Tópicos

sábado, 18 de setembro de 2010


POETISA ROSEMARIE SCHOSSIG TORRES!

MUSA-LUA

Vejo a lua. Meu coração conquista.
Ladra do sol, avesso do alquimista,
que torna o raio de ouro em prata
e foge com ele pela avenida Láctea.

Musa selenita de tantas fragrâncias.
Par de minha deusa da inconstância.
Às vezes pródiga; outras, difusa.
Primeiro me dá, depois recusa.

Busco-te. Onde está ambígua diva?
Vaga idéia, de claridade evasiva.
Meus olhos revistam o meridiano.
Na escuridão vejo o sabre otomano.

Flash de menina entre a penumbra.
A folha vazia quase não alumbra.
Deixa no céu teu rastro turquesco
Imprime no verso alento fresco.

A foice ganha outra faixa. Crescente.
Fulges um pouco mais. Adolescente.
Mas o sortilégio ainda não entregas.
Vão clareando as faces negras...

Teu brilho de repente, me adora.
Uma esfera plena; minha senhora.
Então escrevo como quem ama.
Estás comigo. Rimas o céu derrama.

Iluminando em sentido contrário.
Sopra ao redor um vento falsário.
Partem-se ao meio os esplendores,
Tu já tiveste dias bem melhores...

O facho arde em quarto e… nada.
Agora me odeias... Enfadada.
A lâmpada dos astros se apaga.
Apontas para o exílio. Aziaga.

O ciclo encerra e recomeça.
Extremos da mesma peça.
Gêmeos em direção antagônica.
Hoje lauda farta; amanhã lacônica.

Indiferente a qualquer rogo
Impõe suas marés; seu jogo.
e a marionete se move
fluxo e refluxo que chove.

Ondas em um vaivém...
Às vezes aceito o que vem,
Ou a paciência é quem perde
na boca amargo versos verdes.

Rosemarie Schossig Torres




Canção Para Ninar Uma Rosa

A rosa ao vento se despenteia.
Cabeleira agitada no ar glacial.
Qual rubras centelhas, as melenas
caem em procissão.
Pétalas vermelhas, um filão.
sem sangue nas veias
Veste cor invernal.
Rosa lívida em trajes de açucena.

Gota a gota foi dessangrando
a seiva em torrente carmim.
O mundo está em rebuliço;
Vergel convertido em deserto;
Coração a céu aberto.
Voz embargada vai rogando:
Que ressuscite o jardim!
Rosa anêmica. Perdeu o viço.

Plantada no meio do nada
com os espinhos, e mais ninguém,
ela compartilha amarguras de flor.
A tristeza de repente falece
É um doce canto que aparece,
faz a alma sentir-se ninada.
Adormece como um neném.
Rosa acariciada recupera a cor.

Abre os olhos. Vê seu novo amigo,
Ave sem teto nem guarida.
Ainda implume; um passarinho,
que traz nas asas sua canção,
e na garganta um sol, rincão
onde a alma encontra abrigo.
Com ternura, das pétalas caídas
A Rosa feliz lhe faz um ninho

Rosemarie Schossig Torres

.








.


POETISA ROSA MEL!

***Para Que Floresça o Amor***

Sentado ao topo do monte
Com o olhar triste disperso
Á espera que um dia desponte
Um grande amor no universo

Mas que seja deveras infinito
Que seja um espelho universal
Que ajude quem está tão aflito
E que a luz transforme todo mal

Que aplaque a triste ira
E transforme em bondade
Que simplesmente não fira
Abraçando a irmandade

Minhas lágrimas derramadas
Tingiram minha veste em luz
Por minhas ovelhas amadas
Trilhei o caminho da cruz.

Eu sei que não foi em vão
Tanta dor e sofrimento
Porque no teu coração
Brota amor como alimento

A Deus Pai meu Criador
Eu continuo servindo
Ilumino meu povo em amor
Que continua florindo

A passos lentos é verdade
Segue iluminando a trilha
Sempre o amor e a caridade
No teu coração é que brilha.

RosaMel


(CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR)

.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!


* * * * * * * *

Assovio do vento

o vento desfila sua força
a terra estremece
mais de medo
do que frio

o vento desvela um futuro
o povo esquece
inconsciência
por um fio

o vento destelha suas crenças
a mente enlouquece
apaga-se o pavio

o vento desfia um rosário
o sol aquece
ouve-se um assovio

é o sinal dos novos tempos

Anorkinda


* * * * * * *

Teatro da Vida

Germina a sagrada semente
no útero materno, até o
momento que a luz se faz vida.

