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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011



PEQUENAS GRANDES PÉROLAS


* * * * *
Vivendo livre.

Não temo a falta, não temo o medo,
Não temo o excesso, nem tenho segredo.
Não temo o futuro, nem o passado.

Nunca me vi em estado de alerta,
E nunca deixei a porta aberta,
De susto não morro, não sou desavisada.

E se me engano, se me abstenho,
Se perco, se ganho, eu me contenho...
E se fujo, ou se me contento, sigo calada...

Vivo livre, não tenho limites, nem sinto dores
Não tenho escravos, não tenho senhores,
Meu ser respira somente o ser libertado.

Não tenho mais amigos,
Nunca tive inimigos...
É sempre no meu sempre a vida livre, sem remorso e sem pecado.

Jane Moreira


* * * *
Bailado

Na rua azul,
a lua branca dança;
amedrontada
Com o florescer da madrugada

Baila apressada como se temesse
O expulsar da noite
Pela clara alvorada
Mesclando as cores
Tudo florindo
Em branco-azulado

Mas indiferente o dia nasce
Dormido e encantado
E a rua azul,
Se tinge de fulgurante dourado.


Nice canini


* * *
Olhos abertos”

Olhe em volta de nós
Filhos ao nosso redor
Família reunida
No almoço de domingo.

Olhe por nossa janela
Há vida lá fora,
Mas ninguém que diga
Que é mais feliz que nós dois.

Olhe dentro de meus olhos
Eles só conseguirão
Refletir sua infinita ternura
E doçura beleza.

Mas olho para o lado
E você não está comigo
Para sonharmos acordados
Todos esses desejos.

Então sonho no papel
Para que você saiba
Quão tonto e despudoradamente
Sou apaixonado por você.

O sono não vem
Você não vem
Apego-me às madrugadas
Sonhando de olhos abertos

Fábio Granville.


* * *

UM SORRISO EM PRANTOS

Em meio as dores de uma saudade imensa
senti a dor de ir embora uma paixão.
Chorando a madrugada forte me sentindo tensa
sorri ao ver que era uma saudade em vão.

Mas como conviver sem esperança intensa
minha mente em combate com o coração
será que a vida é uma névoa densa
ou apenas o sentimento de uma ilusão?

Os lábios se entreabem num breve sorriso
de quem perdeu, achou o sol de um amanhã.
Neste presente claro um providente aviso?

Que a vida continua indiferente as ciladas
seguindo em frente num bobrbulhar de emoções
e que a esperança nasce na alvorada!

Mary May


* * *
Para amar o mar

Era começo do crespúsculo
avistei as vagas do agitado mar
levadas pela força do vento
açoitando as rochas escuras

No ar vibrava uma sinfonia pura
era o som do amotinado oceano
e eu parado vendo as espumas
as cores, os sons, as brumas

Não há como não amar o mar
seja na furia, ou na calma
amo o mar, sinto ele na alma

Quem é do mar não mareia
navegando, ou no porto d’areia
o mar esta dentro das veias.


Joseph Dalmo


* *
Viver na contramão.

Amava, beijava...
Por amor, por paixão...
Amava, beijava
Por hábito... Pela situação...
Lutava consigo, trabalhava sem chão...
De sol a sol, na escravidão...
Brincava, para não chorar...
Comia, num ritual...
Dia, após dia, seu arroz com feijão.
Bebia, era natural...
Dançava, e nem era carnaval...
Viajava por terras, travava suas guerras,
Soluçava, que vida imoral...
Gargalhava, para afastar o mal.
Então, subiu como se fosse máquina, afinal,
Sem direitos, feito um pacote, todo dia, igual...
Sem segurança, mas era natural!
Queria ouvir música, num sábado normal,
E queria ser príncipe
Com seus filhos, sua mulher no palácio real...
Mas se tornou um náufrago na multidão, era fatal.
Não queria, adivinhou, sem sentir:
Atrapalhou o tráfego, coisa banal!
Foi tudo o que conseguiu a título de gran finale!

Jane Moreira


* *

MANIFESTO

É preciso institucionalizar o amor
como matéria obrigatória,
em todos os cursos e séries,
aplaudir com louvor,
quem viver a melhor história,
tem-se que levar a sério,
o sentimento fundamental.
Colocá-lo em prática diária,
espontânea e essencial,
vestir esta indumentária
em todas as circunstâncias,
espalhar as sementes,
não habite só a lembrança,
invada o coração da gente,
amenize a convivência,
suavize a existência,
fica decretado oficialmente,
obrigatório em todos os lugares,
o exercício permanente
do amor, em todos os patamares!

