Tópicos

domingo, 13 de março de 2011




POETA EACOELHO!




AMARGO

Por sobre as dores da solidão,
Existem as lembranças da despedida,
E se o lenço já está relegado a um canto,
A solidão também será corroída pelo tempo,
Assim como as dores serão adormecidas,
Quando novo tempo amanhecer em sol.

Já criei calos no coração agora em pedra,
Na minha garganta se fez um bueiro imenso,
No peito uma lagoa onde deságua magoas,
Das tantas promessas que acreditei e vivi,
Dos amores que me atrevi e apartei em dor,
E das lembranças amargas que curei só.

Da mulher formosa que me olha na calçada,
Vejo nas entrelinhas do riso todo infinito querer,
Que nem mesmo um coração de diamantes,
Postado no peito de um poeta apaixonado,
No desvario da mais louca e desmedida paixão,
Conseguirá fartar tantas e cumulativas vontades.

Depois de tantos lenços levantados ao vento,
Das tantas madrugadas ardidas em desamor,
Entre deslumbres, conquistas e promessas,
Já não choro de saudade, nem sonho ilusão,
Vou vivendo paixões de camas em camas,
Pois meu copo já não comporta mágoas.

EACOELHO



AMOR PROIBIDO

As meias tardes nos protegiam,
E nós escancarados alheios a tudo,
Só importava a ânsia do desejo,
Da volúpia que ardia e exigia mais.

O quarto pobre, ventilador no teto,
Soprava para longe qualquer pecado,
Não levava, contudo, o cheiro doce,
Do suor que exalava da nossa luxúria.

Nossos corpos ungidos pelo óleo da carne,
E nossas carnes ardendo, sem queimar,
Queimava sim o calor de cada toque.

Todos os movimentos eram acordes,
Que nos elevavam às nuvens como se música fosse,
De tambores, guitarras, violinos, flauta doce,
Até o cansaço fazer silêncio, em êxtase,
Só então presente nossa respiração.

Lençol no chão, roupas amassadas,
Cumplicidade em cada olhar,
Pecado em cada beijo, promessas no aceno,
Esperança de mais uma tarde,
E mais tambores para nosso desvario.

EACOELHO

.

Nenhum comentário: