar,
a página vazia enfeitiçou o poeta.
Fez-se imã, gravitação a lhe aliciar,
seduzindo as idéias; atingiu a meta
de ser espelho do verso a se olhar.

Dialogando com o coração de papel
(que não sabe chorar, nem sofrer),
ele quis cercar a dor; dissecar o fel.
E nas linhas do retângulo, converter
os agravos do efeito esponja em mel.

Então a folha foi virando um divã,
onde palavras tristes se deitavam.
Falando ao psiquiatra mudo, em sãs
e belas iam se tornando, brilharam.
Aquela ouvinte ele chamou de irmã.

E foi plantando dilemas no espaço,
que converteu em metáforas, rimas.
Um solo fértil; dos versos o regaço.
Nova imagem ao espelho se arrima.
Poeta já se vê, ainda que meio baço.

Rosemarie Schossig Torres

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Suspiros


Vem no suspiro
Suspirar palavras de amor.
Chega perto e cante no meu ouvido

Adocicadas palavras que fogem
Dos seus lábios, voz macia
Acariciando esse velho poeta.

Diga toda ternura
Que está presa dentro do seu peito,
Mostra-me sede de vontade

Suspira, lança suas palavras
No meu ouvido e me devaneia
E eu tolo poeta respiro,

Dispo-me totalmente,
Fico sem chão, me flutuo
Na fragrância da sua voz.

Então toque a lira do meu corpo,
Dedilha as cordas do meu eu lírico
E suspire em meu ouvido suas palavras de amor.

(Rod.Arcadia)

* * * * *
Ao alcance das mãos

Por que foi que abriram-me as portas?
Por que deixaram-me entrar?
Serviram-me do amor,
Todas as iguarias
Desvendaram-me os olhos
Pra que eu pudesse enxergar
O que antes eu não via
Desabrocharam meu coração
para sentimentos
Que eu, antes, não sentia
E agora, aqui me encontro
Em fria cama vazia

De que me adianta
Tantos portais abertos
Se meus pés têm caminhado
Por caminhos tão incertos
Ora piso nas nuvens
Ora nem passo perto
Se meus pés andam sozinhos
Por areias do deserto
De que me vale tanto amor
Se junto veio a saudade dor?

Suplico então, aos anjos d'aurora
Dai-me asas para voar agora
E levar meu corpo infinito afora
Para pousá-lo leve, ao lado de quem mora
Do lado de dentro do meu coração.

Célia Sena

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NO PAPEL

Derramo o mar no papel
e em meu barco dourado
navego azul.

Meu remo, meu leme
é o olhar que vai,
fascinado pelo horizonte sem fim.

Passo pelo farol, pelas garças,
aceno aos piratas engraçados,
meu barco é um rocinante.

Cada vez mais longe do porto,
do meu quarto de cada dia,
alivio o peso do fardo.

Derramo o mar no papel
e abro estradas, esconderijos...
navego no céu.

DANNIEL VALENTE

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A Arte de Viver

A vida é uma grande Arte, é um ensaio constante.
Arte, caminha com intuição e habilidade para criar e recriar.

Mas, antes de qualquer transformação é preciso
estar em sintonia com Deus.
Sem a sua luz, é viver sob os limites da involução.
Alicerçar a fé é se abastecer de ânimo,
é o bálsamo para a auto-estima.

A mente leve como pluma utilizada adequadamente,
A leveza em harmonia com a personalidade, trás a
Flexibilidade necessária para aceitar as mudanças.

Conhecer a si é descobrir o dons e o talento
Juntar os elementos, escolher os tons e trabalhar
A tela com amor,
Apostar no jogo esquecendo as inevitáveis perdas
sem perder, no entanto o otimismo.

Caminhar de um extremo ao outro,
Consciente que a corda bambeia, e que lá no fundo,
o abismo o espreita, e no palco, há uma platéia
que aplaude ou ignora.

Viver é uma grande Arte,
Há e sobra cores e pincéis
para dar os tons, basta saber
harmonizar dando o toque final.
Compete ao protagonista
Transformar o cenário
Que lhe renda aplausos.

