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sexta-feira, 16 de abril de 2010


DIVAS DA POESIA

É festival de parcerias femininas...
das amigas-poetas desse movimento viciante e poético virtual tão apaixonante!


MAIS TRÊS EXEMPLARES DE GRANDEZA!



ASSIM SABEREI...

Pega na minha mão,
assim saberei
se nasce essa flor
ou se morre em botão

Dança comigo uma ciranda
assim saberei
se cai a chuva
ou se viveremos em sertão

Leva-me em sua garupa
assim saberei
se é caminho de sonho
ou se o caminhar é em vão

Conta pra mim uma estória
assim saberei
se o verso é livre
ou se encerra em prisão

Mostra pra mim seu desejo
assim saberei
se é fogo
ou não...

Amélia de Morais & Arabela de Morais

...

VERSO SAGRADO

Surgido
o verso
sentido

Cansado
o poeta
sagrado

Sagrado
o verso
sentido

Surgido
do poeta
cansado

O verso
poeta
sentido

Ungido
é verso
sagrado

Aglaure Corrêa Martins & Dhenova

...
CARNAVAL PERNAMBUCANO

Louca alegria, louca
pintamos o rosto
e saímos de touca
rei momo posto

As ruas fervilham
são nuas colombinas
que dançam e brincam
sob confetes e serpentinas

Olinda é anfitriã , recebe de toda parte
Dos quatro cantos , ao mundo
animação para qualquer estandarte
Gente irreverente , alegre e bacana , sangue fervendo .

Manuel Bandeira
Já evocava o Recife em alegria
De forma costumeira .

Nosso carnaval é multicultural :
blocos , caboclinhos , frevo , "Maracatu Nação Pernambuco"....
canta cantigas nostálgicas das nações africanas , sem igual

Amélia de Morais & Ana Maria Marques

quinta-feira, 15 de abril de 2010



Do tópico MOSQUETEIRAS DA POESIA!

Reunimo-nos em versos, por amor à poesia simples e verdadeira que nos brota do coração e diluem-se pelos dedos agarrados ao teclado ou à caneta...

Sem procurar inimigos, nem embates, queremos firmar um MANIFESTO em verso das mais puras intenções da POESIA LIVRE!


Amigas da Poesia!
.
Quatro mosquetes no ar
Em defesa da liberdade
De versos presos em rimas
Amarras silábicas tantas
.
Quatro, de par em par
De mãos dadas, amizade
Gritos que diluem cismas
E seguimos como santas
.
De espadas em punho, brados proclamam
Uma por todas e todas por uma!
Enquanto buquês de poesia, declamam
.
Poesias tantas que nos clamam
Não estejam presas a coisa alguma
Mosqueteiras que se amam!
.
Lena Ferreira, Anorkinda, Marcia Poesia de Sá e Viviane Ramos

..


MOSQUETEIRAS EM ORDEM E AÇÃO!

Canetas Postas
Contra regras impostas
Palavras a se rebelar.

Revolução contra a métrica
Ou loucura desperta
Há quem vai julgar.

Importa que a vontade é certa
O amor é nobre meta
Que nos conduzirá.

Pelo fim da ditadura torta
A favor da rima a escoar
Sem saber onde vai dar

Sabemos da vida doida
Em versos ensandecidos
pelo prazer de criar

Nos vale que venha conosco
Disparar letras quentes
no vil que sucumbirá.

Nas curvas, esquinas, ruas
Palavras cruas são declamadas
Sem sentido algum, sem sal

Propomos uma reforma
Arquitetônica imediata
Na estrutura do versejar

E no lugar de rimas
Colemos asas em cada verso
Para que atinjam o infinito

E que nele esteja escrito
liberdade para voar
prenuncio do emocionar

E assim sendo voe livre
sem gaiolas nem suplicio
na contagem deste abismo

Que reduz a criatividade
implanta inconformidade
mata a naturalidade!

Viviane Ramos, Anorkinda, Lena Ferreira e Marcia Poesia de Sá



quarta-feira, 14 de abril de 2010

A POESIA [em segredo] de CELSO MENDES!

A cor do remédio



Hoje amanheci chovendo.

E a mesma garoa fina, que me acinzenta os ossos,
também descolore minhas retinas
e escurece-me a voz úmida,
que nem é mais rouca
posto emudece,
solitária.

Minha angústia se cerca de pessoas em preto e branco.

