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quarta-feira, 21 de abril de 2010


Do tópico DE DIOGO, O GRITO!

Poetas inquisidores

Não poderei dizer em versos o que sinto
Não me cabem tais coisas nesse momento
Estou repleto de desalentos de dor e raiva
Meu desejo é queimar livros
Desabrigar os homens de suas crenças
Confundir destinos

Não posso dizer em versos o que sinto
Pois não sinto nada
É vazio
É silêncio
É inquisição de pensamento
E silencio em mim a voz da esperança

Mal sabe os santos, filósofos e poetas inquisidores
Que na letra torta, fétida e suja
Também existe poesia
E onde fica a liberdade?
E onde está o seu olho de humanidade?
Por onde anda sua sensibilidade?

Criar tratados
Impor leis
Fazer valer suas vontades de flores e jardins
De ilusões e de palavras ditas bonitas
Não cura
Não sara
A ferida aberta pelo sorriso de canto

De que lhe vale a rima?
De que vale tanta rasgação de pura seda?
De elogios e tanta purpurina
Se tudo não passa de falsidade
De encenação
De bobagens planetárias
De dinheiro e solidão!
Tudo não passa de inquisição poética
E patética
Nessa arte

Língua morta língua
Queria poder escrever em versos
O belo e a virtude
O puro e o simples
Mas não posso ser como vocês
Não posso ser como um de vocês
Porque em mim, brilha a chama da desigualdade
Porque eu sou desigual
Sou único
Sou livre pra ser o que sou
E isso me basta!

Inquisição poética
Em sua estética
Patética

Diogo Fernandes

Prefiro flores

Houve um tempo
Na casa do desatento
De amor
Onde as pedras eram seu jardim
Pisava pedregulhos
E os pedriscos
Cortavam-lhe o pé
E o sangue brotava
Jorrava raiva
Ódio
E em cada palavra de desamor
As pedras procriavam
Numa frenética criação de dor

Houve um tempo
Em que o desatento quis mudar
Desnudou sua face
E em cada pedra
Lapidou uma flor
Semeou por toda parte
Sonhos
Ideias
E reconhecimento de vida

Não é fácil, confessou ao vento
Teve que segurar a primavera nos dentes
Mas valeu
Flores vieram em esplendor
Brotaram mil,
Dez mil
No lugar de cada dor.

Diogo Fernandes

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