É preciso Amar- se para
sentir o prazer de viver,
e o desejo de compartilhar.
Aí está, a grande Arte da vida.

Diná Fernandes

* * * * *

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Gerúndio

O meu amor virou gerúndio
Tornou-se um vício!
Amando!
Amando!
E amando!

André Fernandes

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IMPRESSÃO

Ruas e rios
habitam o meu corpo

Em cantos escusos
deixam seus traços
pegadas de vento
migalhas de chão

São curvas e retas
são passos, cascatas
são marcas que o tempo
insiste em grifar

São lágrimas, risos
juízo em excesso
um pó de loucura
pedaços de pão

São gritos esparsos
nariz de palhaço
navalha na carne
aplausos e chão

São rios e ruas
divisando o corpo
deixando no rosto
a sua impressão

(Lena Ferreira)

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FINGIMENTO BREVE

.
Fingiu Pessoa? Finges tu, pessoa?
Dizes não sentir o que escreves
Escreves por escrever; coisa à toa
Escreves como passatempo breve ?
.
Pousa a pura inspiração na tua alma
É o momento em que flui o teu Eu
Escorrem de tua pena amor e trauma
Que, às vezes, pensas não serem teus
.
Mas teus são sim e digo com certeza
No exato momento em que escreves
És tu, mesmo que por instante breve
.
Mesmo que penses: fui eu que escrevi?
Como se esse sentimento, eu nunca vivi?
Antes do ponto final, fingimento é greve...

(Lena Ferreira)

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Mar Azul!.

Sou um corpo azul,
cristalizado pelos corais,
trago no farto ventre,
os mais lindos peixes, ostras,
cavalos-marinhos, estrelas...
Sou azul e brumas brancas,
sou maga de mistérios e magia,
sou faceira e dobro-me em ondas.
Sou bravia, quando venta,
sou elétrica, quando há coriscos,
sou guerreira de amor dos nautas,
sou o mar em Janaína e Iemanjá,
sou de Poseidon o raro manto,
sou o calmo e sereno mar azul!

Godila Fernandes

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Versos Que Brotam



Os versos brotam assim:
Do sorriso do sol,
Da nascente da manhã,
Da planta que foi banhada pela água cristalina.

Da alegria boa de uma criança,
Das cores que enfeitam um lindo jardim,
A carência de uma mulher,
E o terno abraço forte.

Os versos em suas linhas cantam,
Os seus diversos sentimentos,
São instrumentos, rica lira
De palavras e dança

Ah... Os versos
Evocam suspiros,
Emoções, delírios,
Devaneios...

E como planta que é banhada,
Brota o verso, é o velho navio
Que navega, é o amor
Que segue nas rimas do coração.

(Rod.Arcadia)

* * * *

OFERENDA

Pipocas aos pombos na praça
Migalhas aos peixinhos do rio
Agasalhos a quem sente frio

Acenos aos passantes na rua
Respeito ao que honra seu nome
Alimento a quem sente fome

Aplausos aos que se destacam
Sorrisos aos amigos diletos
Morada ao que não tem teto
.
Carinho pela natureza
Honrarias ao que merecer
Saúde aos que vão nascer

Um brinde aos recém formados
Boa sorte aos que tem partido
Cuidados aos recém-nascidos

Ajuda aos que têm projetos
Apoio aos que têm esperança
Educação para toda criança

Ideia ao que quer sucesso
Felicidades aos que transitam
Emprego aos que necessitam

Aquele que puder e fizer
Por filantropia ou por amizade
Dará,...amor à humanidade.

LCPVALLE

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Querubins

Rolava no ar, a música
era doce... era amor...
Quem tocava? onde estava?

Voava no ar, a música
era suave...era beleza...
Quem olhava pra cima? Pro céu...

Eu olhei...o que vi?
Querubins e a música
que era doce...era amor...

Eu escutei...o que ouvi?
Querubins e a música
que era suave...era beleza...

Neide Escada da Rosa
(Anorkinda)

.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010


PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!