Mas, no corredor sombrio
dos que esperam por socorro,
um sorriso de cabelos vermelhos
salva minha vida.

Celso Mendes

...

CICLORAMA

Nestes dias de sol-açoite
Que dominam a claridade,
O fulgor da vida
A esperança do novo...

Nestas noites de densas sombras
Sono após paixão
O descanso
Após matar a sede

Reinvenção do eterno

E meu corpo anoitece
(Exausto)
Onde minha alma amanhece
(Leve)

E se o destino assim me aceita
De minha vida-pó
Pretendo a eterna luz
E só.

Celso Mendes


A POESIA DE CÉLIA DOMINGOS!

(clique na imagem para ampliar)

...

Cambiante

Como posso ponderar sentimentos?

Nem eu mesmo sei o que é,
Ou se há cambiante
.

Aprendi ser baloeiro
O poeta me ensinou,
De minhas dores
Só sei criar flores

Eu faço bulbos
Eu faço pétalas,
Das verdades faço chiste
De lamúrias o irrigar


E quando colho no vergel
Adquiro bênçãos,
Num novo rebentar

Celia R. Domingos

terça-feira, 13 de abril de 2010

Do tópico A BELA ARABELA!

Poesia cárcere


Não caibo na
poesia cárcere!
Não, não compreendo tal paradoxo!

Se busco a liberdade
de usar minha pena
Sem penas
Se busco a vastidão do
espaço sem fronteiras
Se busco o lúdico a me
acalentar o espírito...

Não aceito limites!

Quero ter meu tempo
de dispor belezas
de compor certezas
e dúvidas
De medir o peso
ou leveza

Quero construir
Fluir
Na forma e no tempo
Em que o poema surgir.

Arabela Morais

...


Pedido ao tempo


Pára tempo!
Cansei de brincar
De gente grande...

É sempre mais uma resposta
a dar
É sempre mais uma decisão
a tomar
É sempre mais um horário
a cumprir
É sempre mais um peso
a carregar

Pára tempo!
Retroceder é pedir demais?

Quero a tranquilidade
da infância
Quando dilema mais atroz
era decidir
entre pêra, uva ou maçã...
Quando a maior responsabilidade
era chegar em casa
com o boletim todo azul...

Pára tempo!
Estátua!
Fica assim bem paradinho!

E talvez eu recupere
a beleza do arco-íris
pra que minhas notas
hoje
sejam multicoloridas

E talvez eu colha as frutas
do pomar de
minhas brincadeiras
de infância
e faça deliciosa salada
pros amores atuais

E talvez depois
desse sonho
dessa viagem
eu volte melhor e mais forte

E possa correr pra marca
na brincadeira de esconder
dizendo:
- Batida tempo!
- Te achei!

E na brincadeira de pega-pega
ainda que te aproximes
não me possas pegar
pois vou dizer:
- TÔ DE CESSA!

Arabela Morais

Obs.: "Tô de Cessa" era a expressão usada nas brincadeiras de infância quando precisávamos sair um pouco para fazer qualquer coisa fora da brincadeira. Quando dizíamos "Tô de cessa", não podíamos ser pegos.


segunda-feira, 12 de abril de 2010


PEQUENAS GRANDES PÉROLAS DA SEMANA!

Transformação...

Como árvores
No outono
Se fazem nuas
E num amanhecer
Ao abrirmos a janela
Assistimos ao belo
E misterioso espetáculo
Da transformação,
Esperanças
Também se renovam...

Lage,Mazéh

Porque sumi?

Eu sumi porque não me sentia mais
Não me cabia inteiramente no meio.
Talvez por não me achar mais capaz
Quem sabe por que senti desnorteio.

Sumi, mas meu coração é presente.
Eu sumi porque de mim tive medo.
Quem sabe fiz mal, inconseqüente.
Ou medo que vissem meu segredo.

Eu sumi, por que usei a tal máscara.
Nada justifica, quem nunca atreveu.
Quis esconder o triste do olhar meu.

Tenho perfeito rosto e doce coração
Mas não combina com o que eu faço
Me escondi. A vista está minha ação!


ღRaquel Ordonesღ

Saudades , você não vem ...

o tempo passa arrastado
forçado
mal humorado
acabrunhado
embaçado...
saudades, vc não vem,
o tempo sente
a dor que agora sinto
pois é a dele também !

