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segunda-feira, 24 de maio de 2010

PEQUENAS GRANDES PÉROLAS!




Sem você

Vivi toda a minha vida sem a sua presença
Tinha comigo que alguma coisa me faltasse
Não me armei que quando você aparecesse
Essa deficiência não mais me importunasse.

E você apareceu, o meu céu se completou
Uma estrela jamais vista, luz do meu viver
Veio não sei de onde, como sol se instalou
Letra em luz de néon para o mundo todo ler

Mas você se foi de repente à aura do vento
Agora, você só existe no meu pensamento
E suas digitais residem por todo o meu ser

Antes me faltava algo, você veio e supriu
Agora minha vida se agravou, fui ao fundo
Além de faltar você, me falta o meu mundo!



ღRaquel Ordonesღ

Em meu caderninho de sonhos...

Certo dia, esqueci meu caderninho, na floresta das palavras, adormeci bem quietinha embaixo da copa de uma arvore, quando acordei, era tarde e a noite já cobria os caminhos, assustada levantei e corri para casa, esquecendo assim...a pena e o caderninho.
Na manhã seguinte percebi, e voltei mais que rápida aquela copa... Lá estava ele, onde deixei, penso que chorou minha falta... O pego com carinho da grama úmida de orvalho, ainda... E dou-lhe o maior de todos os abraços...que medo tive de perde-lo! Ainda bem que não choveu.
Sentei para vê-lo por dentro... E qual não foi a surpresa, na ultima pagina, escrito em lilás, havia o seguinte pedido:
“Dá a receita... Preciso tê-la!
- Que magia preciso, para não amar-te assim? Passei a noite aqui a proteger teus sonhos escritos aqui no caderno, que esquecestes por certo. Mas se eu li tua alma, e isto, sei que o fiz, com certeza amanhã verei você voltando aqui...”
Fiquei pasma e absorta, não havia qualquer pegada... Quem teria escrito aquelas coisas?
Neste recanto distante, dentro desta mata...
Mas grata por ter protegido o meu pedaço de céu, pego um graveto na mata...e rascunho na terra o seu pedido...certamente deve ter sido um Elemental, e estaria por ali a me observar, logo leria minhas palavras, que comecei a traçar...

Magia:
Procura uma lua de cristal...
Numa noite de lua cheia
E a jogue de cima de um pé de maçã
Dentro de um lago encantado
Peça em voz alta três vêzes
Aos anjos fadas e aos colibris desta mata
...

Se a ti, o sol der uma risada
Teu pedido terá sido aceito
Contudo, se sentires um nó no peito...
Saibas com certeza, que jamais sairei daí.

Márcia Poesia de Sá


E AGORA?

Sete anos te levei
no útero da alma,
sete anos sem fim...
te alimentei com células,
medusas, sargaços.
não sem calma
suportei cólicas,
bebendo cálices
de silicone,
nem sei seu nome..
não sei se é filho,
qual mãe te gerou.
oxalá seja um ícone,
ídolo, índio, exú.
tomara não caia
em tentação,
tentando seguir
passos defeituosos,
pobre coisa a toa...
nesse ir e vir,
deparei com mistérios
gozosos;
jangadas, canoas,
partido rumo ao luar
do sertão.
Vê se cresce,
Some,
Vaza,
Trepa,
Dê sossêgo
pra mim.

[gustavo drummond]

Nosso amor

Há tanto tempo te disse
Que não agisse assim...

Que amor é igual papel e que amassa por fim.

Pedi para teres cuidado
Não brincar com sentimento
Mas, tu te fez de rogado
Asfixiando-me a todo o momento

Janelas também se fecham
Para aliviar o vento

Cansei de ser boazinha
Fugi de seu telhado
Coração todo amassado como bola de papel

Já não há quem o recupere
Sentimentos, todos ao léu

Vou partir a outra praia
Vou guardar inspiração

Quem sabe, num dia de chuva
Eu te escreva uma canção...

Preciso dela caindo para poder escrever!

Assim eu escondo as lágrimas,
Que certamente irei verter.

Márcia Poesia de Sá


Ser especial !


Essa sociedade que diz ser normal
Tem que ouvir o que eu quero falar
O ser especial não é um anormal
Ele merece respeito , parceria e amar.

Por ser uma abelhinha da inclusão
Eu não tenho medo de gritar mais forte
Do meu cantar tem que fluir uma solução
Numa linguagem de um mundo menos indiferente.