Gustavo Drummond


* *

FELICIDADE

Como não ser feliz
diante de um poema?

É uma sensação
de missão cumprida.

É como pegar um soneto
com as próprias mãos
e molhar-se em suas ondas.

Completamente deslumbrado
com o sol que os versos fazem
dizer que o soneto, virou mar.

E um soneto, um poema
é tudo que preciso
para navegar.

Como não ser feliz
diante de um poema?

Danniel Valente


* *
Oração de um poeta


Protetor do poeta, amigo da rima,
Não te peço um “novo engenho ardente”...
Peço a bênção dos poetas lá de cima,
Peço a rima e a paixão simplesmente.

Peço a palavra, mas não a obra-prima.
Que o canal da criatividade aumente
E a poesia, que nunca desanima,
Jorre das mãos do poeta em tom crescente.

Que venha envolta na bolsa dourada,
No momento sublime da criação.
Ou pode vir em tela versejada

Que venha, na hora certa, a inspiração,
No início, no meio ou fim da jornada,
No instante único da concepção.

Jane Moreira


* *
SE CADA SIM VIRASSE NÃO...

Eu não saberia o que fazer
Ficaria perdido sem entender
Sou do tipo certinho
Que fala sozinho
E no minuto seguinte
(Se é que consigo)
Sou somente um ouvinte
Que ouve todos os advérbios
Que ecoam de qualquer jeito
Sou tão capaz de mim
Que penso que sou perfeito
Fico adjetivando a negação
Se disser que sou maior que tudo
Talvez eu queira dizer que não sou
Se digo sim, quero dizer não
E assim é melhor ficar em silencio
Por a incerteza é a pior coisa
Que pode acontecer
Tudo se contradiz
De tudo que pode ser.

Joseph Dalmo


* *
Meus Olhos

Meus olhos viram sim, tua linda alma
Trazendo carinho e ternura sem fim
Na rima, que encanta e me acalma
Trazendo mais do que amor para mim

Coisas que não saberia explicar assim
Pelos caminhos do verso,nossa palma
Meus olhos viram sim, tua linda alma
Trazendo carinho e ternura sem fim

E sem julgamento ou algum trauma
Li em seus olhos, o amor que é afim
Não houve então qualquer ressalva
Assim também, você gostou de mim
Meus olhos viram sim, tua linda alma

Maria Rita Bomfim


* *
Nas linhas da leitura

Quando me deixo enlevar no voo da leitura,
na fragrância ímpar de um livro...
Me arrebata de tal forma, a imaginação
que me entrego inteira nesta pulsação.

Percebo o sol mais claro e a lua desnuda,
a brisa me beija suavemente
quando estou entregue à leitura.

Assim me sinto viva e capaz, em aventura
na vívida loucura do romance...
Me transcende a poesia, a narração
ou mesmo uma longa dissertação.

Recebo a maravilha profana e muda
da cultura escrita e transcrita
com o esmero perfeccionista

Assim deslizo tonta nesta doce fartura,
na beleza exposta em desenvoltura...
Me conservo escrava desta sedução
até as últimas linhas de sua criação.

Anorkinda


* *
PAZ E AMOR

Não peças paz e amor
Seja-os!

Suspire e respire
profundamente...

a Paz está aí
basta acessá-la

Ela não cai do Céu!
Ela já caiu junto a nós!

Suspire e respire
profundamente...

o Amor está aí

Ele não vem pra nós!
Ele já está dentro da gente!

Anorkinda


* *

Delírio De Rosas Perfumadas

Quando desvario, antes de dormir,
eu desfio as madeixas das rosas...
O meu sonho todo se deixa poluir;
de rir explodo, em cores amorosas.

A seguir sabores de pétalas suaves
contaminam o manto do amanhecer,
que disseminam os cantos das aves,
espalhando encantos no entardecer .

Dá prá ver a noite florindo primaveras.
Sigo rindo, docemente, na madrugada.
Sonho acordada e a semente prolifera
o delírio risonho de rosas perfumadas.

Rosemarie Schossig Torres


* *
DEIXA EU SER EU

Assim,
feito mendigo ou fumaça
uma boca encarnada,
pureza desertada
o troco da trapaça.

Veremos quem mais pode
sustentar a liberdade
considerando a vaidade
de toda perversidade.

Venha aos meus aposentos
veja quantos pêlos
pior seria não vê-los,
há quem devore asquerosidades.

Quero sentir tuas profundezas
ver se o calor incendeia
essa minha riqueza,
e esses lábios de anjo?

