Tópicos

sábado, 28 de maio de 2011

POETA JOSEPH DALMO!

Viração


Era noite eu a aguardava
olhando as ondas
que se formavam no mar
O vento soprava forte
querendo me avisar
Ela chegou como uma gazela
e sussurrou no meu ouvido:
é a viração! Ela...
vem de repente
uma nuvem cinzenta
se aproxima
e o vento piora
uma chuva fina
depois só tormenta
chega, faz arruaça e vai embora
virei-me para ela
olhei bem dentro dos seus olhos
e amei no que via
refletido dentro da sua pupila
o mar furioso, turbulento
rajadas de vento
tempestades...

De repente, uma brisa forte
Uma volúpia se apoderou de mim
Avancei e beijei sua boca de cetim
Uma, duas, três, quatro, cinco vezes sem fim
Até que ela adormeceu com os beijos que dei
É o que fez a viração ensandecida
Deixou uma sereia nos meus braços, adormecida.

Por Joseph Dalmo
.


Que vontade é essa


Que vontade é essa
De me beijar adormecido
De rasgar as minhas roupas
De me deixar vencido?

Que vontade é essa
De se olhar no espelho
De se vesti de vermelho
De me dar conselho?

Que vontade é essa
De pertencer a mim
De corpo e espírito
Como fosse um botim?

Mas venha devagar
Me traga carinho
Sirva-me uma taça de vinho
Jogue-se na cama
Venha amorosa
Com paixão vertiginosa
E me ame.


Por Joseph Dalmo

.
POETA JOSÉ LINDOMAR CABRAL!


PAU NO LEITOR
.
...minha relação com você, leitor, leitor
seu panaca onipresente de uma figa
é uma relação baseada na desconfiança, na animosidade
e em algo que, apesar de duradouro e ardido
eu não chamaria de amor, porque, por favor,
me responda, responda-me, por favor
se dá para confiar literariamente em alguém
que quando cito Fante, por exemplo,
pergunta-se atônita, íntima e imediatamente
se não se trata, por acaso, de uma marca
de bebida à base de água gasificada e não ardente...

Francamente, leitor, seu, em geral, gillette
você ingere oftalmicamente pultura, digo, cultura
hegemônica, censurada, censora e industrialmente
enlatada e expele, quase que analmente,
dejetos culturais, e isso tudo, rapaz, me enoja
e acentua animosamente a dessemelhança
existente entre nós, e me inspira, em vez de confiança
vontade desconfiada e, pradoxalmente, altruísta
de meter-lhe despertadoramente o pau,
pau infelizmente não propriamente dito,
pau lastimavelmente apenas verbal
mas pau, felizmente pau ainda e assim mesmo...


José Lindomar Cabral

.




GRITE
.
... toda vez que a inevitável, porquanto fisiológica
necessidade de escrever um poema faz com que,
desinspirado,
me achegue a essa espécie eufêmica de cama
que os incautos dos poetas pseudo denominam
de escrivaninha, sem nem sequer está ainda
sendo bolinado por um tema, invariavelmente
(embora invariavelmente nem sempre)
sou visitado
pela acordada - apesar de onírica - impressão
de que a virgem e feminima folha de papel
em geral A4, já de pernas nervosamente abertas
olha para minha nudez, esbugalha os olhos,
empalidece, e diz: Devagar, Lindomar, senão eu grito...


José Lindomar Cabral

.

segunda-feira, 23 de maio de 2011



PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!



* * *
A alma do meu sapato.

A alma do meu sapato
sustenta o peso do dia,
Meu corpo mero rascunho
preso a lama da sola fria

A alma que anima o barro
não a consigo explicar,
mas uma fagulha trago
tal um pavio a queimar

A alma do meu sapato
é pequenina, é de aço
percorre o mundo num ato
não sei se rápido ou lento

A terráquea estadia
vem com o tempo disparado
Quanto mais se distancia
mais encurta a caminhada

A vivência espiritual
tateia abraçando a luz
experiência humana de fato,
Dança, procura e reluz
na sola do meu sapato.

Gladis Deble

.


* *
Cinco sentidos e o amor


Se o amor não enxerga
Como que eu posso ver
Por entre o seu decote?

Se o amor não tem cheiro
Como que eu posso sentir
O perfume no seu cangote?

Se o amor não tem gosto
Como eu posso gostar
Da delícia que é sua boca?

Se o amor não te pega
Como eu posso com as mãos
Dar prazer e te deixar louca?

Se o amor não escuta
Como eu posso ouvir
Sua voz a me procurar?

Se o amor morreu
Como os cinco sentidos
Provam que vivo pra te amar?

(Fábio Granville)

.


* *
PEQUENO AMOR GIGANTE

E Deus disse haja luz
E a luz se fez na vida... no ventre!
Luz bendita, tão pequenina
Que mal cabia no pulsar de uma veia

Luz de uma vida
Que iluminou a vida
De quem há muito em treva vivia

Luz de amor
Pequena flor
Emergida no nada
Tão pequenina, desprotegida
Fez do ventre sua morada

Por grandes, longos meses
Que enfim passados, hoje teve,
O fim da sua estada

Enfim! É chegada
Tão pequena e gigante
É a emoção do instante
Da nova vida anunciada

Seja bem vinda minha luzinha
Alumie a minha vida
Faça dela sua nova morada

E o olhar da luzinha
Tão pequena que mal cabia
No colo que a aquecia
Dizia tudo sem dizer nada.

Viviane Ramos

.



* *

BARQUINHO DE PAPEL

Não deixe um mar agitado
em seu coração.

Não ouça o ódio
e suas trombetas.

Escute o que diz a nuvem quieta
no fim da tarde.

Não perturbe o seu espírito
alimente-o
com um barquinho de papel.