Quero que as diferenças
Já não existam mais
Arrebentando o cais dos estigmas.

Não peço favor
Quero que me escutem
Por fim , eles têm direitos e são filhos do amor.


Ana Maria marques

DOCE AMARGO

Quero este teu doce amargo
E teu gostoso afago que me apedreja!
Féri-me com a boca que me seduz
E cospe-me pelos lábios que me beija!

Quero este teu corpo tão lânguido
Que caro me custa, que barato me vem!
Este contato tão curto de peles,
De pelos, de meios, de cheiro, de bem!

Quero este teu toque de fada
Mesmo ciente do veneno da maçã!
Amar-nos-emos loucos adentro à noite
E sem hesitar comer teu fruto pela manhã!

Morrer pelo corpo... Esta graça, este ato!
Viver pelo corpo... Este querer, esta emoção!
A lucidez de um louco... Fatos!
Afagos baratos, pseudos-retratos... Tesão!

Querer insano, doce amargo!
Posições, emoções, despedida, apedrejos!
Conversas, acertos, vícios, afagos,
Precipício, escuridão, solidão, desejos!

Poeta Urbano

Buliçosamente sideral

Parto-me em milhões de átomos,
perco a forma característica,
e saio da atmosfera zunindo,
sibila cada átomo no espaço.

Nas esquinas de um fluído tempo,
no quadrante argênteo da Lua,
Minguante ou crescente, retomo-me,
Encontro a ti, a espreitar a vastidão.

Cruzamos mãos, abraços largos, corpos unidos,
amor invandindo o sideral, quase comunhão carnal.
O vazio preenche-se de rústica energia.

Nossos átomos reunem-se, num imenso festival.
Uma a uma, assistimos o apagar de cada estrela
e voltamos...Sempre com o coração do outro.

godila fernandes

Amor em perfume

Se o seu cheiro me invadisse e me drogasse
Haveria um jardim de seus braços
Onde morreria abraçado no aroma
De seu perfume...
Se o aroma de seu cheiro fosse eterno
Não haveria a quem mais sentir perfume
E se o seu amor fosse inodoro não conseguiria
Amar-te cheirosa...
Amo-te na essência de um pingo de colônia
Do meu absinto dei o meu melhor perfume
Do meu suor dei a essência de uma vida
Baseada em amor profundo...
Sinto-te na certeza que esse amor não se perde
E que o vento leva para longe mesmo que perfumada
Descubro onde se esconde, pois meu coração
Encontra seu cheiro a distante...
Há! Sinto seu gosto em meu olfato
Que esse amor abarrotado de sentimento puro
Seja o seu maior jardim em forma
De coração onde o meu perfume
É apenas o aroma do meu
Amor...

André Luiz Fernandes

QUE VIAGEM!


Há uma viagem acontecendo
Que viagem é essa? Por favor!
Há um motorista, sem carteira
Há um passageiro sem amor

Há uma viagem acontecendo
Há um estrada sem asfalto
Há um motorista, embriagado
Há um cobrador, lá no alto

Há uma viagem acontecendo
Que destino é esse? Por favor!
Há um motorista, sem noção
Há um passageiro, com calor

Há uma viagem acontecendo
Há uma avenida, sem sinais
Há um motorista, enlouquecido
Há guardas de trânsito, siderais

Há uma viagem acontecendo
Onde estão as placas? Por favor!
Há um motorista, aturdido
Ainda há combustível no motor?

LCPVALLE


RETROCEDER DA ESPÉCIE

O ser humano(?), retroage,
vai paulatinamente,
voltando as orígens,
falando em grunhidos,
voltando as cavernas
espirituais.
Exterminando os iguais,
sem motivo aparente,
se fechando hermético
em poços, cisternas.
Mutação degenerativa,
Progredindo para trás,
Prima por priorizar
ser primata,
Andar de quatro,
rastejando,
Vida ingrata,
Destino procurado,
contínuo ato,
se deteriorando,
comendo crú,
vestido de nú.
Prevalecendo o processo,
se houver mais uma guerra,
para autenticar o retrocesso,
as armas mais modernas,
não há escape,
serão a pedra e o tacape.

[gustavo drummond]

E, SE O HOMEM VOASSE...

Pairaria em pradarias
montanhas revoaria
avistaria clareiras
nas nuvens, deslizaria..
Planícies percorreria
peregrinando as alturas
e um planeta avistaria
a planar pelos espaços
e à terra dedicaria
o seu voo passageiro
pronunciando a poesia.