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Metade De Mim Que Arde

Nas vezes em que anseio o verso
impeço-o de andar ligeiro
o mote faz tudo que peço
maior do que um braseiro

Preciso tapar os ouvidos
quando ele traz novidade
nem sempre quero alaridos
para versar a verdade

metade de mim que arde
na astúcia dos poemas
vem dos receios que nego
quando os versos tem dilemas

(e ainda assim eu grito
com a acústica modulada)

um pouco para ser ouvida
pela minh'alma entocada.
um pouco para ser valente
e não ter medo de nada.


Nina Araújo.

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Meu silêncio

Há na min’alma ecos de risos
Triscos de sonhos imprecisos

Contudo, há nuvens de puro som
Bom saber-me um improviso

Força do medo, releio
Reescrevo a coragem que arde
Alarde em gritos e textos
Frações de mim, escarlate

Meu som já te busca em silêncio
E brada quando a noite cai...

Sou só um pedaço de sonho
Um tanto que componho
Outro tanto que se esvai

Abraço então meu silêncio
Composto de dor e solidão
E o planto na colina...

Para que brote
Imensidão.

Márcia Poesia de Sá

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Meu meio

Entre o sono existe o acordar
Descanso e obra do criador
Entre um sonho, um encantar
Descanso e obra de um sonhador

Entre um rio e outro, algo de mim
Navegando em águas calmas
Entre um poema e outro, um fim
Navegando poesia, rio das almas

O poeta é de fato um rio corrente
Corre no fundo de sua alma
Uma inigualável paixão torrente
Poesia navega em ti e acalma

Sou o meio do sono a madorna
O meu meio que muito me enleva
Sou o meio do sonho que adorna
Flerta! Sou o poema que me leva

Meu meio entre o sono e o sonhar
É um personagem querendo viver
Um poeta querendo entender
Que palavras são rios de encantar!

André Fernandes

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Libélulas Amarelas

Sempre admirei girassóis
Encantam-me quando sós
Ou estendidos aos pares, muitos
Em amarelos infindos lençóis

Dançam no mesmo passo
E giram à roda baila
Reverenciando o Sol, seu astro
Brilhante estrela, que no céu paira

Girassol, também sou eu
Solitária margarida amarela
Que o destino à esmo escolheu
Pra seguir sua estrela mais bela

Bailo o traçado do compasso
Dando voltas penitentes
Em cada círculo renasço
E sigo a luz do Sol Nascente

À bordo dessa sina de carrossel
Seguimos eu e os girassóis
Devorando a luz do meio-dia
Atraídos pelo Iluminado do Céu.

Somos libélulas amarelas
Seguindo o eixo da Luz.

Célia Sena

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DOCE OBSESSÃO

ABRO A PORTA QUE DÁ PARA A RUA.
NO ROSTO UM SOPRO DE AR FRIO,
MAS NÃO SINTO NADA...
MIL PALAVRAS GIRAM NA MENTE,
ECLIPSANDO TODOS OS SENTIDOS.

UM PÁSSARO CANTA NA JANELA,
MAS NÃO OUÇO NADA...
EM PENSAMENTO RECITO MIL POEMAS.

MEU FILHO ME PEDE ALGO.
NÃO LHE RESPONDO.
É QUE NO CORAÇÃO
BATE UM SONETO POR MINUTO.

PALAVRAS
SÃO UMA DOCE OBSESSÃO...
E O UNIVERSO:
UM PUNHADO DE VERSOS POR DIZER.

ROSEMARIE SCHOSSIG TORRES

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Versos Que Brotam


Os versos brotam assim:
Do sorriso do sol,
Da nascente da manhã,
Da planta que foi banhada pela água cristalina.

Da alegria boa de uma criança,
Das cores que enfeitam um lindo jardim,
A carência de uma mulher,
E o terno abraço forte.

Os versos em suas linhas cantam,
Os seus diversos sentimentos,
São instrumentos, rica lira
De palavras e dança

Ah... Os versos
Evocam suspiros,
Emoções, delírios,
Devaneios...

