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sábado, 13 de fevereiro de 2010




Do tópico ENCANTO, FORÇA E VERSO CINTIA DE ANDRADE!

CÍRCULO

Cansei dos flagelos do tempo
E da passagem lenta das horas.
O meu caminho há muito não encontro...
Enquanto outros o traçam numa linha reta,
estou em meio ao labirinto.

À minha procura, ou de algo que se pareça comigo.
Ando lentamente no círculo...
Sem nunca chegar onde estava.

E não sei o que procurar ao redor,
tendo às vezes a sensação de ter encontrado.
Corro, pensando assim alcançar,

E faltam forças e o ar às vezes.
Estou cansada de mais um dia...
E à procura de outro.


Cintia de Andrade

...



Silêncio Dito


Confundo as minhas palavras e os meus silêncios...
Cálices tombados, reticências... pontos.
“Trema”. Era o medo que me vinha à boca
de língua torta e singela,
Dizer das poucas sabedorias.


Era a mim tão estrangeiro aquele alvo
que eu apenas latia e abanava o rabo
uivando à uma lua longínqua,
implorava qualquer que fosse o gesto.


E já era o gato de botas batidas
cuspindo coisas que engolira no caminho.
Mas ainda tinha em mim algo de belo...
As cordas, puxei
abrindo as cortinas brevemente.


Espiava o inédito a me amedrontar.
Mas mesmo que aquele céu de mil luas
desabasse sobre mim,
os meus olhos veriam o meu ser de queda,
como vêem o meu ser de cura,
ou o meu ser destituído de mim.


Corro atrás do medo e corro dele,
no desvio me livro e me defronto.
Sou apenas alguém à procura de algo.
Sou apenas algo à procura de alguém.


Cintia de Andrade

..

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