Aline de Mello Brandão

O AROMA DAS FLORES

Há nos sentidos,
toque afetivo
cuja fragância
remete à infância:
flor de araçá
e laranjeira,
alvissareira
flor - resedá
e do jasmim,
trazendo assim,
no seu perfume
intenso e exato,
pernoite e lume
ao meu olfato.

Rosas e lírios
suaves são,
causam delírios,
percepção
de odor e essência
em imanência
da criação.
Raras ciências:
cravos, hortênsias...

Damas da noite
almiscaradas,
damas cheirosas
das madrugadas.

O limoeiro
carrega um cheiro
todinho seu,
todinho meu!
Flor de pitangas
tão temperadas
como miçangas
avermelhadas.

Perfumadíssima,
a flora em prece
reverencia
toda a grandeza
da natureza.


Persuasiva,
- ventas do dia -
flora orvalhada,
florada guia
juncando o cheiro,
enredo inteiro
dessa poesia!

Aline de Mello Brandão

Quero um amor


Quero um amor tranquilo
diferente de tudo que vivi
um amor imenso intenso,
nem faça lembrar o que perdi


quero vasta mansidão das águas
do belo horizonte perdido
da terra de cheiro de chuva
do fogo nas veias ardido


respirar o mesmo fôlego
em sincronia total e marcada
quero o manto estrelado


velando minha hora encantada !
sentindo-me radiante então
plena , adorada e amada !


Eliane Thomas

HOJE SOU TERRESTRE

Hoje, sou terrestre
Outrora, eu era mutante
Quem me dera ser como antes
Eu tinha tanta confiança em mim
Hoje, sinto dor
Quando você chora
Quando você vai embora
Quando comigo não está
Sinto-me ligado a você
Tantas emoções inimagináveis
Tantos sonhos me vêm à mente
Penso tanto em você
Hoje, sou terrestre
Pela beleza do teu sorriso
Pela afabilidade em tua voz
Pelo brilho em teu olhar
Pelo aroma da tua pele
Pela forma como me toca
Pelo jeito como se dá
Por quantas pessoas eu já passei?
Pra todas, sempre estive na lua
Nunca me importei
E sempre indiferente aos demais
Nunca respirei um ar tão campestre
Graças a você
Hoje sou terrestre
Terra!
O paraíso é aqui.

Poeta Urbano

SEJA FELIZ

Sirva no cálice de todos os teus dias,
E beba vagarosamente, degustando,
Um chá que lhe aguce o gosto do saber,
Assim como da lírica flor de laranjeira.

E se embebe da brandura da branca cor,
Do aroma suave e discreto que se lhe exala,
Do zelo da sua colheita em brancos lençóis,
E da ousadia de nascer em pleno outono,
E supra assim seu espírito de lirismo.

Ou quem sabe um chá de camomila,
Ou de macela, ou que seja maracujá,
Deixe-se entorpecer pela calma magia,
E acalme a vida, castre a ansiedade,
Deixe a sabedoria entrar e se aconchegar.

Aprecie o sol nascendo vagarosamente,
A lua que surge tão lentamente, sem pressa,
A primavera que chega tão discretamente,
Os sábios cultivando sabedoria em pequenos goles,
O amor que se faz devagar enraizando em teu ser.

Calma, paciência, deixe a vida te conduzir,
Um pouco que seja, não a atropele tanto,
Reflita cada ato, repense cada decisão,
Sirva-se de todos os chás, dome a aflição,
Deixe-se ser feliz, um pouco só que seja.

EACOELHO

Escrevi para mim .. ..

Tento me fazer humana todo dia
pontuando minhas sombras
em aprendizado de cada dia.

Aproveito minha estranha
coragem de tentar escrever
um poema
Em um armário de viver .

É dentro de mim
que o lápis agarra minhas
mãos
em solicitude dos desejos
guardados , negados
sobre uma toalha manchada
sem fim.

Ana Maria Marques


POESIA! GRITO DA ALMA!

Quando, em noites frias,
minha alma solitária
desesperada, gemia

Ofereci-lhe uma saída
nas pontas das canetas,
coloridas tintas, escrevia

Saíam-me versos-soluços,
gritos surdo-mudos,
escoamento na poesia!

Anorkinda

Poema sem gosto

Se forem arrotos de poesias
O gosto vem amargo
A crítica não adoça quando
Não for bem digerido...