Eliane Thomas

CAÇANDO TESOUROS

Do outro lado do mundo,
Cem dias abaixo do nível do mar,
dizem existir um tesouro perdido,
que só o acha, quem tem olhar profundo,
olheiras de tres luas,
tem-se que cavar
com o lado direito da mente,
ter aguçado sentido,
brilho no âmago,
amor generalizado
instinto apurado,
sensitivo sensível,
só assim o encontrará.

Escaravelhos de brilhantes,
borboletas de turmalinas.
pingentes de esmeraldas,
Safiras felizes,
Cachos de diamante,
salinas de ouro branco,
pérolas em calda,
broches de paz interior.
sensíveis ao toque,
encharcados de amor.

Tem-se que superar um labirinto
de cobras coral.
esfinges tridimensionais,
insistente temporal,
de lágrimas importadas,
ferozes, agressivos animais
semi-humanos.
armadilhas inteligentes,
areias movediças.
estacas pontiagudas,
estáticas.
raros chegam ao outro lado
do mundo,
poucos sobrevivem,
ao convívio, com as jóias
preciosas,
os valores sem preço,
a amizade, amor, apreço,
e conseguem sair ilesos,
da estigmatizante caverna,
desta lenda moderna!

[gustavo drummond]

Pós amor

Ninguém sabe o quanto doeu em mim
As palavras jogadas ao vento
O tanto dito trocado pelo silêncio.

Ninguém sabe o quanto remoeu em mim,
O cheiro grudado em meu corpo
Nas noites mal dormidas sentindo
Sonhado acordado

Ninguém sabe o quanto foi duro
Implorar para a mente esquecer
Mentindo a mim mesmo
Com o coração pedindo a voltar
Sentindo a falta de sua parte

Ninguém sabe o quanto doeu em mim
As lágrimas ácidas que escorriam em minha face
Esperando por uma faísca de aviso
Ou até uma surpresa que me contentasse

Ninguém sabe o quanto doeu em mim
Os sonhos pisoteados
Quebrados, estraçalhados
Junto com o orgulho
E serem jogados de lado.

Ninguém sabe o quanto doeu em mim
Acreditar que fosse certo
Que teria forças para suportar
E ver que sozinho nada poderia mudar

Ninguém sabe quanto medo que tive
De viver o resto da vida sozinho
Sem olhos, sem alma, sem razão
Sem nenhum motivo para me levantar.

Ninguém sabe o quanto doeu em mim
A falta de fôlego, a falta de palavras
A falta de apetite, a falta de saber o que faltava
O que restava do desgosto, da saudade

Ninguém sabe o inverso
De bem pensar em alguém
E o de mesmo sem querer
Só pensar em alguém

Nem eu sei por quanto tempo
Esses fantasmas vão passar
Em meus caminhos

Clayton Pires

Sem sentido


São falsos os versos
Que saem de mim

São copiados
De árvores, livros
Flores de jardins

São meias verdades
Escritas sem razão

Que saem pelos
vãos escuros
das cidades

Ecoam como grandes palavras

mas são tão fracas
solitárias

francamente,
Elas ja existem!

São cegas
E saem desnorteadas
de minhas mãos

E podem fingir serem palavras
De qualquer coração.

Clayton Pires

PRECE PELO RIO DE JANEIRO

Senhor eu não sou santo,
eu sei...
Sou pecador
confesso.
Ontem não rezei
mas hoje rezo
com fervor.

Ouve-me Senhor,
te imploro
com os apelos da humildade,
assim como um filho se dirige ao pai.
Ouve-me pois eu choro
não por mim,
mas pelas vítimas da calamidade.

Perdoa-me Deus, meu pai
se blasfemo chorando
a tua decisão...
Mas, por favor, atende este filho que clamando
olha para o céu na esperança de falar contigo
e esquece que estás tão perto
dentro do seu próprio coração.

Então, olhando para ti, que estás em mim
sinto que secas minhas lágrimas
e me abraças por inteiro...
Ao teu santo amor meu Pai
eu suplico, de joelhos...
Manda a tua luz divina
para o Rio de Janeiro!

Rui E L Tavares



SEUS LÁBIOS

Cor de sangue positivo,
úmidos, transpiram mel,
hábil, ávidos, sensivos,
gosto de azul do céu.

Formato de beijo inclemente,
Jeito sensual de ser; e é.
Gosto gostoso de menta,
Sacia, incendeia, alimenta.

Sonho de consumo,
com sumo viçoso,
de se perder o rumo,
documentos, endereço.

Lábios de prece,
làbios de messe,
lábios de quem merece,
e mais ninguém!

[gustavo drummond]



MINHA MEDIDA


Retomei o meu domínio
Galgo os passos do meu dia
Hoje sou meu próprio abrigo
A lágrima não inunda minha vida

Determinada, sigo avante
Sem tornar ao ponto de partida
Mantenho a falsa paz constante
Sem me deixar estar combalida

Aprendi as regras do jogo sujo
Já não me importa a medida
Do sangue que é o custo
Para recriar-me, destemida

Recrio-me do sangue inocente, meu!
Retiro entranhas pela ferida
Mas a dor quem me causa, sou eu
E não mais tua mão erguida.


Viviane Ramos


O amor quebra barreiras

Então criou asas
o amor

Alçou vôo

Sem limites!

Se perdeu na gravidade
Bateu na parede

não tinha forças para voltar.

Clayton Pires

Soneto

Um soneto! Ah! Um só são soneto
Há quanto quero que venhas sonoro
Claro, como lágrimas que não choro
Mas, não me vens, és-me arisco, discreto

Eu, há tanto tempo tenho tentado
Ter-te todo derramado, perfeito
Porém, falta-me esmero, talvez jeito
Para ver-te pronto ,enfim, estupentado

Qual teve-te Bilac toda vida
Ora tu me dirás: "Perdeste o senso,
Dele não és nem sombra combalida"

Mesmo assim, ainda espero-te intenso
Quando abrasar-me a dor da despedida
Ou quando a morte roubar o que penso.

Alexandre de Paula

CONSTRUINDO O AMOR

Escolhi o amor construir
dessa matéria transcendental,
eterna e perecível,
que possa fluir
sem limitações.
seja doce; contenha sal,
espirtualmente visível,
minuciosamente ousado,
que se fragmente em carinho,
individualidades agregadas
dois seres vizinhos,
mais..
tão pertos,
inseparáveis,
falem mesmo idioma,
onde um bebe, que outro coma.
relativamente estáveis.

Cumplíces aliados,
lutando pela paz,
lendo igual livro,
ouvindo idêntico jazz.
amados, livres,
prontos para o que der
e vier.
personifiquem o próprio amor,
corações e mãos dadas,
pintem da imaginária cor,
tanto tempo por vir,
porvir auspicioso,
atemporal,
ligeiramente eterno.
Até que esteja maduro,
concretizado em nós.
Pecaminosamente puro
cereja e noz.

[gustavo drummond]

Matéria humana


Queria viver ao lado das estrelas
ser cego ao mundo
sem questionar mistérios
ser o vazio exposto no horizonte

E o homem fosse tinta dissolvida
pura essência, sem matéria nem estátua

Meu deus porque tanto dizem
sem ter nada a dizer?
será o mundo tão ruim assim?

serão os homens?

temo o futuro
tenho algo mais a temer?
homens... homens
Maquinas?

Lógica lucrativa
Dispersos desastres naturais
Me distraio com a desgraça alheia

Dispenso o tempo
abro uma caixa de surpresas
e olho para o instante

vejo somente um lado da esfera
nunca completo minha visão

Seguindo a história
O passado
simplesmente gira
em torno do agora

Como se tudo tivesse acontecido antes.

Clayton Pires

Bate coração


Coração em desatino
bate que nem desesperado
quer viver mais que a vida
e não consegue ser controlado !


Anti arritmico nada resulta
sem solução, afirma o doutor
no descompasso do meu peito
pulsa vida pulsa amor


O pronto-cor está anotado
sob o íma na geladeira
no caso de uma emergência
não tem vela nem choradeira


E vivendo eu vou sem passo
desalinhado no seu descaso
não há pânico , é indolor,
tresloucado e sonhador...


Eliane Thomas

NA PONTA DOS PÉS

Muito tempo vivi em ponta de pé
Com medo de magoar, de te ofender
Em vão, pois até respirar te feria!

Muito tempo torci a ponta do pé
Tentando te agradar, te satisfazer
Bobagem, nada te alcançaria!

Muito tempo vivi sem a minha fé
Com medo de me encontrar e te perder
Bobagem, nunca houve garantia!

Muito tempo torci o sentido da fé
Tentando controlar o que não era pra ser
Então desisti dessa relação vazia

Sustentada na ponta dos pés!

