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sexta-feira, 1 de outubro de 2010



PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!


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PRANTO

Ah...chorar, as vezes choro.
Por tanto, por nada,
por viver, sei lá.

Mas é um pranto que escuto
sei o que me diz,
como a narração de um drama.

Como a visão de um mundo novo,
como viajar na música
no filme da vida inteira.

Aprendi a chorar com as crianças
que lamentam a dor,
mas trocam o sofrimento por um brinquedo.

Chorar é dizer...sinto, vivo, vejo, viajo
ouço a dor do mundo,
escuto os sinos do paraíso.

Demorei muito para entender
a beleza do pranto,
correr para os braços da mãe,
chorar de amor.


Hoje, não há encantamento
que me faça privar minhas lágrimas
de sorrir comigo.

DANNIEL VALENTE

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A Espera


O poeta é um maldito
Que seduz todos com sua poesia.
Poesia ingrata! Ela nos leva a dor.

O coração palpita descontrolado,
No peito um livro de capa dura,
Há uma janela de onde pode ver a estrada.

O livro é aberto e dele cai uma folha.
Sem ser percebida ela permanece.
Lá fora só há o vazio, uma estrada de terra,
O céu, o sol, o campo e o silencio.

Escuta um suspiro,
Uma fome de ansiedade,
Um olhar de estudo lá fora
Nada, apenas o vazio e o silencio.


A folha permanece no chão, esquecida.
Saúvas utilizavam como passagem
Numa fila hindiana e discreta
(Escuta novamente um suspiro)

O poeta é um maldito
Que com sua poesia nos encanta.
Poesia lírica, ela nos leva a dor.

Lã fora, os galhos das arvores tremiam
Era tarde e o frio invadia,
O sol logo desapareceria.
Ao longo o coaxar das rãs,
A orquestra dos grilos.

Um ultimo olhar pra fora, nada.
A folha no chão finalmente é encontrada,
Mãos suaves a pegam,
O som seco é ouvido.

Suspiro de desanimo e a folha caindo
Rolando no chão de terra.
Fecha-se a janela.
Lá fora, somente o vazio.

(Rod.Arcadia)


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VESTIR-SE DE POESIA
.
Vestido assim,
da cabeça aos pés,
acontece pouco.
Ás vezes sou mouco
às vozes da poesia,
às vezes não a vejo
e nem sempre a sinto
então, eu minto.

Já vesti as luvas da poesia
e ela brotava das mãos
Já coloquei o chapéu dos versos
eles queimavam meu juízo
Já calcei os sapatos das rimas
nasceram poemas andarilhos

Me visto de poesia
mas é roupa curta
de chita estampada de rimas pobres;
vestido de baile
é raro ingresso das noites de festa,
quase sempre estou nu,
espiando as palavras pela fresta.

Amélia de Morais


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Flores De Ar

O jardineiro sempre a podar
regar; tinha tanto a fazer!
De suas plantinhas cuidar...

Era só abrir a janela e ver:
Roseiras à casa se abraçam.
E os perfumes a embevecer.

Ao seu vizinho não enlaçam.
Vive ao lado,ocioso ;distraído.
Sonhos! O olhar embaçam...

Pensa no jardim construído
em sua mente; monumental.
Devaneios o mantém entretido.

Pouco trabalho lhe dá, afinal!
Nem sequer repara nas rosas
Tão pertinho, no canteiro real.

Quer flores caras, preciosas.
Nem percebe! Nada tem!
Só flores de ar; pétalas gasosas.

Rosemarie Schossig Torres


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CORAIS

Preciso falar do mar...
é como ver barcos
portos... rebocadores,
a lua no espelho.

Gaivotas, garças,
cardumes, faróis,
corais...

As ondas nas pedras,
Jorge Amado...
a folha, perdida.

Esse é meu mar,
com jangadas fincadas
na memória...

E a solidão,
nunca sozinha...

DANNIEL VALENTE


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Mil vezes te amarei

Mil vezes te amarei
A qualquer hora do dia
Ou nas noites de luar

Mil vezes no amor me recriarei
Com o mesmo sentimento aflorado
Como carne e unha sem espaço vazio

Mil vezes um amor doado
Mil vezes sem medo de amar
Como não, se és tu o meu vício?