André Fernandes

DE REPENTE

Inseriu-se lentamente
num toque de desassossego
E o leitor sentiu-se tonto
Com medo do brinquedo

A poesia fez-se luz
Brindava ao puro amor
Retirava espinhos de dor
Abria sorrisos espontâneos

Mas o medo não impedia
Toda a ousadia de tentar
E as palavras borbulhantes
Explodiam dele sem parar

E soltos os versos formavam
Estrofes em profusão e finalmente
Nascia assim uma linda poesia
De outra maneira e de repente!

Marlene Caminhoto Nassa e Anorkinda

Ser modesto e ser medonho

Os olhos vêem, o coração sente
Palavras soltas, versos obscenos
A língua passa por entre os dentes
As mesmas cenas passam a minha frente

Não me amofino, restou só eu
Absolvido por um talvez
Na sua vez, uma ré sofrida
Que nessa vida pagou o que fez

Todas as sombras são desejos
O seu jeito quase assombra
Unicórnio com dois chifres
Eu quero é mais, aceito a honra

Nesse mundo alheio
Ser um ser bem pequeno
Um pingo d’água, uma semente
Vagamente um grão de areia

O que restou da mágoa
Por entre o concreto e o abstrato
Estar perto ou em um sonho
Ser modesto e ser medonho
Um gambá ou ser um gato
Em todo canto procuro
Bem longe e próximo do mundo
Ser parte do seu rebanho.

André Anlub

UM e UM

Não imagine nada
nao pense que sou teu
tambem não pense que não;
quando achou que me devoraria,passou fome
e quem te devorou fui eu!

Seu jeito dona de si nunca me enganou
te deixei de joelhos
implorando para eu voltar;
você disse que perdi
mas esqueceu que me amou.

Se engana quem te vê assim
com cara de anjo e jeito gentil
por ti sofri,acabei febril
e te vi correndo
pela segunda vez pra mim.

Fazer amor é fácil,
com você é tortura
uma fera que ataca sem piedade
a mulher mais louca
a única que amei de verdade.

Apesar de tudo,
seria pouco dizer que foi bom
nao deveria ter acabado nunca
essa coisa maluca
que a gente vivia noite e dia,talvez fosse dom.

Poderíamos ter tido muito,ido bem mais além
Você queria tudo agora.
A solidão às vezes revigora;
eu "matava tudo no peito"
e sempre dava jeito pra suas fantasias.

Por mais insana
que tenha sido nossa vida,
dois doidos amando
acabamos levando tudo em frente
sempre juntos,ano após ano.

Hoje,só o que resta é um retrato
sobre a cômoda do quarto
e a cama,a testemunha comum
de que um mais um e a soma ideal
para um casal que ama.

Rô Elkeyn


Minha poesia

É assim como renovar um guarda-roupa
toda vez que visito o dicionário

Folheio páginas, cheia de interesse
abrindo os arquivos diários

Minha mente até acumula bem
os verbos que me convém

Só não busco o fora de uso:
o texto fica confuso

Delineio até versos com stress
fugindo dos comuns

É assim que minha poesia louca
remexe íntimos fóruns

Anorkinda

MENDIGOS NOVA ERA

há uma classe de seres
que caminham rápidos pela vida
suas falas são cibernéticas
seus pensamentos são de mercados
seus sentimentos, ilusão de gozo
suas preces visam as trocas
seus amigos, menos que os dedos de uma mão.

são o que chamo de mendigo nova era,
diferem dos miseravéis conhecidos pela história
porque são ricos, de moedas e de bens
o que lhes falta é o dicernimento
de saber quem são
e para o que estão na Terra
imaginam-se deuses, tudo podem
tudo mandam fazer, ou compram
mais são muito doentes nas almas.

as vezes os revezes os despertam
e as lágrimas salgadas lavam o que lhes cegam
vislumbram a verdade, suas essências
ficam empolgados e prometem
a transformação do mundo!
e realmente tentam, mudar os outros
intimamente continuam...os mesmos...mendigos de antes!

.Fátima



VIDA DURA

Devora com ganância o alimento encontrado
Que a muito, já fedia!
Cheio de mofo e estragado!

Mas, sua barriga está vazia...
Forçado a comer, é um coitado!
Talvez, seja essa, a única refeição do dia!

Lamenta o dia inteiro
A ausência da sua sorte
É um miserável verdadeiro

O seu corpo já não é forte
Não tem comida, lar ou dinheiro
Vive à espera da própria morte

Não há alegrias na sua vida
Só há sonhos sem esperanças
As suas roupas são tão fedidas

São adultos e são crianças
As suas preces "não são atendidas"
São alvos de sórdidas matanças

Só conhecem a liberdade
Das suas loucas aventuras
A sociedade dá-lhes à maldade

As drogas dão-lhes à loucura
Ainda que distante, sonha em verdade...
De sair dessa tortura.