Anorkinda
PRAZER E DOR

Se o gozo e a dor se confundem,
Quero decantar para descartar a dor,
Resta-me a vontade do prazer do gozo,
Com as dores que fiquem os masoquistas.

Quero descartar o joio em meio ao trigo,
Só me alimento do que me sustenta a alma,
Não carrego pecados voluntários que a dor perdoa,
A mochila da minha consciência está leve e livre.

A vida é boa, não requer penitência,
Rir e zombar da dor e meu maior prazer,
Não preciso de alívio, não sou mártir costumas.
Nem carrego a cruz, pois não atiro pedras ao léu.

Das dores passo a distância segura,
Sei muito bem do quanto atrai e imanta,
Quero distância das vivas almas penadas,
Que transportam trevas até onde reina a luz.

Quero sim é ser feliz.

EACOELHO

PEQUENAS GRANDES PÉROLAS DA SEMANA!


O relógio


O relógio fica na parede
Fazendo o balanço da madrugada
Contando as horas
Que durmo...

Feliz quem não se importa
Mas é preciso ter hora marcada
Amanhecerá, e voltarei a rotina.

Correr contra o tempo
Resolver problemas
Ver pessoas desesperadas
Que se esqueceram
Da paciência e não podem esperar

A hora é precisa
E tudo tem seu valor
E não posso me atrazar.

Passa a hora
O dia
A noite
Tudo passa.

Só não passam
Os problemas
E o cansaço.

Preciso ver o meu amor
Quando o sol se por
Sorrir, brincar
Compartilhar sonhos
Ver estrelas.

E não ver a hora passar

Passou a noite
Tudo se foi
E fiquei esperando
Para ver de novo
Aqueles olhos
Brilharem

E o relógio inverteu
Começou a andar
Para trás

A hora ficou infinita
Eterna, marcada...
E eu fiquei observando
Esperando sem razão.

Ouvi um barulho
Tic...
Meu coração parou
Espero que volte.

Clayton Pires



POR UM FIO
.
A vida por um fio
invisível, risível fio
às vezes, forte
às vezes, frio

Seguimos marionetes
rindo, chorando
às vezes, tristes
às vezes, sonhando

Chove sobre nós
Pássaros e flores
às vezes, luto
às vezes, cores

E deitamos finalmente
quando a alma nos espreita
às vezes, sono
às vezes, fim de colheita

Amélia de Morais



ESPERO POR TI

Banhei-me com claros raios de luar
E perfumei-me com as essências da noite
Para esperar meu eterno astro-rei

Vesti o manto transparente de estrelas
E até usei um creme hidratante com orvalho
Para a pele ganhar a maciez das nuvens

Colori os lábios com o vermelho de Marte
Coloquei os anéis de Saturno nos dedos
E, com o círculo de asteróides, enfeitei os cabelos

Preparei um leito macio com as nebulosas
E para tudo ficar à meia luz, apaguei metade do céu
Então, fechei a janela do tempo para prender o espaço

E esperei a chegada do ardente astro-rei;
Porém com a realidade do desejo fiz contato
Em primeiro grau, imediato, vi que sonhei...

Janete do Carmo


Chaga recente

Ferida aberta no peito escorre
A dor da lamina ainda sinto
O frio do metal nas entranhas quentes
O grito calado num labirinto

O rasgo da pele de sentimentos
Antigo sarar que agora jorra
Cicatriz desfeita, novo traço
Feia imagem, eu quase morta

Pele que enrijece coração
Capa posta por cima do amor...
Sofrimento gera negação
Solidão, remédio a esta dor

E a chaga aberta, tão doída...
Enegrece o sol da minha vida
Mergulhando-me assim, num mar de dor

Márcia Poesia de Sá




Inspiração de vidro

Seja vidro ou seja aço
Maleável ou rígido
Água pura de regato
Chuva brava de improviso

Seja mansa, doce e linda
Ou furiosa alquimia
Rasgos de fúria que eclodem
Mansos rios de poesia

Inspiração variante
Respiração ofegante
Mente que transborda idéias
Vidro d’alma radiante

Caleidoscópio das cores
Rastejante serpente permanente
Vidraça de todos os sabores
Minha alma, pedaços de gente

Márcia Poesia de Sá

Confesso

Já vivi dos sonhos
As mais doces nuvens

Já senti os mais febris
Desamores

E o maior pecado
Que já cometi

Foi fugir de mim
Quando menos podia

Hoje sinto falta
De estar comigo.

