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sexta-feira, 1 de julho de 2011

PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!


* * *

SE...

Se você chegasse,
Em forma de chuva,
Pela brisa ligeira
Trazendo o cheiro
Inteiro do prazer
Da terra molhada
Com a alma lavada,

Eu mergulharia
De ponta cabeça
Em meio aos seus pingos
E beberia gota a gota
Na taça do desejo
De me encharcar
Todinha,de você...

(Lage.Mazéh)

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* * *

OLHOS TRISTES

Não perguntem o porquê dos meus olhos tristes,
Nem do silêncio morno que sempre me acompanha,
Meu olhar vive a buscar caminhos já empoeirados,
E minhas palavras já não fazem qualquer diferença.

Meus sonhos foram furtados em cada despedida,
E sempre os refiz às custas da minha solidão.

Partilhei tantos planos e os dividi nas esquinas,
Das encruzilhadas que a vida tanto me aprontou,
Resta então o silêncio das lembranças tortas,
Que somente meu isolamento mórbido endireita,
E somente meus olhos inertes são capazes de refazer.

As histórias que tenho para contar são tão longas,
Que somente minha paciência é capaz de escutar,
O que aprendi nas estradas virou mera filosofia,
Que os interesses apressados sempre a julgam vã,

Mas eu rio sim, das graças do meu viver sem graça,
Aos olhos incultos dos bobos barulhentos fanfarrões.

Meu silêncio é morno sim, mas sempre aconchegante,
Melhor que o calor efêmero das labaredas de palha,
Feito promessas vagas que até as brisas varrem,
Exatamente como as tantas que me foram enunciadas,
E que meu silêncio recorda, meus olhos ainda avistam,
E me fazem assim aparentemente triste e melancólico,
Mas que somente traduzem a reflexão do meu saber.

EACOELHO

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* * *


Meus respeitos...

Me chamo Anorkinda
agradeço sua atenção
nada tenho de linda
mesmo sendo sincera sua admiração

Meus defeitos...

Se perdoam uns aos outros
eu os esqueço, muitas vezes
é quando eles aprontam, soltos
uma quantia inapropriada de reveses

Meus sujeitos...

Me chamam por detrás
dos verbos que atuam
ora indefinidos em sagaz
ardil para as luzes que se ocultam

Meus trejeitos...

Se acusam inseguros
sem versos inseridos
mesmo quando, em apuros
a poesia da vida me grita aos sentidos

Anorkinda

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* * *

Só resta ter paciência


Ontem

Recebi a fatura desta vida
Escrita nas curvas da coluna
Sentada em meus peitos
Tatuada na face
Abraçada nas coxas

Tudo de uma vez
E nem dividem para pagar!
Rir ou chorar, são as escolhas.

Pensei cá com meus botões de madrepérola
Antes quando era "perfeita", era um tanto burrinha
Com o tempo, aprendi a pensar leve
Ignorar os medos, as quedas, os arranhões
Escolher só por mim e mais ninguém
Nadar só porque deu vontade!!!
Coisas que só a idade nos trás
Isto tem seu preço né?
Assim sendo, que seja!!! to feliz e paciência!


Márcia Poesia de Sá

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* *

Retorno

venho pé ante pé
para não me perder no caminho
a aura rescende a verbenas
as mãos entregues, espalmadas
trazem a poeira das dores e dos arrependimentos

venho vazia de ilusões
e plena de inquietações
depositar no altar de mim mesma
a flor de minha alma
em oferenda e sacrifício

venho de uma longa jornada
envolta em medos e dúvidas
cansada da busca e dos rigores do inverno
refazer-me em paz e quietude
no âmago do fogo sagrado

Helenice Priedols

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* *

AUSÊNCIA

Preciso me acostumar com tua ausência
Essa lacuna entre nossos beijos, abraços...
Preciso me acostumar com esses lapsos
E jamais esquecer do amor a essência.

