Tópicos

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!

* * * * * * *

BRANDURA

Já andei por esses caminhos
resgatando almas de abismos
puxando os fios de suas vidas
até sangrarem-me as mãos
em lutas e malabarismos
tentando estancar feridas
expostas por todos os vãos

Sempre a mesma pergunta
na boca, nos olhos, na dor:
Por quê? Por quê? Por quê?
E nesse papel de inquisidor
palavras eram lâminas afiadas
feriam como pedras lançadas
de efeito devastador

E foi nessas tristes andanças
que aprendi a lição da brandura
e abandonei as cobranças
- em vez de ser a borrasca
eu procuro ser o farol
a mão no ombro é a mão que cura
o abraço é o laço que refaz a confiança
palavra de estímulo é acupuntura
e nos cantos onde a palavra não alcança
sorriso é janela aberta para um novo sol

Helenice Priedols

* * * * *
Sem Casca

Quero despojar-me
Não do que não me serve,
Mas daquilo pra o que
Eu já não sirvo mais:
Medidas exatas,
Verdades eternas
Respostas prontas
Horas inteiras

Saí do molde
Já não caibo como antes.
Transbordei

Entre queixos caídos,
Bocas abertas
E olhos incrédulos,
Eis-me aqui
Fora dos padrões
Andando fora do quadrado
Versando sem rima.

Célia Sena


* * * *
Camisa

Cobri o meu
corpo com a
transparência
da sua camisa.
O seu perfume
em mim impregnou
voou em minh'alma,
leve brisa.

Me vesti de você.

Meus desejos
Pelos seus foram
libertos!

Saltaram,

escorreram por entre os
botões abertos!

ღRaquel Ordonesღ


* * * *

ESTRADA NOVA

Minha Paz, meu Amor, minha Vida
serenava na Luz de Fevereiro
e o passado aparece falando em Anjos
com seu manto cintilando de luzeiros

que mostravam atos, perfumes e desejos
que cresciam e mostravam e estendiam um caminho
quando enfim apareci como criança
suplicando presença de carinho.

São dez dores (meus amores) que resumem
o destino que se abre ao coração
com escolhas que definem todas chaves
pra estrada de uma nova dimensão.

Claudenir


* * *
PÓS-PREMATURO

Ainda inato, já existia,
na memória congestionada
da mãe pobre e analfabeta.
Pós nascido, já dizia,
teria uma vida menos judiada,
estudaria para se tornar colibri,
líder religioso ou poeta.
Criança, já adulto,
vivia nos viadutos,
soltando pipas de plástico,
abortando utopias indiscretas;
nem se formou bem-te-vi,
nem tomou gosto por trabalho;
perfurava noites, nas mesas
forradas de feltro, de baralho.
sempre perdia; pedia mais crédito,
sabedor com universal certeza,
seria interrompido antes do fim.
semi vivo, estava morto;
não essas mortes de velório,
pranto e sepultamento.
Pior das mortes:
sem sonhos para embalar,
coragem para seguir,
nem um único amor
para conquistar.
sem filhos,
árvores,
poemas;
nada gerou,
nem iria fecundar.
Veio antes da hora,
antes do tempo partiu.
Ninguém notou,
para ele próprio,
nada mudou.

[gustavo drummond]


* * *

DECLARAÇÃO DE DESAMOR

Deveria ter pedido perdão
por tantas coisas que fiz.
Eu deixei-me levar
pela falsa falta de amar.

Vieram dias de ilusão,
cerquei seu coração,
moldei uma convivência,
movediça.

A inevitável separação
doeu em mim também.
Pois o perdido tempo não volta mais.
Todos os beijos eram mentirosos,
os afagos não ficavam atrás.

Por favor,
esqueça meu nome...
para seu próprio bem.
Não perca tempo chorando
pela face mascarada que conheceu.

Deveria ter tido coragem
de avisar que eu era miragem,
que à noite voava sozinha,
que sonhava com outra paisagem.


JULENI ANDRADE


* * *
Afogueada

Afogueada pelas lembranças
passo a mão no corpo
e mergulho no copo

Independente de minhas desconfianças
a vigília desta noite profunda
confirma o que penso.

Sei que amar não é aceitar tudo,
racionalmente todas sabemos
mas quando fala mais alto o coração

A lógica da pele é que se impõe...
Mais bêbada do que Baco
ao lembrar seu beijo, tombei

Pálida, pintada e ruiva eu espero
abatida por seu míssel de mel
Desconfio que todas as mulheres
ficariam perturbadas, meu bem
com sua falta de propósitos
e de propostas também.

Gladis Deble


* * *

FELICIDADE

Como não ser feliz
diante de um poema?

É uma sensação
de missão cumprida.

É como pegar um soneto
com as próprias mãos
e molhar-se em suas ondas.

Completamente deslumbrado
com o sol que os versos fazem
dizer que o soneto virou mar.

E um soneto, um poema
é tudo que preciso
para navegar.

Como não ser feliz
diante de um poema?

Danniel Valente


Um comentário:

Raquel Ordones disse...

passei para deixar beijos

parabéns a todos os colaboradores desse espaço perfeito


xêro kinda!!!