Clayton Pires

Busca absurda.


Quero me expor integral
e simplesmente:
deixar de considerar intocável
o que não me isenta de culpa.

Quero esperar, no outro, algo
além do ser mesquinho...

Pondo um “s” em tudo
que chamo de meu.

Quero construir um espaço mundo
onde, de fato, nos pertençamos.

Crescer sem a negação do que fui.

Ter a esperança
de aceitar as diferenças.

E depois de todo esse trabalho,
quero te conhecer...

Sabendo que conhecer-te
não é só saber como te chamas,
nem como estás passando!

Quero, por Deus,
ser plural...

E viver o absurdo
de buscar a felicidade.


Guilherme Bassalo & Arabela Morais

UM PENSAMENTO SÓ!

Um pensamento me domina,
um só...
Que vai e vem,
arremete
e se repete,
aterrissa
e decola,
sem aterrissar.
Sem ficar,
sem se tornar real.

Afinal,
isto está acontecendo
ou não...?
É concreto,
palpável
e visível
ou apenas sensação,
mero sonho,
estágio
entre verdade e ilusão?

Agito-me
entre espasmos de realidade
e devaneio,
no seio
da noite...
Sou marionete
do meu subconsciente
que se diverte
na obsessão compulsiva
de um pensamento só.

É madrugada alta
e ainda estou
à mercê da incerteza
dolorida...
Não sei se durmo
e sonho
que te perdi
ou estou aqui
acordado e sozinho
porque te perdi na vida...

Um pensamento só,
vício da minha mente
no torpor
que me acomete
e nele estás presente,
estás comigo,
o amor está fluindo...
Se é vida, quero estar vivendo,
se é sonho,
quero estar dormindo!

Rui E L Tavares

INVASÃO

Seu olhar penetra frestas, fendas,
hipnotiza meus sentimentos,
domina sonhos, pensamentos.
atravessa viadutos, sendas,
enfeitiça meus desejos urgentes,
rasga vestes, peito, inclemente.
Ai de mim, sem saida, sem fuga.
desvairado, rendido, reduzido
a um brinquedo seu.
impregna poros, pelos, mente,
aroma que não se desfaz,

Está em mim,
em Tóquio,
toques.
meus versos
controversos,
meus cantos
solitários.
gosto de anis,
sabor de amor,
gestos primários,
rabisca minhas idéias,
apaga o sentido principal.
se diz proprietária,
posseira,
capital de minha vila,
mercenária,
passageira
do trem noturno,
de meu diário,
meu horário.

Abusa, extrapola,
transcende, ultrapassa,
plena de graça,
faz o que quer,
adere que nem cola
de última geração.
Única mulher
que se atreve,
dominar meu coração,
fixa morada no meu âmago,
íntima intimidade,
semi-eternidade,
fato consumado,
sem fim,
dilacerado,
sua posse,
sem fim.

[gustavo drummond]

ABISMO

Caindo
Na escuridão

Não pude enxergar
A luz da saída

Meus olhos sangraram
O papel.

Clayton Pires


AMOR ABSURDO
.
Deposito
nas suas mãos
o absurdo do meu amor
daquele amor obscuro
silencioso
que grita além do ouvido
sentido
na vibração do tempo
de cada dobra do vento
que rebate no teu rosto
e traz de volta pra mim
o perfume do seu silêncio

Amélia de Morais

AMOR DE AREIA

Foi efêmero o amor que exaltaste
aqui, ali, ...aos quatro cantos
morreu na primeira tempestade
assim como outros tantos...

Não era amor como dizias
uma fantasia, talvez, quem sabe fosse
mas o fato é que se fez amargo
quando afirmavas que era muito doce.

Mentiste para todos ou te enganaste
às incertezas ficaste alheia
e sobre elas, enfim, montaste
nada mais do que um amor de areia.

E sendo de areia, como um castelo
fraco era e não resistiu
ao primeiro vento da vida
caiu por terra, acabou, ...ruiu.

E, desiludida, então choraste
expondo a intimidade da alma nua
culpando o destino por tamanha dor
quando a culpa foi somente tua!

Rui E L Tavares

Sombra

Abracei a tua sombra
num insano sentir...
Ardi-me de paixão

Diná Fernandes