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segunda-feira, 25 de outubro de 2010


PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!


* * * * *

ROÇA

Saudades de acordar cedinho
ao cantar do galo no quintal
na mesa um café quentinho
longe das más notícias do jornal

Saudades do cheiro de terra molhada
o verde se estendendo até o horizonte
a poeira de carro na estrada
a pescaria, o rio, a ponte...

Saudades do som do carro de boi
do velho cavalo - pangaré
que um dia, cansado, se foi...
num canto, esquecido, o cabriolé

Saudades das noites estreladas
o violão ponteando a alegria
das cantigas em uníssono cantadas
em saudades que ninguém ainda sentia

Saudades da voz grave do avô
dizendo: - Deus te abençoe!
e da avó, com a suavidade do amor
dizendo: - Deus te perdoe!

Saudades, saudades, agora...
daqueles tempos mansos
em que o sol nos dava as horas
e a lua nos dava o descanso.

Amélia de Morais


* * * * *

Ínfimo sentir

Não queiras fazer um diário
de rimas frouxas
de falas fracas
falsas falas, dizia,
privai os outros
da tua patética existência,
poética essência
sê racional poesia.

Mas, escrevo porque sinto
e pelo que pressinto
sou letra antes que vida
vida que respira letra
...e até isso me cansa

A inquietude que vês na minh'alma
é por ser ela
um caminhão de fartos fardos
sentires raros
eterna quimera
real cansaço.


Yvanna Oliveira


* * * *

VENTOS DE AGOSTO

Venta em agosto, gosto de pipas ao ar...
noites nem quentes nem frias, este meu congelar assuntos.

Vi uma lua sorrindo, ouvi as estrelas confabulando
poemas de versos agudos ... sentimentos de mil anos.
Rascunhei algumas rimas sem sentido,
na esperança de falar de amor.
Eram versos livres e metidos, clichês
cheio da minha dor.

Quando agosto for embora, vou...
esperar a primavera.

Comprarei sonhos, não de agora,
com perfumes daquela rosa...

aquela que recebi de suas mãos
em outra estação.


JULENI ANDRADE


* * * *

ROSA ENIGMÁTICA

O meu corpo tem entrelinhas,
onde habitam mil segredos...
Nem meu espelho lê as linhas,
que a pele vigia no degredo.

Não tenho guia que me leve,
por essas vias tão espinhosas,
aonde nem minha’lma se atreve
a trilhar; rota dúbia e nebulosa.

Rosa enigmática sou; traquinas.
No jogo do malmequer aposto.
Despir as pétalas me fascina...
A resposta?Mistério que gosto.

Rosemarie Schossig Torres


* * * *

Pomba-Poesia

A preservação de aves selvagens
Implica, geralmente na criação
de uma floresta onde possam viver.

A existência de seres críticos
e uma raça humana pensante
sensível e amorosa depende de
boa educação, cultura e livros

Um município onde exista
uma floresta primitiva
que gravita acima dele
e outra que apodreça debaixo dele

É uma cidade adequada
para produzir feijão e milho
e fabricar alguma babaquice
para nossas modernas conveniências.

Num solo bom, cresceram
Homero, Confúcio ...
Já produzimos Veríssimos e Quintana.

Alguem disse que todas as palavras
já foram ditas e que
todos os poemas são de amor.

...Mas ,sempre soltamos nossas pombas-poesias
e esperançosos ficamos de que seja algo novo
e alguem possa acolhe-las, algum dia.

Gladis Deble


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A VERDADE

As vezes um mal entendido
põe uma amizade à perder
mas nem tudo está perdido...
se chegarmos a esclarecer!

Porém, se o outro não entender
se nao quizer nos perdoar...
aí então,por equívoco, vamos sofrer...
e o amigo,por um engano, nos desprezar!

Levados pelas mãos do tempo
encontraremos o afago da justiça
o bem que colocará a pedra no lugar.

Mas no coração da própria consciência
deverá habitar a calma e o repouso
se a verdade estiver conosco.

VALDILENE D M da SILVA & DANNIEL VALENTE


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* * * *

A Roça.

O amanhecer é quando canta o galo,
se agradece a Deus o novo dia,
o coração da gente pula satisfeito,
e da janela da varanda o sol espia.

Nossa casinha é toda caiada de branco,
acendemos o fogão a lenha para o café,
enquanto ordenhamos Mimosa, a vaca.
Manhãs quentes ou frias, cedo em pé.

Alimentamos os animais e vamos ao eito,
carpir, limpar o mato em torno a plantação.
É maravilhoso amar a terra e a produção.

Colhemos a fruta madura, e também a verdura,
ovos, queijo, leite, pão quentinho e, até rapadura,
é o alimento, que de bom grado, nos dá o Criador!

Godila Fernandes


* * * *

METADES


te espero
ao lado dos girassóis
já curvados pelo entardecer

vão-se os pássaros
de volta aos ninhos
e essa atmosfera
de melancolia
me invade

a ausência arde

até o relógio
zomba de mim
e não cumpre seu giro
com a destreza que deveria

a espera é uma agonia
é o tempo com raiva da gente

a lua é um sorriso
nessa hora em que
o dia já se foi
e a noite ainda não chegou

estás tão presente
embora essa distância consumada


também há vida nas metades
mas é meia-vida


Helenice Priedols

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