Diná Fernandes


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Fingidores

Se teu verso finge perfeitamente
Todas as dores que sente
Se teu verso nos atinge calmamente
La na alma ele vem serenamente

Se teu verso é cria do seu fingir
Como fingir o amor que sente
Como disfarçar em palavras o sentir
O sentimento nosso e inerente

Se tua rima fosse não só disfarce
De todo o seu sentimento
Fosse sua prova mais eloqüente
Magnitude amor sem mais no momento

Se tua verve mais nobre me calasse
Quando lesse do seu fingimento
Serei eu o mais! De todos os fingidores
Todas as dores! O meu nobre... Lamento!

André Fernandes

(parafraseando Fernando Pessoa)


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Algo Mais

Na poesia há o encanto
Do luar, da inspiração
Da musa, da amada,
E também da emoção.

Salve Bandeira,
De uma vida inteira.
Salve Alberto,
Álvaro, Ricardo,
Fernando, quarteto
De uma só Pessoa.

Salve Quintana,
Clarice, Cecília, Drummond,
Evoé, Poetas românticos,
Parnasianos, modernistas.

Salve a Poesia
Que rima com Fantasia,
E na Fantasia da Poesia,
Entra em cena toda a magia
Que o Poeta sabe fazer.

Evoé, poesia do bem-querer,
Do mar do luar do sertão.
Do Tejo, os navegantes,
Dos bêbados e dos amantes,
Das pálidas meretrizes,
Das noites nas tavernas
E da “musa antiga”
Grega e troiana de então.

Salve o cordel,
Salve o soneto,
E um indriso vai bem.
Salve a métrica e a rima,
Ou a falta disso tudo também.
Fazer poema é arte.
Poesia é algo mais.

Jane Moreira


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RONDEL DA PRIMAVERA


Na primavera floresço e me mostro
Como a margarida singela e casta.
É tempo fértil , então me prostro
Frente ao papel. A poesia me basta.

Falo da vida que floresce vasta
Falo de amores. Desses, como gosto!
Na primavera floresço e me mostro
Como a margarida singela e casta.

E se o outono as flores arrasta
Junto, a poesia também vai, aposto!
Vai, mas retorna, pois a dor afasta
E em esplêndido jardim reposto
Na primavera floresço e me mostro!

Arabela Morais


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Infinitude

Eles não sabem
Mas não podem impedir-me
Não mais

Taparam-me a boca
Vendaram-me os olhos
Ataram-me as mãos
Prenderam-me os pés
Mataram-me em vida

Do que ainda ignoram
Há o amor,
E este não morre
Não careço de corpo
Para conjugá-lo
Basta-me a alma
E esta,
Embora arranhada,
Ainda vive
E ama
Aquém e além
De todos os tempo e verbos.

Célia Sena


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Os ventos nas velas claras

Meu olhar não alcançou a ilusão dos ventos
Nunca fui íntima das horas mais claras
Meu amor reescreveu a lua nova dos momentos
De perdão e ternura com as rimas raras

Meu poema não desprezou o castelo em ruínas
Nunca desisti de sonhar com príncipes
Meu perdão descosturou os nós das esquinas
Da covardia e acariciamo-nos, cúmplices

Para escapar da maldade do mundo
icei as velas da insensatez
A poesia traçou um certeiro rumo

Em versos da cor do puro sangue
saciei-me de brisa e maciez
A vida nunca mais me viu exangue

Anorkinda


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Verônica


Quero ver maré
Recender o mar de brisa,
Escutar o canto das musas.

E o brilho da água emitir
A nostalgia do aroma
Que dela fluir.

Que o zéfiro em mim rebata
A dor consumida neste lugar encantador,
Que eu caia de joelhos.

E com a cabeça erguida para o céu
Clamar: “Verônica, com seu manto
Enxugou meu rosto de lagrima,

Com sua piedade limpou o meu pecado,
Com seu lábio batizou meu rosto,
Expulsou para longe a danação

Que com veracidade de suas orações
E preces salvou-me da perdição.”
Enfeite sua coroa de margaridas,

E com a letra na areia apague
A solidão que em nós perfura
Lentamente sem anestesia.

(Rod.Arcadia)


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