P. Viajei


* *
AH, SE EU PUDESSE!

Te trazer , por longo pensamento,
num relicário de ametista,
te olharia a cada momento,
até exaustar a vista,
cuidaria com zêlo exagerado,
seria minha única companhia,
nesse deserto enjoado,
para tudo te serviria,
mais que um preciosidade,
uma alma vibrando
bem abraçada a minha;
ligação de cumplicidade,
duas vozes orando,
quando a noite se avizinha.
dois corpos amando.
afagos, afeto, afins,
poderia te admirar
natural e nativa,
encostada em mim,
a deriva na amplidão do mar,
seria, de meu amor, cativa.
cativada como meiga rosa menina,
alinhavada com fios de resina,
te daria tudo que merece;
ah, se eu pudesse!

[gustavo drummond]


* *
AMOR FRANSCISCANO.

Se Deus me desse o dom franciscano de amar,
Maravilhado eu ficaria sob o Céu:
Amaria o irmão-Sol, a irmã-Lua, o irmão-Mar,
E tudo mais que encanta em nosso mundaréu...

Amaria as estrelas, os rios e as matas;
O Vento, o som, o roseiral e os passarinhos...
A chuva, a fonte, o lago, e o som das cascatas
Que enchem de luz e de oração nossos caminhos...

Sobretudo, o meu Deus-Criador, eu amaria,
Bem como ao semelhante irmão, no dia a dia,
Para que, assim, vivesse u’a vida plena e feliz

Como um autêntico cristão bom e venturoso,
Em ser pobre e humilde em abraçar o leproso...
Mas, Deus, perdão, não sou um Pobrezinho de Assis!...

J. Udine


* *
Seus Olhos

Nos seus olhos...
Vejo-me com escassez de prantos
Nunca há sombra de desenganos
No frio, todos os mantos
No calor, o nosso banho.

Nos seus olhos...
O reflexo da seda dos seus braços
Que se estendem ao longo do meu corpo
Que me despe, reconstitui meus pedaços
Prazer quente, doce, em sopro.

Nos seus olhos...
Vejo a grandeza do mundo
Espelhada da mais bela forma
Amor claro, sem bula, sem norma
Desarmado de espada e escudo.

Seus olhos...
Espelho do meu sorriso mais sincero
Logradouro do azul celeste do céu
Chama de dar inveja a Nero
Faz embriagar-me do seu mel.

André Anlub


* *
Mistério de amor e mar

Qual mistério tu guardas na alma?
Qual encanto tu jogaste em mim?
Eu procuro em teus olhos. Nada.
Perdida, sigo neste mar sem fim.

Como é belo teu rosto moreno!
Guardo nas mãos essa memória
Pois tanto toquei, semblante sereno
Tanto senti, beleza notória!

Derramaste alegria em meu corpo
Tocaste harpa em meus cabelos
Tornando-se meu preferido porto
Guardião primaz do meu castelo.

Qual mistério carregas contigo ?
Tal concha um mistério do mar ?!!
Quando falas ao meu ouvido,
desvendo a orquestra que toca no mar.

Arabela Morais e Gladis Deble


* *
Crer em nós

Máquina de realizar sonhos é o universo
Ele os produz e torna realidade nossos versos
Irremediavelmente entrelaçados
nos fios da tapeçaria cósmica de tudo que existe
A mão da nossa fé amarra os nós.

No mais profundo do nosso ser, no recesso
mais recôndito do coração vivem
a deusa do Conhecimento e da Riqueza
Se as amarmos e alimentarmos
Todos os sonhos espontaneamente desabrocharão
Independente dos nós...
Essas deusas possuem um só desejo
Elas querem nascer entre nós.

Gladis Deble


* *
Ecos no silêncio

Não ouço nada agora...
Apenas o silêncio da madrugada
E a lua que faz sombra na calçada...
Há falta de vida lá fora
E o meu vazio é cheio de saudades...

Saudades de um tempo...
Saudades de mim, de ti,
Saudades de um momento,
Um momento que perdi...
E a madrugada vazia se enche de sons...

Ecos de momentos que não olvido,
Sons que permeiam meu viver...
Mesmo tendo de ti fugido,
Os momentos não quero esquecer...
Na sombra da lua, me escondo...

E vem o sol, público, impune,
Desfaz a sombra, meu refúgio,
Mas deixa a saudade, subterfúgio
Do vazio que não me faz imune
Aos gritos do silêncio a chamar teu nome!

Telma Moreira e Jane Moreira

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