Poeta Urbano


Nada adianta


Arrancar cacos de escombros
Só faz aumentar a ferida

Fingir ser zumbi
E não sentir
É só questão
De prazer

Não lembro
Aonde o silêncio
Agarrou minha vida!?

Clayton Pires


VISITA INESPERADA

Creia-me... Eu não sou triste!
Apenas, me deixei ser visitada
Por um sopro que não existe...
Mas suga almas abandonadas!

Ele apaga cruel, meu sorriso,
Faz-me abrigo e sua morada,
Tira-me o ar que eu preciso,
Diz que viver não vale nada!

Minha alma fica então, assim,
Tão ilogicamente amargurada,
Que se esvai e some de mim...

E nem entende o meu desgosto!
Queria minha alegria resgatada
E o riso de volta ao meu rosto!

Telma Moreira


ARCO E FLECHA

Há um quarto de século foi lançado,
Pelas mãos da vida, em definitivo,
Mas já lhe havia um destino certo
Traçado, rumo ao seu, o escolhido...

Desde então, voa livre e ao vento,
Por céus e mares, vias do infinito,
Entre a aventura e o compromisso,
A competência e o dever cumprido,

Leve, rápido, tão distante ou perto,
Através do tempo (ainda seu aliado)
E, sob o portal da noite, reluzente,
Deixa um rastro de brilho no trajeto...

Nessa rota, não há dúvida aparente,
Busca firme e seguro seu contento
E o arco, pelo qual foi arremessado,
Segue-o distante, de amor repleto!

Telma Moreira


ESTRELA-GUIA

Arrebanhei estrelas
Em uma só constelação
Mas nem todas elas
Juntas, conseguiram
A mesma luz do teu coração...

Janete do Carmo

INERENTE

Por trás do poema
Enxerguei um vazio
Como se as letras
Estivessem suspensas

Não vi nenhum fio
Comandando as palavras
Como marionetes
Encenando num pequeno palco

Dançavam a triste tragédia
Choravam a alegria bendita
Os versos assumiam seus personagens
Antagônicos no dia a dia

Como se fosse uma transparência
Exposta numa galeria de arte
Mostrava o íntimo do poeta
Com a travessura de um brinquedo

Os olhos, por fim, fizeram contato
Com o material utilizado
Onde o poema foi depositado

Ele era só sentimento...

Janete do Carmo

ECOS

Manter distância do burburinho,
E se o salão fervilhar de gente
Buscar a calma que se espalha no alpendre.

Não escapar da vida, nem lhe renegar
Viver por outra forma, o bem viver
Em meio a todos, mas, dignando-se diferente.

Ouvir além do que lhe dizem as palavras
Apurar o ouvido apurar os olhos do espírito
Para ler as lendas comuns os mistérios e os segredos
Traduzindo com beleza, singeleza e graça para o mundo.

Sem esconder do vulgo o que é de difícil entendimento
E ter a humildade equivalente à do sábio professor
Que carregando um baú de casos, escolhe com ternura
O que serve para o seu aluno, o seu pupilo, e o seu criado.

Fátima

DESTROÇOS

Dos dejetos alheios o farto banquete
Bicho voraz é um bucho vazio!
Múltiplas escolhas! Qual fede menos?
Assim vivem tantos. Primitivo Brasil!

Planou sobre a crise sentida no “mundo”
Enquanto a crise interna turva a aurora
Alguns se alimentam da indústria da fome
E a outros, a fome transforma e devora

Temem os pobres seu bicho do estômago,
Ao passo que os ricos, temem os famintos
Tempo nefasto! Culpada é Brasília!
Destroços, prisões e labirintos...

Tantos movimentos sociais são lançados
E muitos aguardam suas boas ações!
Embanhados de verbas daqui e de lá...
Enchem o inferno de boas intenções!

Mas, um dia há de findar essa ganância
Que torna a sociedade a pior das selvas!
Pra contornar, é estudar e estudar
Morreu, acabou! Nada se leva!