Preciso compreender que és meu
E não importa o tempo nem a distância...
Preciso lembrar que você não me esqueceu
E que eu te amo em qualquer circunstância.

Preciso me acostumar com esse estranho vazio
Que não é totalmente frio nem torturante...
Preciso lembrar que a qualquer instante
Você chega e me acolhe e me prende macio...

E nesse aconchego, amor, me desatino,
Quase enlouqueço...
E me esqueço de tudo o que passei
Nos instantes em que você estava distante...
Porque te amo e para o amor não existe
Tempo nem espaço...


Stella Vives

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* *
Vespeiro

Gosto da escrita intensa
Daquela que cutuca
As frestas mais escondidas,
Os vãos disfarçados de cicatriz.
Gosto de despertar sensações
Sejam quais sejam
Amor, angústia, repulsa, dor.
Assim tenho grata certeza
De que não são brancas palavras
Cunhadas em branco papel
São abelhas livres
Distribuindo o fogo do ferrão
Ou a doçura do mel.
Cada um se aposse
Daquilo que lhe aprouver.
Eu, de minha parte,
Continuo alimentando a colméia.

Célia Sena

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* *

O MAIS BONITO


"Seus olhos - os mais perfeitos
Seu beijo - o mais delícia
de sua mão - a melhor carícia.

Seu colo - o mais confortável
nosso futuro - a melhor previsão
nossos filhos - mais felizes serão.

Minha vida - a melhor (com você).
felicidade - a elevada ao infinito
amor(de todos) - o mais bonito."

(Fábio Granville)

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* *

Temporada das flores


Ontem quando o botão era fresco
E balançava ao som do vento
Permitindo-se todos os tons
E abraçando o sol
Que o irradiavam futuros

A vida era mansa

Ontem, quando o botão vira flor
Cachos de sonhos se somam e o tempo passa

A vida era calma...

Ontem quando a rosa se abriu
E exalou sua essência
Na eternidade da vida...

A vida era certa

Ontem, quando a rosa deu frutos
Outros botões se abriram
Outros jardins se formaram

E a vida era linda

Hoje a rosa num vaso
Observa os jardins num espaço
Outras flores decoram
Re-colorem o horizonte...

E a vida se torna
Mutável

Temporada de flores
Primavera de memória
Em cores.

Márcia Poesia de Sá

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INCIDENTE

O meu amor tem sabor
Da sanidade contida
Na loucura vivida
Da avidez do amor...

E nesse amor experimento
A lucidez dos momentos
Lúdico encantamento
Da veracidade do amor...

Só com você o sabor
Da realidade vivida
É mantida e contida
No paladar do amor...

E quando a ausência faz graça
A saudade invade
A solidão faz metade...
...Incidente do amor.

Mavie Louzada.

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* *
ME AGUARDE

Deixe a porta aberta,
coração desocupado,
um lugar no leito,
em hora incerta,
estarei ao seu lado,
voce em meu peito,
eu em sua vida,
nós no aconchêgo,
curando as feridas,
bálsamos de chamêgo,
dividindo a comida,
bebendo no mesmo cálice,
no auge do ápice,
no âmago do momento,
velocidade de um afago,
ardendo, atentos,
musa e mago,
românticos latinos,
absorvendo calor, energia,
dizendo desatinos,
suave agonia,
permutando ternura,
explorando terrenos,
macios, humanos,
escorrendo doçura,
vivenciando o pleno,
degustando o insano,
olvidando a hora,
nos fartando no agora,
presente que nos damos.

[gustavo drummond]

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Um comentário:

POEMAS disse...

O poema ausência merece todos as condecorações. A poetiza achou um jeito absolutamente simples de confessar um amor paciente. Versos de encantadora simplificidade, misturado a lindezas ímpares.

E não posso deixar de agradecer a menção do meu poema OLHOS TRISTES, que foge, em parte ao meu hábito de expor as questões românticas, para entrar no campo da vã filosofia, das filosóficas queixas do mundo dos mundamos insensíeis.