A chegada a esse palco
é um tanto assustadora.

E nesse palco nem sempre
tão iluminado exibimos
o nosso efêmero ato,
representando a peça divina...
Viver!

Buscamos conceitos
e formas que possam
satisfazer o nosso ego,
somos ambulantes do tempo
vendendo quimeras,
e o mundo parece
encantador.

Há que se ter olhares
atentos, o palco balança
contra o vento,
e a chama é efêmera!

Excedemos-nos quando
almejamos um primeiro
lugar à frente de tudo,
e quando a cortina se fecha,
a alma pintada de esperança,
os contos de fada e toda arte
sucumbem-se...
O último ato se foi com a vida!

Diná Fernandes


* * * * * *

O TEMPO DO ARCO-ÍRIS

Ao recordar quem eu sou realmente, tapete arco-íris faz-se estrada
receptiva com as cores de um novo tempo.

Foi preciso jogar as cordas ao mar do conhecimento sombrio, aportar ali
e encorajar-se na aventura.
Já no cais, vivências e experiências de todo tipo me puseram forte,
me lapidaram a alma em cristal.
Adentrei a vida, marinheira, estranhando a terra e o cheiro dela. Mas
segui. Persegui utopias, corri e perdi vários sonhos até encontrar
a chave deles.
Estava no coração, foi difícil encontrar, quem pensaria em procurar ali?

Abri os portais de mim e relembrei meus singrares, navegante das estrelas.
Meus verdadeiros mares, azuis de eternidade, enviavam-me suas fragrâncias.
Também eles reclamavam minha falta e eu chorava saudades...

Ao recordar quem eu sou realmente, o tempo arco-íris fez-se escada
intuitiva com as novas cores cósmicas.

Anorkinda


* * * * * *

Esqueletos No Armário

O que faço com esse ossuário?
Amontoado de esqueletos velhos
Espiam-me de dentro do armário;
Fantasmas do além dos espelhos.

Na poeira que o chão arquivou:
pedaços de delírios esclerosados;
devaneios que a pele aposentou;
Simulacro dos prazeres passados.

Acumulação de entulhos, escarcéu.
Lembranças largadas no necrotério.
Revelações do ego repetidas ao léu.
A esmo vagueio por esse cemitério.

Como alivio o peso dos ombros?
Restos de mim, já tão danificados,
Somente uma pilha de escombros.
Vivo algemada a tesouros mofados.

Oxidam as idéias; limiar da sucata.
Ainda há pontos de luz na sombra.
Mas a reciclagem é tarefa inexata;
o desejo de ser fênix me assombra.

Rosemarie Schossig Torres


* * * * * *


PRODUTO FINAL.

Foram poucas as explicações.
Vi , nos olhos, o adeus.
Bateu a porta
sem olhar para trás, foi embora
para nunca mais...

Nunca mais ouvi os passarinhos,
nunca mais tardes na amendoeira,
nunca mais colhi estrelas.

Nunca mais os doces no jantar,
nunca mais reguei as flores,
nunca mais andei nas nuvens.

Nunca mais, nunca mais, nunca mais...
eu vi você.


JULENI ANDRADE


* * * * * *

Vidas

Segue o viajante contente.
Rumo certo, o caminhante,
De cristalino semblante
Passou por mim e parou:
Sua história, então, me contou:
Já andou muitas vidas,
Já atravessou oceanos,
Já se encontrou
E se separou
Tantas vezes
De sua alma gêmea,
Já esteve na Babilônia,
Na Ilha de Páscoa,
Já esteve em Shangri-lá...
Conheceu segredos,
Desvendou mistérios,
Lutou nas cruzadas,
Fez parte das Armadas,
Defendeu a princesa,
Foi aceito na realeza,
Já foi guru,
Sacerdote, Xamã,
Bruxo, Mago,
Já foi descrente,
Já foi pobre, indigente...
Já foi até sultão!
Esteve na cova do leão...
Já teve “a mulher que quis
Na cama que escolheu”,
Muitas vidas já viveu,
Boas mortes já morreu,
Ruins também...
E renasceu...
Caminha contente,
Mas solenemente,
E sua alma guarda
Enormes segredos,
Tramas, enredos...
È tanta vivência,
Que a minha inocência
Não pode acompanhar.
Será espírito ou será gente?
Que me disse, docemente,
-Espere-me, que eu voltarei!



