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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

PEQUENAS GRANDES PÉROLAS


* * * *


POETA OU FARSANTE?
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o céu é perto
e é distante

o tempo é sempre
um só instante

o sol pequeno
é um gigante

o mar agita
e é calmante

a Terra gira
sem volante

o fogo arde
crepitante

o verso pobre
é aspirante

o verso rico
confiante

eu sigo em frente
viajante

sou poeta
ou farsante?

Amélia de Morais


* * *

Teimosia

O teu perfume, perfuma-me ainda
a alma conectada a tua

O teu sabor, saboreio ainda
em delírio, noite de lua

O teu toque, toca-me ainda
a pele arrepiada e nua

O teu lábio, beijo ainda
em teimosia de ser tua

Anorkinda



* * *

Eu e ele

Comíamos a madrugada em favos
Nos lambuzávamos de mel e rimas
Já não haviam relógios descalços
E a hora se fazia minha...

Tão minha quanto tua, tu dizias...
Enquanto nós voávamos assim,
Éramos dois, e a noite se avizinha
Para calar tão fundo, ao coração

Eram poetas mortos, em revoada
E dois versos vivos em erupção
A lua nossa eterna namorada
No coração um mar de emoção

Em gotas sólidas de puro êxtase
Na madrugada quente fervilhante
Mas o zumbido deste frio errante
Fez acordar o sol já exultante

E só lamento, este amanhecer...

Márcia Poesia de Sá


* * *

MOMENTÂNEO SONHO


Meus olhos passeiam buscando tua face
Em meio à multidão de enganos
De promessas vencidas pelo desgaste
Largados, cansados... Enfadados planos

Mas algo ainda vibra no peito
Se mantém perpétuo e insano
A lembrança do amor escrito no leito
E delineado pelo momentâneo sonho.


Viviane Ramos


* * *

REVIVO

Toda vez
que morro de saudades
Você volta
e me ressuscita.

LCPVALLE


* *

Amor

Quando abstrato ama
Sente e declama
Ah! Doce amado...

Quando concreto clama
Chora e derrama
Ah! Como bate...

André Fernandes


* *

Não há percalços para o amor


Quando o amor de verdade chega, nos possui
Não existe percalço nenhum que o atrapalha
Faz morada dentro de nós e a tudo nos influi
O vendaval de sonho em nosso ser se espalha

Não há desculpas e muito menos há distância
Não há crença, raça, idade, nem classe social
Em nosso sentimento não vive a inconstância
Amor é irrestrito, é absoluto, é incondicional.

Quem ama, simplesmente ama nada se explica
O que vem do interior da alma, não se justifica
Chega sem recado, se apossa, dá ordens e fica

Falo do amor de verdade, não é amor-ambição.
Amor além fronteira que viaja na constelação
Desse que os olhos dizem o silêncio do coração.


ღRaquel Ordonesღ


* *

Há quem chame de amor

o que pensas saber
a meu respeito
não passa de imagem distorcida
espelho d’água refletindo
tua própria paisagem

se quiseres me conhecer
veste um escafandro
e mergulha
nos oceanos de mim
testa todas as chaves
- até que eu mesma
te destranque as portas -
e atravessa comigo
as trevas e os desertos

então terás nas mãos
minhas cartas
minha alegria
meu coração

terás nos lábios
meu sorriso
e nos olhos
minha luz

se quiseres permanecer
traz teus pertences
e habita em mim

se permitires
que eu também percorra
teus caminhos
e remova contigo
as dores e as pedras
seremos cúmplices:

conhecerei teus pensamentos
antes que cheguem às palavras
adivinharás meus desejos
antes do primeiro olhar

terei nas mãos
tuas cartas
tua alegria
teu coração

terei nos lábios
teu sorriso
e nos olhos
tua luz

então seguiremos
juntos
pelo caminho infinito
da ternura

...há quem chame isso de amor


Helenice Priedols


* *

Reverso

Que a clareza da minha verdade
Seja suficiente
Para reconhecer e respeitar
As verdades alheias
E considerar
Que o fato de serem
Verdades contrárias às minhas
Não fazem delas
Mentiras postas
São apenas verdades opostas.

Célia Sena


* *


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* *

O peso do passado


Somos uma mistura do presente
e do passado
é nossa história posta lado a lado
Queria ser uma criança
elas não tem carga do passado
chegam ao mundo sem sobrecarga
com pureza , sem sagacidades
livres de ansiedades
livres de maldade
sem medo de errar
sem medo de falhar
Não trazem um peso psicológico
para o presente
Com a idade carregamos a indisposição
que qualquer falha incorpora
a nossa identidade
Como um pecado
uma frustração
e como resultado
podemos cair em depressão
Na hora de dormir
chute o balde, se desligue
deixe pra trás as fobias
volte a ser criança que foi um dia.

Por Joseph Dalmo


* *

É preciso, é possível

É preciso precisar e saber buscar...
O infindo e fecundo silêncio de cada um
O uno entre nós e nós mesmos

É preciso ler o que ainda não foi escrito
E saber as inspirações vindouras
Após o calado grito!

É preciso ir, apenas.

É possível ser... viver...sorrir
Achar graça das quedas, aprender com elas
Como criança ao andar de bicicleta

É possível doar, sem doer.
Amar sem sofrer
Cantar e desafinar, e daí?
É possível errar e corrigir
É possível se permitir.

É necessário cantar com olhos
Sorrir com as mãos e pintar com a voz

É absolutamente possivel assinar com sangue
Sentir com pulsar...
E pousar...

Quando cansar.

Márcia Poesia de Sá


* *


Sonhos


Assim são meus sonhos
céu coberto de estrelas
tapete de brancas nuvens

raios solares e lunares
traspassam paredes
do mais puro cristal

água fresca jorrando
continuamente em cascata
frutas ornadas de flores

vestes diáfanas bordadas
com fios de arco iris
arremate perfeito de cores

Um sonho celestial...


Eliane Thomas


* *

Por onde andei?

Se nunca tive com quem andar
Nem aonde eu chegar
Se nunca tive pés, no seu lugar
Apenas algumas razões e revés

Se nunca fui convidado a passear
Apenas fui jogado no chão
Se nunca fui tratado como irmão
Apenas sugeriu a mim a sumir!

Se nunca deram um cantinho pra pousar
Nem um lar pra eu descansar
Se nunca deram uma mão, um aperto
Apenas empurrão e dor no peito

Por onde andei?
Andei apenas comigo
Com Deus meu amigo
Não viajei nem fui longe
Não sai de perto
De quem nunca partiu
De mim!

André Fernandes


* *

O que será que há?

Há um sutil sentimento
Que penetra e não invade
Entra assim sorrateiro
Como brisa em fresta pouca

Fala manso, canta baixo
Beira o sussurro num espasmo

Apalpo o coração para senti-lo
Duvido até que ainda exista
A falta de pulsação inequívoca
Um arredio silêncio de amor

Há este maldito sentimento
Que no momento se faz mostrar
Um aperto dolorido lá dentro
Um certo frio em meu olhar...

Há e já não posso não vê-lo
Até pensei em nomeá-lo
Mania de por títulos em novelos
Que em meu peito sinto desenrolar

Talvez o chamasse saudade
Mas este nome é tão comum...
Pensei também em vazio
Em frio, em desolação
Mas esses nomes são poucos
Para o que sinto no coração
Há um sentimento sem nome...
Um vento frio sem razão.

Márcia Poesia de Sá

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