Poeta Urbano


Sob o olhar da poeta atrás do espelho

fitava-me a poeta
aquela que vivia atrás do espelho
tinha ela o semblante vermelho
ruborizava?
enfurecia?
eu não sabia

julgava-me o reflexo
naquela atitude mesquinha
queria ela, sozinha,
apequenar-me?
apoquentar-me?
eu não sabia

acenava-lhe com os olhos
pr'aquela pose desvanecer-se
ou mesmo liquefazer-se
em luz
em pó
eu não sabia

divagava-me sob o olhar
daquela atriz absurda e muda
até mesmo algo sisuda
estranha
medonha
era eu?

eu não sabia!

Anorkinda

O amor do parnaso

Jorra em lamentos oh! Belo escritor
Declamam amadas... A escrita dele
A flor do Lácio, a língua do autor
Que o parnaso escreve a ti solene

Segue na linha a métrica perfeita
Foste tu a única eleita do meu ser
O amor perdido nas Arias... Feita!
Desse soneto que o poeta diz ter

Aqui me despeço, sorvo a saudade
Da musa que inspira bela afeição
Versos perdido, nostalgia maldade

Exala lembrança no meu coração
Da parte que ama saber a verdade
Que o pobre poeta, ama a solidão!

André Fernandes

Duas polaridades

Mesmo que tudo esteja perfeito,
o corpo responda do certo jeito...
Mesmo que entre você e eu,
o amor seja o santo caduceu...

Mesmo que sejamos maestros
em nossa sinfonia de carícias...
Mesmo que estejamos destros
em deliciosas e novas malícias...

Ainda assim a criatura está só
em suas íntimas percepções
e suas próprias concepções...

Ainda que a paixão dê um nó,
seguimos particularidades
satisfeitas em polaridades

Anorkinda

...pena que eu ainda seja tão febril
desaponto mais que encontro
e meu caminhar é incerto tanto
e mesmo assim eu tão desordenada
sua amizade me acompanha
nas curvas desajeitadas que faço.

queria ser mais intensa e menos ao avesso
ser mais ao gosto do mundo
tento eu tento, e cai de mim toda vez
mas eu garanto que quando abro os olhos
vou procurar os seus olhos
pois eles sempre lançam um sinal
num piscar, num reflexo ou em versos tais

que me empurra para frente e para cima
e me junto aos outros...os melhores
como aqui, nesse recanto vibrante
eu tão sem qualidades, junto dos maiorias.

Fátima!

A alma


A alma é feita de leve brisa
que pelo infinito desliza.
Não contenta-se com o chão
voa através da imensidão..


Vai nas asas do pensamento
dança..sonha no firmamento.
A alma é feita de leve brisa
que pelo infinito desliza...


A alma não quer apenas ficar
sonhando com o céu em vão
quer nas estrelas sonhar.
Ser livre é tudo que precisa
A alma é feita de leve brisa...

tere&tere


O beija-flor

Certa vez um tronco de árvore já muito velho, espinhento e feio surpreendeu-se florescendo, após longos anos revestindo-se apenas com espinhos.
Mas após muitos anos, uma corajosa florzinha se formou e se mostrou numa singela tentativa descompromissada de conseguir um pouco de alegria por quanto tempo durasse.
Um também singelo, mas ainda assim, bonito beija-flor, ao se aproximar encontrou perfume naquela florzinha e a encorajou e a fortaleceu e a alimentou com toda a essência de seu coração porque queria vê-la crescer e se tornar bonita e exalar um perfume muito doce para que ele pudesse se embriagar.
E a flor correspondendo as suas expectativas cresceu, cresceu muito e tornou-se maravilhosa e com um perfume tão simples, mas que por ser tão exótico tornou-se muito especial.
A flor não apenas cresceu, mas também se multiplicou, bastante e logo todo aquele tronco seboso, espinhento estava mudado! Estava todo florido, belo, parecia uma estátua dos Deuses do Olimpo! O beija-flor satisfazia-se todos os dias ao se aproximar da sua flor. Mas a necessidade se tornava cada vez maior e tanto o beija-flor quanto a flor sentiam cada vez mais a vontade de permanecerem juntos. Já quase não se largavam, só em situações extremas.
Até que um dia o beija-flor embriagou-se tanto naquela fonte de amor e perfume que ficou preso nos espinhos e depois de algum tempo morreu! Logo em seguida a flor também morreu seguindo o seu bem amado e bem-feitor.
Os dois não existem mais, mas aquele velho tronco feio, por quanto tempo continuasse saudável, ostentaria sempre todas aquelas belas flores, todo aquele suave perfume exótico.

Moisés


AMÉLIA DE MORAIS

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