E como planta que é banhada,
Brota o verso, é o velho navio
Que navega, é o amor
Que segue nas rimas do coração.

(Rod.Arcadia)

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Horas

Revira-se na núvem...e cai
Caindo em distâncias, distrai
Retrai realidades. Se exvai
Em horas de sonhos...

Escreve em cometas, eleva
Apaga as paletas, revela
Insônia de louco, poeta
Correnteza de rios...e rimas

Fantástica Noite, se segue
Palavras de açote, na neve
O branco das horas, releve...
Manhã ja chegando...

Cheirinho de café,
Uma doce mulher...
As horas e sonhos
Insones tempos

Textos, seus rebentos...
contrações dos momentos
Em gritos e silêncios,
Parindo a manhã.

Márcia Poesia de Sá

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ÚNICA

Toda mulher
tem um rosto
e um gosto

E o mais
está muito além
do pressuposto.

LCPVALLE


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Senhor!

Sinto-me tão pequena,
mas sinto também,
que assim devo permanecer.

Quão vaidoso seria
pensar em superioridade,
quando vejo em vós
tamanha humildade!


Tudo que preciso
é de um coração
de bondade
que transborde
de amor por ti!

Quando em oração
rendo-me a vós,
sinto que há tanta a paz,
que harmoniza
meu todo...
E tudo em mim se renova!

Obrigada senhor,
por me fazer mansa de coração,
para que eu possa amar
igualmente a todos
sem distinção.

Diná Fernandes

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APRENDIZAGEM

O vento frágil soprou meu céu
negras nuvens enfurecidas
cuspiram na minha luz.

E eu que pensei ser aço
pensei estar fincado na rocha,
segurei a cruz em desespero.

Li tudo sobre paciência,
fiz pós-graduação...
mas desabei no primeiro sopro.

Ponho-me de pé outra vez,
agora desconfio do que sei,
tiro o terno de prata
visto meus trapos de vento.


DANNIEL VALENTE

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PROVAÇÃO

A provação que se faz viva
Me faz provar a todo instante
Do doce mel
Ao fel de amargor
Deixando-me alerta, para os transes da vida.

O que seria, se tudo fosse contentamento...
Sem meus lamentos, confesso
Não viveria...
A dor me leva à coragem fervorosa
Do renascer do pó, em brasas vivas.

Provo a vida
E por ela sou provada
Dela, tenho sede
Insaciável e inconstante
Que me renova e da coragem a cada instante
Nas provações, quase sempre renovadas.

Mavie Louzada.

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Pseudo-Escarlatina

De onde vem?
Não sei, nem atino
Qual a cor da paixão latente?
Disso sou consciente
É vermelho incandescente
Como brasa, muito quente
Queimando em labareda,
Também vermelha
Basta reles centelha
De paixão tinta
Como vinho que embriaga
Deixando-me afogueada
Da aurora ao por do sol
Vem visitar-me não sei donde
Acendendo os lampiões
Que alumiam meus porões
Até chegar a hora
Que precisa ir embora
E o vermelho vira névoa
Tomando dores de saudade
Branca Paloma
Sobrevoando meus olhos nublados
De nuvens cinza, carregados
Despencando em tempestade
Até que volte o sol poente
De vermelho incandescente
A corar-me a palidez
Da alma desbotada
E ruborizar-me, outra vez
De paixão avermelhada.

Célia Sena

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VALLEU, AMIGOS!

Um dia alguém dirá que eu morri
É sempre assim
A gente morre
Sem direito de contar

Alguns dirão que fui um santo
Mas que porre
A gente às vezes vira santo
Quando morre

Um dia alguém dirá que eu já era
É sempre assim
A gente morre
Sem saber se um dia foi

Alguns dirão que fui o tal
Nem penso nisso, nem peço
Não poderei voltar e agradecer
Pelo sucesso

Por isso conto meus amigos
Dedo a dedo
E de morrer sem ter alguns
Não tenho medo

Não me estressa essa ilusão
Os meus amigos
Sempre cabem
Em minhas mãos

Como as palavras que digito no teclado
Eles estão por todo lado em cada verso
E em minhas mãos
Sempre cabe o Universo.