Preserve a flor nos olhos
mantenha o equilíbrio
a cura pode estar no seu olhar.

Vicie de amor o pensamento
e deixe o mar se acalmar
na sua serenidade.

DANNIEL VALENTE

.


* *
UM JARDIM POR DENTRO

Você que passa, só passa,
Venha, entre, o portão está aberto,
Sempre aberto, como braços de mãe.

Entre, não basta espiar da calçada,
Assim apenas olhas e não sentes,
Não vês as minúcias do meu jardim,
Não sentes o aroma, nem as cores,
Com que rego meus dias, meu tempo.

Isso, entre, veja o jardim por dentro,
Toque as flores tão vivas, a relva por si,
Sente aqui neste banco e respire devagar,
E olhe os pássaros ao redor e ouça-os,
Aprecie como a vida se faz aqui.

Não basta ver um jardim ao longe,
Espiando pelas frestas, ou roubando flores,
Necessário que entre e também o componha,
Melhor se mexeres a terra, afagares as rosas,
Alimentares os colibris e te molhares no orvalho.

Olhe ao redor, os caminhos estreitos,
Desenhados entre as roseiras floridas,
As árvores sombreando os jasmins,
As flores todas e as borboletas passeando,
E sinta-se dentre elas e voe, eleve-se,
Para melhor apreciares o todo em panorama.

Isso tudo é poesia, esse jardim meu poema,
Fico triste quando quem passa só olha, nem vê,
Não caminha em suas veredas, não senta a sua sombra,
Não vê que aqui a vida corre como rio de versos,
Os versos da rotina dos dias que se repetem,
E que compõem toda vida, feito mar de inspiração.

EACOELHO

.


* *
Seu amor me inspira

Seu amor me inspira
Faz de mim silaba e seiva de poeta
Somente em ti minha aurora
É chá de Eros em condição infinita .

Meu amor deixa de ser fio de silêncio
Em poesia durmo e desperto
Feito uma linguagem de correnteza de rio
De um sentimento forte do meu peito .

Divido minha cama
Com você em meus sonhos
Tudo me parece real , sonata de quem ama.

Te amo , Te amo
No átomo
Da existência maior do meu ser .

Ana Maria Marques

.


* *
Mensagem de Texto

Em poucas palavras
Me manda mensagens
Curtas
Abreviadas

Na tela mínima
Um mundo de intenções
Pretensões
Explosões

- Viu a lua hoje?
Tenho o vinho
Falta você.

E toda a história
Está feita
Está dita
E rio por dentro
Feliz da falta
Que faço

De imediato
Não respondo
Corro ao banho
Me arrumo

No caminho
Já bem perto
Respondo
Caçando letras:

- Segure a lua
Gele o vinho
Estou chegando.
Envio

Toco a campainha
Abre-se a porta....


Arabela Morais

.


* *

VIDA EMOLDURADA

Vejo tudo emoldurado.
E os melhores momentos
trago-os pendurados
na parede do pensamento.

Todos os flagrantes são clicados,
pintados ou desenhados
conforme a situação.

Eu levo a vida como os quadros:
Sempre estou precisando
de uma recuperação.

A.J. Cardiais

.


* *
AS LUTAS QUE NÃO LUTEI

Sou paz
Por essência
Sou paz
Escrevo
Com tinta invisível
o triste sangue da guerra

Entrego-me
No entanto
De corpo e alma, completa
Às causas
Das injustiças
Que com meu silêncio causei

Amélia de Morais

.



OS VENCEDORES DO 6º CONCURSO DE POEMAS

PEQUENO GRANDE AMOR!




SIMPLES ASSIM

Ah! Se o amor fosse simples assim...
Eu me afogaria em suas águas
No encanto da rosa silenciosa

Eu não temeria o orvalho nos olhos
Não me assustaria com a lua sedutora
Com a pele macia dos meus sonhos

Se fosse simples...
Eu não escavaria meu coração
Até descobrir onde é a dor.

Nem lembraria o último desencanto
Aquela linda canção não doeria tanto.

Eu poderia resolver tudo
Com um sim ou com um não:
simples assim...

Mas o meu olhar é mar angustiado
E o meu coração
Um barquinho de papel.

DANNIEL VALENTE

.

Pequeno grande amor

O amor nunca é breve, perdura
Nunca é pequeno, agiganta
Nunca é de momento, é toda vida

O amor verdadeiro cura, não mata
Não sufoca, quando ama, não separa
Tem carinho e amizade, nunca há maldade

Quando amamos, tudo se transforma

A cada entalhe na alma, um amor que se molda.

André Fernandes

.


Meu amor!

Se, nos tempos de ontem, eu já te amava tanto,
Com o todo o meu fervor de adolescente,
Com o passar do tempo, o mágico encanto
Tornou-se cada vez mais e mais crescente.

Meu amor navega em águas calmas.
E o encanto, que paira acima de nós dois,
Faz o entendimento de nossas almas
Preparar o caminho para depois.

Sempre foi o amor a jóia rara,
O tesouro de nossos corações.
Já sentimos juntos os frescores da manhã clara,
E as noites guardaram nossas emoções.

Juntos, tantos caminhos percorremos!
Tantas águas turbulentas enfrentamos!
E nós dois nunca esmorecemos
O amor foi sempre o escudo que usamos.

As vezes em que encontramos espinhos,
As rosas foram nossa proteção.
Quando tropeçamos nos caminhos,
Juntos levantamos do chão.

E se a noite veio fria e cortante,
Atravessamos juntos a escuridão.
E, seguimos, nesse amor constante,
Olho no olho, mão na mão.

E, se o amor de ontem foi a infância,
De um bem querer tão bonito,
O amor de hoje é bastante
Para ir além do infinito!

Jane Moreira

.