Jane Moreira


* * * * *

Soneto Ao Mar


Ventos sacodem velas,
Velas balançam esperanças,
Navio distante vê querelas
De bem-querer, são peças,

Movidas num jogo perdido,
Marinheiros e suas cordas ao mar,
Grito no vazio, triste pedido,
Ao leu farol canta seu limiar.

E quem disse que o velho da rima
Chora pela sua amada sereia,
Da boca amarelada sopra poesia,

Rima no velejar do mar,
Ritmo que vem e que vai,
Cordas ao mar, singra o meu despertar.

(Rod.Arcadia)


* * * * *


FENDAS
.
Botões de abrir e fechar
olhos de ver e sonhar
janelas de espiar o mundo

abrem e fecham em segundos
lavam as dores da gente
ou secam em dores latentes

Amélia de Morais


* * * * *

Ode À Falta De Inspiração

O céu escurece,
é a lua minguante,
que a seu talante,
secou as leveduras,
matou minhas criaturas,
e a idéia emudece

Estou na maré baixa
verbo com desidratação
falta de inspiração
é a mente que se cala
o pobre poeta resvala
Nada se encaixa

Palavras longe da poesia,
voam tão alto...
o escritor em sobressalto
nada contra a corrente
pensamento ausente
triste página vazia...

Rosemarie Schossig Torres


* * * * *

O último poema.

Como diria Bandeira...
Que fez do último poema
Seu registro mais perfeito
Em pouquíssimas palavras!

Como diria Manuel... Dos sapos
Dos trens de ferros, do aplauso
Do piano engolido, com teclas de fora
O fez tudo isso em poucas palavras!

Esse último poema
Que a simplicidade foi o seu natural
Que a lágrima é apenas o amor perfeito
Que as flores embora de plástico ainda assim
Sem perfume tem a beleza de uma flor

Esse último poema é como um lema
Seis versos que me cabem
Sou a jóia mais pura, “inocente” nem tanto
Suicida com paixão?
Como explicar se matar então!

André Fernandes


* * * * *

Será insone o poeta?


Parece um tanto maluco
Essa gostosa tradição
Poeta ignorar o cuco
Pra degustar emoção

A noite passa sem perceber
Há palavras pelo chão
Ver o dia amanhecer
Sonolento de ilusão

Basta um bater de asas
De um pequeno beija-flor
Uma rosa, cheiro ou sabor
E outra vez a mão na massa

E por estar na primavera
Seu coração é um manto de flores
Pulsando por novos amores
Que veio como flecha certeira

Diná Fernandes

.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010


POETA RODRIGO ARCADIA!


Meias palavras


Meias palavras bastam.
Seu sorriso é a minha estrada sonhada,
O meu abraço em ti, um calor de paixão.

Meias palavras bastam pra dizer tudo,
Ditam nos olhos sentimentos já descritos,
E mãos tocadas, restam silêncios e mais nada.

Meias palavras bastam pra derrubar muros,
Pra dizer que conduzo você até a mim,
No abraço confortável, de um beijo no rosto,

De um sim no seu olhar,
E amanhecer ao seu lado, meias palavras não bastam,
Mas o teu sorriso me mostra, foi mágico, foi glorioso.

(Rod.Arcadia)


Sou Teu Abraço




Sou teu abraço,
Talvez forte, talvez aconchegante,
Sou teu cheiro, a alegria das suas lagrimas,

Sou teu perfume no ar, o teu grito de amor,
Ah... Teu ar, tua respiração, teu suspiro em meu ouvido,
Sou as asas de um anjo que te guarda,

Anjo da guarda pra te guardar dentro do meu coração,
Sou a voz que te guia nas estradas perdidas, sou teu abraço,
Teu aconchego, teu porto,

Ah... Sou a estrela maior a te iluminar,
Tua flor, tua rica e mais bela flor,
Sou teu abraço, apenas descanse em mim.

(Rod.Arcadia)

.