LCPVALLE

* * * *
COMPRO PALAVRAS


Eu compro um quilo delas,
E duzentos gramas de frases,
Mas quero-as bem eficazes,
Com metáforas mais belas.
E se alguma sucumbir,
Vou pedir que virem troças,
Dessas BEM libidinosas,
Com dedos de tecer prosas,
Para se morrer de rir.

Palavras com jeito de sala,
De morador nordestino,
A rede embalando o destino,
Enquanto a tristeza rala,
Palavras com notas de banda,
Vai que a minha fé desanda...
E eu fico sem ter aonde ir.
Também compro palavras aqui!
Na verdade preciso de trinta,
Umas que tenham bondade,
Outras que cheirem a trufas,
Aquelas que emanam saudade
Eu engulo e como as frutas
Quero as distintas, as capazes...
As inomináveis eu prezo,
As contumazes, não quero.
E também desprezo as brutas,

Ademais, só vou comprar as que casem!
E as que vençam as minhas lutas!

Nina Araújo

* * * *
Uma fina sintonia!.

Na infância longínqua,
a fantasia era tanta,
que a gente duvidava,
entre o real e o ilusório.
Muitas fadinhas e gnomos
faziam parte da ilusão...
Hoje, duvidamos do real
e o cremos fantasia...
nossos amigos invisíveis,
hoje são tão visíveis
quanto os anjos da guarda.
A vitória está em sermos
e não no termos...
sermos espíritos em matéria,
vivenciando a ilusão e,
agora, fadinhas e gnomos,
são nossos elementais
de mônada, na evolução:
amigos reais que nos ajudam.
Hoje entre o real e o ilusório,
sou do real, que crê em fantasia!

Godila Fernandes

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Uivos


E que uivem os lobos dos tempos
E que chamam a matilha ao luar
Já não temo o peso dos anos
E jamais baixarei meu olhar
Tenho em retas as notas da vida
Horizonte de tanta placidez
Meu olhar não revolta-se nem teme
Ele apenas observa a pequenez
É tranqüilo e certo de tudo
De que tudo um dia passará
Meu olhar já não teme o futuro
E meu peito já aceita te amar
Degluti minha paz nesta vida
E ela aflita, deixou-se ficar

Mas com os uivos do vento, no tempo
Aprendo apenas a respirar...
Sei que arfando não leio os momentos
Sei que as lágrimas me tapam a visão...
Sei que o tempo é mestre de tudo...
Sei que a calma...
Pintou minha amplidão.
...e se há uivos de lobos ferozes...
Pois que uivem sua solidão.


Márcia Poesia de Sá

* * * *


Só,
tu com tua voz de enternecer muralhas sólidas de pensares
é capaz de acordar a minha razão, adormecida à conveniências

Só,
tu presencias meu despertar após devaneios tantos, alucinações
entre as letras animadas de um verso mais que perfeito

Só,
tu com teus olhos de enxergar com a alma é capaz de ver
em cada rima que escorre pelos meus dedos o que vai de mim


Só,
tu com tuas mãos de acalentar anjinhos em plena madrugada
é capaz de acordar-me os versos mais serenos da poesia

Só,
tu é capaz de embalar minha insônia, adormecer minhas agonias
acalentando os meus pesadelos, fazendo-me acordar ao sol em plena lua

Só tu...

(Lena Ferreira)

* * * *

Vertedouros

Lembro-me de seres o rio
A deitar em meu vasto leito
E a correr ao meu abraço
No regaço do meu peito

Lembro-me de margear-te
No calor de entre meus braços
Em represa caudalosa
Que desagua em beijos laços

Lembro-me do amor oceano
Em meu ser contido, estanque
Refletindo nos teus olhos
Meu espelho D'água amante

E por tanto amor corrido
Nas entranhas, nas artérias, n'alma
É que somos um no outro
Batizados em vertente aberta palma.

Célia Sena

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(clique na imagem para ampliar)

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