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segunda-feira, 25 de abril de 2011



PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!


* * *

Os Ardis Do Tempo

O tempo passou e ninguém viu.
Vento que desfolha calendários,
vai despetalando as horas, a fio.
Uma por uma, feito um rosário.

Tempestade de areia importuna,
revoluciona a minha ampulheta.
Ranheta aciona as pás a fortuna.
No fim faz o que dá na veneta...

Velozes voam os dias, de roldão.
Deixam só no borrão os sonhos,
qual pipa que não sai do chão...
Restam miúdos planos tristonhos.

Prestos, vão precários anos, no ar.
Cai no desvão desse deserto diário
a semente que eu pensei plantar...
Nem sei aonde me leva esse fadário.

Só o espelho nada esconde de mim.
Em sua face burilada vejo a verdade:
As linhas que nascem sob o carmim;
ardis do tempo, sabotando vaidades.

Rosemarie Schossig Torres


* *
Sólida navalha

Fiz dos desenganos, ausência
O quarto sempre tão vazio
Dos desacertos sem paciência
E de minha cama sempre frio!

Fiz somente a incerteza de ti
De fugas insólitas, quase dó
Da falta do que poder sentir
Unicamente a certeza... O só!

Durmo com a solitária brisa
Adentra e corta feito navalha
Do aço, que frio saboreia e frisa

O enlevo da pele que te retalha
O corte de dentro, volta e reprisa
Novamente a lâmina, rasga e talha

André Fernandes



* *

“Quando o gato sai
O rato faz a festa”... No convés.

É no convés toda balburdia
Salão negro, verde, cheia de luzes
Mas os gatos, nada de trabalhar
No convés ninguém quer ficar
E deixam a mercê para os ratos
Um navio sem direção, sem rumo
Sem prumo
E os gatos gordos do cerrado
Do congresso... Ops, convés
Vão empurrando
Com a barriga

André Fernandes


* *

Mãos Dadas

Não quero versos caducos
nem cantares futuristas.
O fio que me prende a vida
tem um tempo para existir:
Invisível e resistente
ele tece o tempo presente
e percorre toda a estrada,
costura amor de mãos dadas
com os que estão na caminhada.

Gladis Deble

* *
E o palhaço disse adeus

Quando o palhaço pisou no picadeiro
para seu espetáculo derradeiro
uma torrente de emoções e visões
invadiu-lhe a mente e a alma.

Transportando-lhe na máquina do tempo
para outros momentos, vasculhados no passado
e o velho palhaço então emocionado
debruçou-se em lagrimas e fincou silencio.

Como que orando neste particular cenário
revivendo tantos espetáculos e movimentos
de uma trajetória que marcou seu tempo
e que a memória, insiste em homenagear.

E dentre tantas agruras relembradas
tantos arroubos e eletrizantes palhaçadas
veio a imagem de sua companheira,
sua paixão da vida inteira, trapezista faceira.

Que um dia ganhou seu coração,
e sua predileção em forma de amor
mas enfim, numa destas incompreensões da vida
ainda na flor da juventude, a trapezista partiu
chamada que foi por Deus para sua companhia.

Mas, a vida prosseguiu apesar da dor dilacerante
e o palhaço continuou naquele picadeiro
não como antes em seu intimo,
pois já não sentia-se completo.

Porém, o espetáculo não pode parar,
e como nas brumas de Brunel, revivendo o papel
que um dia Deus lhe concedeu:
o de palhaço de circo, continuou seu picadeiro.

Na tradução mais altruísta que um artista pode ter
tal qual um Chaplin em grandes filões
de “Grande Ditador” a Vagabundo
o palhaço reacendeu em segundos,
tantas lembranças, tão intensas,
tão verdadeiras e densas,
que o velho coração não resistiu.

E do centro daquele picadeiro
o palhaço embarcou inteiro
para seu espetáculo definitivo
o encontro com a sua trapezista,
seu amor, da vida inteira.

(Francisco Córdula)
* *
VENTO ESTELAR

Este que trouxe a cor do tempo
lilás momento...
Deixou um recado no firmamento

Este vento soprou em sussurro
brando e curto...
Deixou no coração um lamento.

Anorkinda


* *

Queria

Que não fosse o túnel
A luz a me servir
Queria o céu, a luz divina
Queria poder morrer
E viver eternamente
Nas pradarias de meu
Paraíso
Queria que o túnel iluminasse
Todo o seu caminho
E não fosse apenas o fim
A luz do nosso
Destino

André Fernandes

* *


Amor
Em volta tudo igual,
a paisagem bucólica na alma,
revela a dor de amor dorido, ausência!
o poeta saudoso de sua amada, no exílio chora,
implora a alma que por ele chora que o espere, que volta...
pobre poeta que não se reconforta com a linda natureza a volta
e sua alma romântica afeita a venturosos feitos, aprisonado
por desdém, por um Calabar, que em desdita eterna trai
envolve amigos de ideais e amores eternos e joviais.
Alguns são enviados a plagas distantes do torrão
outros a prisão do tempo, em fuga avilta-se,
mas ele por sua bela chora, implora,
porém ela na espera de seu poeta,
no final de suas forças,
se abala e fala alto
sua dor!