PEQUENAS GRANDES PÉROLAS

EVISCERAÇÃO

Espere pela volta das borboletas na poeira do tempo
Espere por aquele olhar a se projetar entre estilhaços de angústia
Espere pela nuvem de gafanhotos-devoradores-de-horizonte
Mas não vá, fique um pouco mais, ainda há muito o que esperar
E não me deixe plantado neste inferno cor-de-rosa sem um porquê

Eu bem que queria lhe dizer que a lágrima não se mostra
Por puro orgulho
Eu bem queria lhe mostrar
Esta jugular que pulsa a espera de uma nova mordida
O que se esconde neste brilho que já não há
E revelar aonde a lua se ocultou e dormem as estrelas

Fique um pouco mais
Só um pouco mais
Sinta o som do mar
Sinta o som
O som do mar
E o som
Do Sol
E o Sol
No mar
Fique um pouco mais

Queime comigo nossas verdades douradas e as mentiras azuis
Não minta mais para o azul
Ou para o vermelho
Espalhe algumas verdades transparentes sobre a mesa
Diga para mim desta ferida
Daquela esperança forjada em frases insolúveis
Do impossível e do improvável que já vivemos
Que eu prometo
Que eu lhe juro
Pela divina providência dos semideuses
Estancar este corte que vaza minhas vísceras
E partir

(Celso Mendes)

Castrando o verbo

Calando o grito
Rasgando o céu
Em labirinto
Água no fogo
Óleo na água
Amor tão tosco
Palavra amarga
Frase sem rima
Nem de menina...
Derrama seca
Mais uma lágrima
Castraram a vida
Mataram a paz
Queimaram poesia
Beleza jamais
Golpe de facão
No peito da lua
Castraram a razão
Da embriaguês tua
Pingou gelo seco
No lago do tempo
Mataram meu verbo
Morreu meu momento

Márcia Poesia de Sá


(CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR)

A ponte

Entre mim e meu eu superior,
Sei que existe um vão
Mas ainda não encontrei.
A ponte.

Metade de mim
Tem certeza que
Existe um outro horizonte,
No outro lado da ponte.

Eu sei que vou chegar
Ao outro lado da ponte,
Onde eu vou ficar face a face
Com meu auto conhecimento
E o real entendimento
Do que sou, de onde estou.
Meus pedaços vou juntar,
No outro lado da ponte.

E, na minha evolução,
Em que estágio estou?
Essa é a indagação,
Cuja resposta vou encontrar,
No momento que atravessar
A ponte.

No lado de lá da ponte,
Metade de mim me acena.
E a outra metade ordena
Que eu atravesse a ponte
Para juntar as metades
E perceber o que não vejo
No lado de cá da ponte.
E o que não veria,
Se estivesse
No lado de lá da ponte.

Na pequenez da minha mente,
Eu sei que é premente
O desejo de me conhecer,
Para um dia poder ser,
Em vez de estar meramente,
Do lado de cá da ponte.

O poeta, em sua canção, diz:
“Sou caçador de mim”.
Busco-me incessantemente.
Estou caçando meu outro eu,
Que está no lado de lá da ponte.
Não sei se é para ser feliz,
Mas sei que é para ser inteira.
E para anular a cegueira,
Só atravessando
A ponte.

Não me contento em viver
Com apenas metade de mim,
No lado de cá da ponte.
Quero ser um ser inteiro,
Conhecer o eu verdadeiro,
Quero somar as metades,
No outro lado da ponte.

Seja qual for o resultado,
Se juntar os dois pedaços,
Atravessando a ponte,
Vou apertar minha mão,
Olhar minha face oculta,
A metade que me espera
No outro lado da ponte.

Jane Moreira

O dual!.

Mestre, nos mostre,
como estar na dualidade,
sem compreender a ilusão,
sem ser ferro ou algodão?

Sem ser nem lá nem cá,
assistir a difícil situação
ser doce, meiga, algodão,
quando o homem mata?!

Ou, é claro, amado mestre,
ser ferro, ser dura, em ocasião,
quando a criança olha e chora,
por um simples pedaço de pão?

Como, mestre usar duas máscaras,
quando julgo meu próximo... irmão,
sem consciência de meu passado
sem compreender-lhe a missão?

Ser ferro ou algodão, nesta vivência
ilusória, não traz proveito algum,
já que no dual o jogo é a paciência,
e a dependência de nossa memória ...

Com teus ensinamentos devo conhecer:
que a compaixão é o melhor caminho,
que a dualidade existe para evolução,
e sabedoria é a arma da razão.


Godila Fernandes

[UNI]VERSO

Entre versos, meu inverso
Diversamente traçado...

Cada traço um caminho...
Cada caminho um traço...

Colorido entre rimas
Soltas no imaginário.

Cada rima um arremate
Entre espaços indefinidos...

Em cada espaço um conflito
Pelo verso superado.

Entre versos meu inverso
Universo revelado.

Mavie Louzada.

O PRÓXIMO PASSO

Anseio
dormir na lua
e acordar enfeitiçada
andar boba pela rua
imaginando ser amada

Anseio
nas estrelas amar
entre raio e trovão
na madrugada acordar
e reviver a paixão

Anseio
dominar a escuridão
tomar a noite nos braços
e ensinar ao coração
a dança desse noturno compasso

Anseio ser o próximo passo

Amélia de Morais

Aos poetas do Amor!.

O poeta convive com a dor,
faz dela seu instrumento maior,
sádico faz de seu sofrer, versos,
puro e desesperado amor...

O poeta convive com a alegria,
faz dela cores com que pinta a tela
de emoções que jorra no papel,
feito luz em candeiro, numa redoma...

O poeta convive com a Natureza,
faz dela instrumento de pura magia,
fala com duendes, silfos e fadinhas
e no papel transforma-os em poesia...

O poeta só não consegue conviver com o feio,
não nas formas, não nas cores, não no natural,
porém o feio feito de sombras, que nem magia
o pode transformar. O único feio, ...o desamor!

Godila Fernandes

Era uma lágrima pequenina,
perdida em sonhos,
ardia em febre no meu colo;

levei-a para dormir,
deitei-a em meu travesseiro de plumas
e logo vieram suas irmãs,
infantes, como ela,
inconsoláveis;

cantei um canto melancólico
a ver se dormiam
e elas foram chegando, dezenas, centenas,
milhares de lágrimas gêmeas,
como bebês, chorando;

não pude fazer nada
alem de cantar para elas,
desconsolada;

supliquei aos anjos
para acalmá-las, dar- lhes sono,
sonhos macios
como os meus,
ainda que impalpáveis,
irrealizáveis,
sonhos doces de sonhar;

desliguei as luzes da ribalta,
os modens, as mídias,
só ficou o vento gemendo na janela.

Dormi a sós com ela, minha lágrima menina,
herdeira do amor, futura rainha
dos anelos .

Quando o sol surgiu
por detrás das magnólias,
acordamos, abraçadas;

agora, vou levá- la ao jardim
para ver a seca devastadora
nos canteiros de lírios
que circundam a moradia

e que sobrevivem,
apesar da secura,
tão somente
pela graça da poesia
e da ternura.

Carmen Regina

ARRISCO-ME

Arrisco-me, agora, sem medo
pois já não há segredos ocultos
foram-se embora os vultos
que tanto perturbavam-me

Arrisco-me, agora sem culpa
pois não há desculpas tramadas
foram-se embora as teias
que tanto prendiam-me

Arrisco-me e arriscarei-me sempre
pois daqui por diante não permitirei
que as dúvidas traiçoeiras , de mentiras tantas
façam-me perder os soprados sonhos...

(Lena Ferreira)

MARIA, DE MAGDALA

Companheira,
aquela gêmea
parte fêmea
da chama
primeira

Mensageira,
junto dele
propagou a luz
Mulher de Jesus
inteira

Hoje é Nada
Mestra do Amor!

Anorkinda

Só mais uma vez

Deixa virar saudade e alimentar você
Com a minha presença
Só mais uma vez ser lembrança

Deixa ser o sorriso e beijar sua boca
Sentir sorrindo você
Só mais uma vez abraçar sua alegria

Deixa me vestir com seus sentimentos
E encontrar o amor perdido
Só mais uma vez achar ser seu carinho

Deixa colocar a disposição o meu conforto
Suprir a ausência do aconchego
Só mais uma vez dormir ao seu lado

Deixa ser apenas uma letra do seu alfabeto
Encontrar o vocábulo perfeito
E fazer da única letra a grafia completa

Deixa ser só mais uma vez esse poema
A qual traduz em versos
O meu relicário...
O meu tesouro bem guardado...

André Fernandes

Lá vem... Lá vai!.


Esta é a dança Divina,
sempre do amor-desapego,
lá vai um filho,o pródigo vem,
O encontro é no horizonte...


dores como em Sophia,
ossatura abrindo-se,
o esperado forçando saída,
lágrimas de amor espremidas...


antecipado o parto dolorido,
lá vem... mais um esforço,
e o rebento explode em vida,
e a mãe chora a beleza, comovida!

Noutro aposento do mundo,
uma mãe começa sua partida,
choram filhos, choram netos,
não confiam que ela ainda aqui estará...

A derradeira inversão...
a musculatura forçando o ar,
a passagem em túnel abrindo-se,
e lá vai, uma mãe, agora,um alguém!

No bailado Onisciente do Pai,
é sempre assim enquanto um vai,
e com lágrimas é recebido,
outro vem, e com mesma lágrima é bem-vindo!

Entre um ir e outro vir,
há apenas uma membrana,
tão transparente, que é fácil ver,
o outro sorrindo no horizonte!

Godila Fernandes

Teremos esse prazer um dia??

Essa minha alma vagante
Que pensa um dia ser poeta
Vaga como andarilha errante
Procurando uma porta aberta

Vaga como eterna militante
Por entre becos e retas
Buscando talvez uma ponte...
Não há ponte, há arestas

Arestas aparas e corte
E se grana não me resta
Sobra-me esta única fonte
Que a net me empresta

Até que um dia se encontre
Quem se lembre dos pobres poetas
Que batam à nossa porta e nos conte
Que publicar é gratuito... Oh Festa!


Diná Fernandes


De onde venho?

Brilhante é vossa inteligência
Questionando minha origem
Não carrego tanta inclemência
Sou mãe de uma beleza virgem

Vivemos nos jardins, solitários
Meu espinho é defesa discreta
Rosa sem espinho é imaginário
Nossa união é quase perfeita

Como um pequenino botão
Sensível, mágico e inspirador
Se tivesse um coração
Doaria a um poeta pensador


Diná Fernandes


(clique na imagem para ampliar)

.

domingo, 12 de setembro de 2010



3º CONCURSO DE POEMAS
PEQUENOS GRANDES POETAS!

TEMA: OS SONHOS DO HOMEM


Sonho de Homem

Sonho de homem é voltar a ser menino
Empinar a pipa, caçar o passarinho
Só para ouvi-lo cantar

Sonho de homem é gigante e pequenino
É deixar de ser menino
Para o mundo então, mudar!

Controvérsias em desalinho
É a cabeça deste grande menino
Que não desiste de sonhar

Dedilha a forma do seu destino
Busca o prumo, constrói o ninho
Onde sonha em pousar

Mas seu pouso, dura pouco
Logo sonha rumo novo
Desnuda suas asas, vai voar...

Pássaro grande, tão adulto
No infinito é seu mergulho
Pondera ao se lançar

São tantos questionamentos
Do homem e seus sentimentos
Que sua força se permite chorar

Porque Sonho de homem é gigante e pequenino
É voltar a ser menino
E poder brincar!


Viviane Ramos
.


COM QUE SONHO

No meu sono de menino,
sonho sonhos pequeninos,
que logo se perdem por ai.
ser super-herói, Homem Aranha
e a dor não dói; só arranha.
Vôo alucinado, como meigo colibri,
mergulho vinte mil léguas submarinas,
viajo, por terras distraídas,mágico tapete,
galã, a conquistar todas meninas.
namorar na cauda de um foguete.
Soldado de chumbo, venço todas guerras,
comando meu barco, ousado, de papel.
Entre o oceano e a amplidão da terra,
nas galáxias perdidas, no céu.
Sonhos não são eternos,
nuvens de ilusões passageiras;
um dia cai o castelo,
tempestades, pesadelos, ladeiras;
despencam as quimeras,
surge a realidade nua,
o tempo, apressado, não espera,
Descem nas enxurradas,
formando suaves cascatas,
meus sonhos, nús, pela rua.

[Gustavo Drummond]
.

Homem ......com um pouco de calma.

Eu
Homem comum
Arquétipo de uma sociedade
Incomum
Decadente
Ausente
Excludente
Dominante
Sou agonia
Da intranquilidade
Do meu ser
Tornei-me
Um bicho
Sem
Capricho
Sem nome
Sem rumo
Filho do medo
Da força do consumo
Aqui estou eu
Perdido
Desiludido
Caminhando
Sem caminho
Sem ninho
Sem carinho
Invisível
Aos olhos
Mecânicos
Da minha consciência
Vejo você
Sorrindo para mim
Apontando suas pegadas..
No seu colo
Não canto o cântico dos desesperados
Você é o meu lavrador
É o homem
Monumento do
Amor
Maior
É a minha planície
No corre corre
Da vida
Em sua companhia
Tenho mais força
Não estou só
Ao redentor das almas
Agradeço de joelhos
Pela proteção
De acreditar na vida
Sem exaustão
Com um pouco
Mais
De calma.

Ana Maria Marques
.