Godila Fernandes

* *

Freios na Solidão

Que freios utilizar
para conter a solidão?
Se ela me alimenta, me enriquece
torna-se companhia, me da vida.

Que freios conterão
este turbilhão de lembranças?
Em Flashes que espocam,
Vozes que ecoam
entre tristezas e alegrias.

Que freios, enfim, segurarão
sentimentos diversos que se fundem?
E que formam todo um ser
vinculando alma e carne.

(Francisco Córdula) * *
Tic-tac de Amizade

Deixo o dia entrar
na folha branca da minha vida
Sem sentido
Caminhando sem rumo
Um cão passa por mim
Olha-me
Como um unguento
Acaricia meus pés
Fico sem entender
Porque aquele cão reparou em mim ?
Quero guardar e aguardar aqueles olhos
De bicho vivo de amor sem fim
invadindo minha alma
ruas e muros
Fazendo-me escrever
Um caminho
Uma rota
Joguei fora os objetos fúteis
De uma vida
Antes
Tingida
Sem afeição
Preferi chamar o cão
Para partilhar comigo uma refeição
O dia finda
Estou tentando colocar no papel
Um azul-púrpura
Da minha letra
Carregada
de sentimentos
Feito uma chuva batendo
No vidro
Arrumo minha vida
Aquele novo amigo
Conseguiu ativar os ponteiros
Do meu relógio .


Ana Maria Marques

* *


MESTRE

Cantaremos um hino de glória
a Jesus nosso Mestre maior.
Revestido da espécie corpórea
deu exemplos de vida e de amor.

Muito simples,andou entre nós
multiplicou pães e peixes.
Fez da água, o vinho da festa.

Abriu as portas da casa do pai
onde teremos sempre guarida.
É amorosa a partilha do pão:
Ele é o Caminho,a Verdade e a Vida!

Gladis Deble

* *

***Perfeição***

Quem não viu
um beija flor
Voando bem ligeirinho
e flutuando no ar
com suas pequenas asinhas
parecendo ventoinhas
Delas se vê tão somente
as sombras a tremular
e o silêncio
do suave farfalhar
Do canto doce sereno
do beijo de flor em flor
me parece tão ameno
pedindo permissão
Tão singelo e profundo
com certeza o criador
nos deu a perfeição
de um pequeno
e grande amor
Nas asas do beija flor.

***Rosa Mel***


* *

A cura na arte

Nas mãos, o cinzel
que modela, cria
em suave ação

O artista, do céu
traz a lembrança
memória-harmonia

É bênção, o mel
que propaga, sacia
em formosa visão

A obra, sem véu
traz a mudança
cura-cortesia

Anorkinda


* *

FALTA!


Tem gente
que faz muita falta
na vida da gente

Faz tanta falta
que a gente acaba tendo
que mostrar o cartão vermelho

e seguir em frente.

LCPVALLE


* *
Nada a dizer

O que fazer?
Quando faltam as palavras.
Faltam os sentidos.
O sopro, o ar, o delírio.
A inebriante forma criativa?

O que fazer?
Quando bate a saudade.
A tristeza, a depressão,
A solidão inesperada,
Roubando o sentido da narrativa?

O que fazer?
Quando se torna o silêncio,
Arma única de ressonância,
E o ócio, na sua mansidão,
Única tolerância afirmativa?

O que fazer?
O que fazer?
O que fazer?

(Francisco Córdula)


* *
Outro Tanto



Entre
Não peça licença...
Eu já lhe mostrei o caminho
Já lhe convidei faz bem tempo
Já lhe esperei outro tanto

Chegue
Não tem cerimônia...
Se acerque do que é meu domínio
Se cerque de muito carinho
Que aqui lhe ofereço outro tanto

Mostre
Que trouxe de seu
Não lembre do que já perdeu
Me conte o que encontrou
E encontre aqui outro tanto

Junte
As coisas que suas
Ás minhas se confundirão
Unidos, dois mundos inteiros
Compartilharão outro tanto

Um tanto de amor que se dá
Um tanto de pura paixão
Um tanto de afeto trocado
Um tanto de grande emoção
Um tanto de mim, de você
Outro tanto, não seja ilusão


Arabela Morais

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Um comentário:

Amélia de Morais disse...

Cada uma mais linda que a outra!!!